Cidades

Acidentes domésticos estão entre as principais causas de mortes de crianças em residências

No último domingo, um menino de 1 ano morreu ao engolir pedaços de plástico. Descuido dos responsáveis costuma ser o motivo das tragédias

postado em 02/03/2010 08:37
No último domingo, um menino de 1 ano morreu ao engolir pedaços de plástico. Descuido dos responsáveis costuma ser o motivo das tragédiasAcidentes domésticos são a causa de 77% das 7 mil mortes anuais decorrentes de causas externas (acidentes e violência) de crianças de 0 a 14 anos no país, de acordo com o Ministério da Saúde. Casos de meninos e meninas que perderam a vida em casa não são raros (Ler memória) no Distrito Federal. No domingo último, Vitor Hugo Abreu, 1 ano, morreu depois de engolir pedaços de plástico. Ele chegou a ser levado por familiares ao quartel do Corpo de Bombeiros localizado próximo à Barragem do Rio Descoberto, na BR-070. De lá, a criança seguiu ainda com vida para o Hospital Regional da Ceilândia (HRC), mas não resistiu.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a ingestão de objetos está entre os principais registros de atendimento infantil, ao lado de envenenamentos e quedas que geram traumatismos. São pelo menos 2 mil entradas por ano em hospitais do DF em decorrência desse problema, mas nem todas evoluem para a morte. As queimaduras, no entanto, lideram o ranking de internações. São 72 casos mensais de queimados de 0 a 17 anos somente no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência nesse tipo de atendimento. Desses, por volta de 15 precisam de internação.

Um levantamento do Ministério da Saúde feito em 84 unidades de emergência de 37 cidades, no ano passado ; entre elas os hospitais públicos do DF ;, mostrou que a principal causa das queimaduras são os líquidos e os alimentos quentes. Dos 1.040 atendimentos de emergência por queimaduras em todo o Brasil, a maioria, 285 (27,4%), foi em crianças de 0 a 9 anos. E, dentro dessa faixa etária, 91,6% (261 crianças) das queimaduras ocorreram dentro da residência das vítimas. O estudo faz parte do sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva).

O médico Mário Frattini, chefe do núcleo de queimados do Hran, esclarece que 90% desses casos poderiam ter sido evitados. ;Quase sempre o acidente ocorre por descuido de alguém. Os pais deixam a criança sozinha em casa e ela tenta fazer sua comida ou esquentar. Elas não têm estrutura física nem maturidade para arcar com isso. Adultos devem evitar a entrada de crianças na cozinha e a imperícia na hora de acender churrasqueira, por exemplo;, ensina o médico. ;Mas a melhor dica é sempre ficar de olho;, acrescentou. Frattini ressalta os riscos de se queimar com eletricidade. ;É preciso proteger as tomadas. Todos nós temos agentes de queimadura em casa e o fogo fascina as crianças. Os armários com produtos químicos e de limpeza devem ficar sempre trancados. São algumas dicas que podem ajudar a prevenir;, ensinou.

A professora Fátima, com os três filhos: todas as precauções possíveisPara evitar o pior, a professora Fátima Felippo, 35 anos, mãe de Beatriz, 8 anos, Júlia, 7, e Sérgio, 4, é precavida. ;A gente sempre coloca os produtos de limpeza no alto e os remédios bem guardados. As tomadas ficam sempre tampadas. E como aqui em casa tem piscina, os três fizeram natação. A escada também me preocupava muito. Por isso, o diálogo é importante. Converso com eles e explico os cuidados necessários, até porque é impossível ficar de olho 24 horas. Eles também precisam saber se cuidar;, explicou Fátima.

A falta desse cuidado deixou cicatrizes em Juan, 10 anos. Ele se queimou quando o irmão mais velho, de 15 anos, tentava acender o fogo de uma churrasqueira com álcool. ;O maior jogou álcool achando que a brasa estava apagada, mas ele se enganou. O Juan ficou queimado no rosto e no tórax, com queimaduras de 2; e 3; grau. Depois disso, ele nunca mais passou de ano e sofreu muito, principalmente na escola. Tive que colocá-lo em colégio particular para ver se melhorava. Sofremos muito;, relatou a mãe de Juan, a cabeleireira Devadina Rodrigues, 39 anos.

Memória
Acidentes com crianças


27 de janeiro de 2010
Ana Letícia Morais Barreto, 5 anos, morreu depois de se enforcar em uma rede, em Santa Maria, Quadra 316. Segundo familiares, a menina brincava com uma prima na rede. Elas subiam ali e depois pulavam em um sofá. Durante a brincadeira, Ana Letícia enrolou a rede no pescoço e saltou.

24 de novembro de 2009
Thais Setel Goiabeira, 1 ano e 4 meses, morreu asfixiada, no bairro Imigrantes, em Planaltina de Goiás (GO), distante 52km de Brasília. Ela subiu no sofá da sala enquanto um primo de 6 anos jogava videogame, segurou-se na grade da janela e colocou a cabeça para fora. Porém, o pé de Thais escorregou no forro do móvel e ela ficou presa pelo pescoço.

Alerta
Confira quais são os acidentes mais frequentes em cada faixa etária:

0 a 1 ano
quedas (trocador, cama, colo), asfixia, sufocação, aspiração de corpos estranhos, intoxicações e queimaduras (água quente, cigarro).

2 a 4 anos
quedas, asfixia, sufocação, afogamentos, intoxicações, choques elétricos e traumas.

5 a 9 anos
quedas, atropelamentos, queimaduras, afogamentos, choques elétricos, intoxicações, traumas.

10 a 19 anos
quedas, atropelamentos, afogamentos, choques elétricos, intoxicações, traumas.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação