postado em 25/02/2010 07:00
A nova geração do DEM foi buscar num dos mais experientes representantes do partido, que passou por PFL, PDS e Arena, a solução para seus problemas no Distrito Federal. O nome do senador Marco Maciel (DEM-PE) como comandante da reestruturação da legenda no DF foi anunciado pelo presidente do DEM, Rodrigo Maia, logo no início da reunião da comissão Executiva Nacional, assim que o presidente do diretório regional, Osório Adriano, avisou da autodissolução do colegiado local.
A escolha de Maciel foi ideia de outro antigo estrategista do DEM, o ex-senador Jorge Bornhausen, que, em 2006, idealizou a chapa pura para concorrer ao GDF, com José Roberto Arruda na cabeça e Paulo Octávio no papel de vice. A ideia de Bornhausen à época foi levar o partido à vitória. Agora, porém, tenta evitar maiores estragos e conquistar algum espaço na eleição deste ano.
A cúpula do DEM acredita que, na situação atual, qualquer nome do DF que fosse colocado na função estaria na linha de tiro. Adelmir Santana, por exemplo, seria carimbado como ligado a Paulo Octávio. Alberto Fraga, como arrudista. Maciel, aos 69 anos, sendo 43 de mandatos eletivos, entre eles a vice-presidência da República, está livre desses rótulos.
Maciel virou candidato a vice-presidente em 1994, quando a primeira opção do então PFL, Luiz Eduardo Magalhães, foi vetada pelos tucanos, e, a segunda, o senador Guilherme Palmeira, foi guilhotinado por suspeitas levantadas em Alagoas. O PFL optou por Maciel, considerado inatacável, um senador que não misturava política com negócios. Com o passar do tempo, Fernando Henrique Cardoso passou a admirá-lo porque Maciel agia sem ser notado pelos jornalistas nem pelos políticos.
Essas duas qualidades ; o fato de não misturar política e negócios e a forma silenciosa como age ; foram cruciais para Maciel ganhar a missão de recriar o partido esfacelado pela Operação Caixa de Pandora. Ainda na reunião da comissão executiva ontem, foi econômico nas palavras e tão logo terminou o encontro desceu para seu gabinete para uma conversa fechada com Jorge Bornhausen. Osório Adriano já colocou tudo à disposição de Maciel. E ontem explicou por que pediu a autodissolução do diretório: ;O partido é formado por gente honesta, honrada. Foi o que eu sempre fiz nos últimos 15 anos. Eu pedi antes que outros fizessem;.
Se ele não adotasse essa medida, o senador Demóstenes Torres tinha tudo pronto para encaminhar um pedido nessa direção. Ontem, Demóstenes foi muito cordato quando o secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga, pediu uns dias para deixar o cargo no governo. O presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, considera a crise encerrada na legenda: ;Agora teremos que reconstruir. Vai levar tempo, mas está em boas mãos;.
Terracap
A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) tem um novo presidente. O arquiteto Dalmo Alexandre Costa, antigo diretor de Comercialização da empresa, assumiu o cargo ontem. Antônio Gomes deixou o posto para não ser expulso do DEM, depois da ameaça do partido contra os filiados que não abandonassem o GDF.
Três perguntas // Marco Maciel
Como podemos classificar essa sua missão? É uma intervenção?
É uma reestruturação do diretório do DEM no Distrito Federal. Minha primeira tarefa vai ser ouvir, fazer avaliação, para que possamos, em tempo hábil, constituir um novo diretório e estejamos habilitados à disputa das eleições.
O senhor pretende encontrar essa solução antes de junho, que é a data das convenções?
O ideal será termos esse diretório até lá. Temos condições de terminar antes de entrar no mês de julho. Se não tivermos com o diretório definitivo, estaremos com um constituído e habilitado a lançar candidatos.
Ainda existe possibilidade de o DEM do DF lançar candidato a governador?
Um partido político tem por objetivo disputar eleições, inclusive majoritárias. Espero que seja possível. As conversas vão levar à criação de um diretório representativo de Brasília. Obviamente há pessoas que pediram desligamento, mas o objetivo é ter uma média do pensamento do partido.