Cidades

Morto ao defender o filho

Bandidos invadem casa em Samambaia Norte e rendem três pessoas. Morador começa a lutar com criminoso e pai do rapaz, ao tentar protegê-lo, leva dois tiros e morre no local

Luiz Calcagno
postado em 27/02/2010 08:51
Uma tentativa de assalto a uma residência na QR 427, em Samambaia Norte, transformou-se em latrocínio (roubo com morte) quando um morador reagiu e lutou contra um dos assaltantes. O crime aconteceu no Conjunto 4, Lote 18, às 21h30 de quinta-feira. Três homens invadiram a casa após um dos moradores, Ronildo de Santos Lira, 28 anos, entrar de carro na garagem. Eles estariam escondidos atrás de uma árvore ao lado do portão. Em seguida, o trio anunciou o assalto.

O proprietário da residência, o porteiro João de Sousa Lira, 56 anos, pai de Ronildo, foi atingido com um tiro no tórax e outro nas costas, depois que o filho tentou desarmar um bandido que estava com um revólver calibre .38. O Corpo de Bombeiros foi chamado, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Na casa também estavam outro filho de João, Ricardo de Santos Lira, 30, e o sobrinho do porteiro, Jean Cássio Furtado, 26.

Na ação, os marginais trancaram a família no banheiro enquanto faziam um limpa na residência. Eles levavam os pertences para o carro de Ronildo, um Fiat Palio, placa JHW-0416/DF. Os assaltantes estavam armados com o revólver e uma pistola. Dois deles estavam encapuzados. Após recolher tudo o que queriam, o que levava o .38, que não estava de capuz, retornou e abriu a porta do banheiro. Quando já estava na sala, foi atacado.

João, o sobrinho e Ricardo ficaram no banheiro. Na luta contra Ronildo, o assaltante atirou pela primeira vez, mas não acertou o morador. João ouviu o disparo e correu para socorrer o filho. Neste momento, foi atingido pelos outros dois tiros. O bandido também acertou uma coronhada na cabeça de Ronildo. Ao escutar os estampidos, os outros dois ladrões arrancaram com o carro. Mas perderam o controle e invadiram a casa de uma vizinha. Acabaram fugindo a pé, sem levar nada, para um matagal nas proximidades. O terceiro ladrão também desapareceu no mato.

Dor e revolta
Na manhã de ontem, parentes de João se reuniram na casa do porteiro. A reportagem do Correio esteve no local. O clima era de dor e revolta. Jean Cássio concordou em conversar. Questionado sobre o primo que reagiu contra os assaltantes, ele disse que entende a postura, e que não considera que haja responsabilidade de Ronildo na morte do pai. ;Não acho que foi culpa dele. Nessa hora, ninguém pensa. Você vê o ladrão levando o que é seu. A raiva que a gente sente é grande;, afirmou.

A vizinhança também está revoltada. A moradora que teve o portão derrubado, a artesã Raimunda Nonata da Conceição Moreira, 49 anos, reclamou do perigo da região. Segundo ela, este ano já ocorreu outro caso de invasão de residência na QR. ;Nem sempre eu vejo a polícia por aqui. Eles vêm, mas deveriam vir mais vezes;, queixou-se. A aposentada Francisca de Fátima dos Santos, 52, e a dona de casa Sandra Morais Borges, 40, concordam. Elas também reclamam que a ação da polícia, muitas vezes, é lenta.

Investigação
O carro de Ronildo foi periciado. O delegado chefe da 26; Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), Edson Viana, responsável pelo caso, disse que a polícia segue em diligência atrás dos assaltantes. Segundo ele, a suspeita é de sejam moradores de Samambaia. De acordo com o delegado, os três devem responder pelo latrocínio, que tem pena que varia de 20 a 30 anos de reclusão.

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