Cidades

Remédios podem subir 4,5%

Embora o índice oficial de reajuste não tenha sido fixado pela Câmara de Regulação, a previsão do mercado brasiliense é que o percentual fique um pouco abaixo de 4,83%, inflação acumulada nos últimos 12 meses

postado em 06/03/2010 20:03
Para Nominato Teixeira, um novo reajuste é algo Os medicamentos devem chegar mais caros aos balcões das drogarias a partir do próximo dia 31. Para 2010, segundo representantes do mercado do Distrito Federal, a previsão é de que o índice de reajuste fique em 4,5%, abaixo da inflação acumulada nos últimos 12 meses, que ficou em 4,83%, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor poderá ser aplicado aos cerca de 20 mil produtos com preços controlados pelo governo ; estão excluídos da lista apenas fitoterápicos e homeopáticos ;, mas geralmente os empresários optam por não aplicá-lo de forma linear sobre todo o estoque. Este é o mês em que a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), órgão interministerial ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autoriza o reajuste sobre os remédios.

O índice máximo anual de reajuste autorizado pela Cmed é calculado com o uso de uma fórmula matemática composta de diversas variáveis, entre elas a inflação entre fevereiro último e março do ano passado, medida pelo IPCA. ;O valor autorizado pela Cmed é um teto de reajuste. Não pode ser ultrapassado. Mas cada loja administra esse reajuste da maneira que achar melhor;, explica Felipe de Faria, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Distrito Federal (Sincofarma-DF). De acordo com ele, as drogarias podem optar por concentrar o aumento sobre alguns itens e trabalhar com descontos em outros, por exemplo.

Concorrência


O sócio-diretor do Grupo Rosário Distrital, Álvaro Silveira Júnior, tem o mesmo entendimento do presidente do Sincofarma. Ele diz que o aumento de 4,5% será uma média. Alguns produtos poderão subir um pouco mais e outros não sofrerão reajuste. Para ele , a alta dos preços deve atingir de 8 mil a 10 mil medicamentos das prateleiras. Na avaliação do executivo do grupo, que tem 75 farmácias no DF, o mercado de medicamentos em Brasília e região já possui margem de manobra para tornar os preços competitivos apesar do reajuste.

;A concorrência está muito grande, o mercado está muito dinâmico. As maiores redes do país já estão em Brasília. É capaz de, em alguns casos, o reajuste nem ser repassado ao consumidor;, comenta Júnior.


1 - Composição de preço
Além do IPCA, a Cmed leva em consideração fatores como custos e produtividade dos laboratórios para determinar o aumento. Este ano, a fórmula para chegar a um índice de reajuste foi publicada na edição de 24 de janeiro sob a forma de resolução do órgão, que é composto por representantes do Ministério da Saúde, da Justiça, da Fazenda e da Casa Civil.

Saiba mais
Combinação punida

Em outubro do ano passado, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça, condenou a Rede da Economia do DF ; atual Drogaria Família ; pela prática criminosa de combinação de preços. A multa aplicada foi equivalente a cerca de R$ 60 mil. O processo começou em 1997, quando o Ministério Público Federal (MPF) provocou o Cade sobre o assunto.

Consumidor reage mal
Maria Aparecida, com um gasto mensal de R$ 300, pondera que o reajuste deve ter um percentual menor
O coronel reformado do Exército Nominato José Teixeira, 75 anos, gasta todo mês cerca de R$ 200 com medicamentos para cuidar do diabetes e do glaucoma. Ao saber do aumento, ele se revoltou: ;Isso é mafioso. Sabemos que eles sobem os preços ao mesmo tempo, é tudo combinado;. Para Teixeira, as farmácias praticam um cartel em Brasília. ;O problema é que não temos a quem recorrer;, disse.

O aumento previsto vai pesar no bolso da aposentada Maria Aparecida Silva, 67 anos. Ela conta que gasta, em média, R$ 300 por mês com remédios para uso próprio e para as doações que faz a instituições. ;É um absurdo. Se precisam reajustar, que optem por variações menores;, comentou. Para ela, encarecer medicamentos é uma medida delicada. ;Tirando os hipocondríacos (aquele que somatiza sintomas por ter mania de doença), ninguém compra remédio porque gosta;, disse.

O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz reforça que o aumento anual leva o mercado a investir nas promoções para não afastar tanto os clientes. Ele lembra que alguns medicamentos usados no dia a dia não sofrem controle de preços e, por serem reajustados livremente, não devem ficar mais caros. ;O consumidor não deve abrir mão da boa e velha pesquisa. Não é porque o preço é tabelado que ele vai ser igual em todos os lugares;, comenta Braz.

Monopólio

De acordo com ele, o mercado de farmácias está cada vez mais monopolizado por conta das fusões. Pela tangente, surgem as redes de supermercados, que conseguem oferecer descontos competitivos. ;Por menor que venha a ser a concorrência, vale a pena pesquisar;, completa.

A Anvisa, por meio da assessoria de imprensa, disse que não se pronuncia sobre o assunto até a Cmed bater o martelo sobre o índice de reajuste. O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), que representa 120 laboratórios detentores de 80% do mercado brasileiro, também não quis comentar a questão antes do anúncio oficial do órgão regulador.

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