Se o brasiliense esperava ver Shakira, Paul McCartney, Madonna ou outro astro internacional agitando a festa dos 50 anos da capital da República em 21 de abril ; conforme chegou a ser anunciado ;, ficará frustrado. Proclamado como um dos maiores eventos dos últimos anos no Distrito Federal, o cinquentenário de Brasília será bem mais modesto. Ontem, durante a reunião do comitê consultivo que organiza o evento, ficou acertado que as atrações musicais serão Bruno e Marrone, NX Zero e Paralamas do Sucesso, todos assíduos em programações locais. Os Paralamas, por exemplo estiveram aqui em setembro do ano passado, durante o Porão do Rock. Bruno e Marrone também se apresentam com frequência em exposições agropecuárias. Daniela Mercury não foi confirmada, mas existe a possibilidade de ser incluída na lista, assim como o sertanejo Luan Santana.
A crise política no DF, após a Operação Caixa de Pandora, patingiu a festa. O governador afastado e preso José Roberto Arruda previa um orçamento de cerca de R$ 20 milhões e, agora, comenta-se que serão gastos R$ 10 milhões, ou até menos, dependendo de patrocinadores. ;Se conseguirmos captar merchandising, a redução pode ser de até 30%;, estima presidente da Brasiliatur, João Oliveira.
Ele garante que o público estimado em cerca de 1,2 milhão de pessoas não se arrependerá de ir à Esplanada dos Ministérios. Para isso, haverá muitos atrativos. Um dos maiores circos do Brasil, a Universidade do Circo, do ator Marcos Frota, é presença certa. Ele desembarcará na capital em 17 de abril e ficará até o dia 25 do mesmo mês. Ao Correio, por telefone, Marcos Frota disse que pretende não cobrar ingresso das pessoas. ;Estou decidindo como ficará essa questão da entrada, mas minha intenção é fazer algo voltado para o lado social, como, por exemplo, cobrar 1 quilo de alimentos para doações. Não pretendo trabalhar com bilheteria, até para interagir com o momento que a cidade vive, que é histórico. É uma festa de todos os brasileiros e eu tenho muito orgulho de fazer parte dela levando alegria às pessoas;, disse o ator.
O secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho, fez um discurso inflamado, no qual lembrou um pouco da história de Juscelino Kubitschek e lamentou o fato de que justamente o aniversário de 50 anos venha a ser comemorado com Brasília ;mergulhada numa terrível crise.; ;Eu estou muito triste, os brasilienses estão tristes e temos de recuperar a autoestima do nosso povo e de cada um de nós. Crise passa, política passa, mas a cidade fica. No meu modo de ver, a crise de Brasília é também a crise do sucesso;, ressaltou.
No entanto, o secretário garantiu que Brasília merece uma festa bonita e que o governo, apesar de toda a turbulência que atravessa, está trabalhando para isso. ;O projeto já existia bem antes da crise e, em respeito aos brasilienses, vamos fazer uma festa à altura dessa cidade;, destacou.
Segurança
Em qualquer evento de grande porte, uma das maiores preocupações é quanto à segurança pública. Para evitar o que ocorreu na festa dos 49 anos, quando foram registrados um homicídio e 26 agressões sérias, a Secretaria de Segurança anunciou algumas medidas. A mais inusitada é a proibição de pessoas circulando com espetinhos de churrasco na área da festa. ;No ano passado, percebemos que a maioria das vítimas de perfuração foi agredida com esses objetos. O ambulante poderá vender, mas terá que colocar a carne ou o que estiver no espeto no prato, quebrar o palito e jogá-lo fora. É uma medida simples e que traz bons resultados;, comentou o secretário João Monteiro Neto.
Outra ação de combate à violência em 21 de abril será criar postos móveis da Polícia Militar em vários pontos. A área da Esplanada será dividida em quadrantes e cada um deles contará com a presença de policiais, sendo que um militar ficará sobre um elevado, no qual terá a visão privilegiada do que ocorre nas proximidades. A agilidade em atender as ocorrências também foi pensada. Para isso, haverá um corredor exclusivo para o deslocamento de tropas da PM e de bombeiros transportando pessoas feridas.
A área não será cercada, mas, através de uma estratégia de distribuição de policiais, o secretário de segurança pretende canalizar a entrada da multidão em seis ou sete pontos. Em cada um deles, os frequentadores serão submetidos a revista com detectores de metais. ;Num espaço tão amplo, não conseguiremos revistar todo mundo, mas uma pessoa carregando bolsas, mochilas ou um elemento que identifiquemos como suspeito, com certeza passará por uma revista rigorosa;, avisou João Monteiro.
Crítica
O projeto da festa dos 50 anos não agradou a todos. A professora Cosete Ramos, integrante do comitê consultivo, criticou a ;falta de história; no aniversário. ;É uma festa de 50 anos de Brasília, na qual ninguém cita o JK, a dona Sarah, os feitos de Brasília. Estamos organizando essa festa esquecendo o passado. Temos que resgatar a história dessa cidade e isso não está ocorrendo;, afirmou. Ana Cristina Kubitschek, mulher do ex-governador em exercício Paulo Octávio, concorda com Cosete. Para ela, a festa poderia ter mais encantos se sua história fosse mais explorada. ;Realmente está faltando um pouco das coisas de Brasília;.
Principais atrações (Prévia)