Cidades

"Polícia não consegue prevenir nem investigar desaparecimentos em Luziânia", diz ouvidor

postado em 10/03/2010 18:10

A falta de resultados nas investigações dos desaparecimentos de jovens em Luziânia foi alvo de críticas do ouvidor nacional da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Fermino Fecchio, nesta quarta-feira (10/3). Para ele, a polícia goiana "não está conseguindo prevenir nem investigar" os sumiços, considerados por ele como "gravíssimos".

Fecchio lamentou o fato de, até hoje, não haver nada de concreto e disse que a polícia é obrigada a dar respostas à população. "Todos os dias, as mães dos desaparecidos me procuram na ouvidoria em busca de notícias. Infelizmente, não há nenhuma". Ele destacou que os familiares têm razão de exigir providência do poder público. "O Estado é obrigado a prestar esse trabalho", enfatizou.

Quanto aos retratos falados, segundo o ouvidor, a própria polícia disse que a contribuição do instrumento é muito relativa, já que a imagem é feita a partir dos depoimentos de testemunhas, que foram colhidos muitos dias após os incidentes. Na semana passada, policiais divulgaram o desenho do rosto de um possível suspeito, e informaram que outros cinco retratos já teriam sido confeccionados.

Choque

O ouvidor também bateu duramente na falta de ações para prevenir esse tipo de caso. "Andei por Luziânia e não vi nenhuma ação contra desaparecimentos por lá", disse. Mas o que realmente o deixou "chocado" foi uma conversa que teve com o delegado da cidade, Rosiwaldo Linhares.

"Ele (Linhares) falou que é muito comum os sumiços na região e citou vários ocorridos em 2009. Isso não é algo comum, é indício de crime. E se é um fato comum, por que não foram tomadas medidas preventivas?", questionou.

As declarações foram dadas por Fermino Fecchio após a participação em uma audiência pública, na manhã desta quarta-feira, na Assembléia Legislativa do Goiás, em Goiânia. O debate tratou sobre os índices de violência e homicídios no estado. Durante o evento, o ouvidor voltou a destacar a demora em aceitar ajuda da Polícia Federal no caso pode ter comprometido as investigações.

Os sumiços em Luziânia começaram em 30 de dezembro, quando Diego Alves Rodrigues, 13 anos, não retornou para casa. Diego saíra de casa, no Parque Estrela Dalva 4, para ir a uma oficina de carros. Nunca mais foi visto. Na sequência, Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16 anos; George Rabelo dos Santos, 17; Flávio Augusto dos Santos, 14; Divino Luiz da Silva, 16; e Márcio Luiz de Sousa Lopes, 19, sumiram.

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