Cidades

Cristovam admite possibilidade de concorrer ao Palácio do Buriti caso Roriz seja candidato

A reunião dos líderes dos sete partidos políticos ocorreu na sede regional do PRB, em uma mansão no Lago Sul: busca por candidaturas únicas

postado em 11/03/2010 07:32
O senador Cristovam Buarque (PDT) admitiu ontem, pela primeira vez, a possibilidade de concorrer ao cargo de governador do Distrito Federal nas próximas eleições. O anúncio ocorreu durante a segunda reunião dos líderes de sete partidos políticos que pretendem formar uma chapa única para o Palácio do Buriti, Câmara Legislativa, Senado e Câmara dos Deputados. No encontro, em uma mansão no Lago Sul onde funciona o diretório regional do PRB, Cristovam afirmou que o principal cenário para favorecer a sua candidatura seria a presença de Joaquim Roriz entre os oponentes. A coligação dos sete partidos é declaradamente uma união de forças contra a volta do ex-governador Roriz ao poder.

Caso a unidade almejada pela chapa não seja alcançada, o nome de Cristovam sai ainda mais fortalecido. ;Se as forças de esquerda não se unirem e chegarem a apenas um candidato, terei de disputar. Se Roriz se candidatar, creio que deveríamos usar o meu nome. Não quero interromper meu trabalho no Senado, mas não vou virar as costas para Brasília em um momento como este;, justificou o senador. ;Por outro lado, penso que Brasília precisa de renovação. Acredito que seria melhor encontrarmos um novo nome;, completou.

O consenso entre os partidos, porém, parece estar longe de ser alcançado. O PCdoB vai lançar a pré-candidatura do advogado Messias de Souza ao Buriti, na sexta-feira. Messias atuou como secretário na gestão de Cristovam e trabalha no Ministério da Fazenda. ;Enquanto não chegarmos a uma conclusão, cada um vai apresentar as opções que tem;, explicou o presidente do PCdoB, Augusto Madeira. Os nomes de Rodrigo Rollemberg (PSB), José Reguffe (PDT) e Ezequiel Nascimento (PDT) também foram citados durante o encontro como possíveis tentativas de sucessores de Arruda. A composição da chapa deve ser definida até junho.

No encontro de ontem, participaram também os presidentes do PSB, PMDB, PV, PPS e PRB. Os partidos estabeleceram metas para socorrer o Distrito Federal na atual crise política (veja quadro ao lado). Entre as propostas, está o envio de uma ação direta de insconstitucionalidade (Adin) ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Lei Orgânica do DF. A ideia é seguir a Constituição e convocar eleição indireta, na qual a Câmara Legislativa elege um novo governador, em caso de renúncia ou impeachment de José Roberto Arruda (sem partido). ;No texto, vamos pedir que não seja alguém da Câmara Legislativa, mas sim uma pessoa com perfil de interventor;, disse Cristovam Buarque.

Pdot
Os políticos querem levar à Câmara Legislativa a proposta de realização de novas auditorias nas contas do GDF, de anulação do Plano Diretor de Ordenamento Territorial Urbano (Pdot) e de reavaliação da construção do Noroeste. O grupo também quer a garantia de que Wilson Lima não será candidato nas eleições de 2010. ;O último ponto é importante para garantir a isenção e o comprometimento com a sociedade e não com uma campanha, no governo de Wilson Lima;, explicou Buarque.

A primeira reunião do grupo ocorreu em 2 de março. A coligação recebeu críticas porque dois integrantes da frente, o PMDB e o PPS, estão diretamente ligados às denúncias de corrupção investigadas pela Polícia Federal, na Operação Caixa de Pandora. O ex-secretário de saúde do DF e deputado federal Augusto Carvalho e seu adjunto, Fernando Antunes, ambos do PPS, estão citados no inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além de três distritais do PMDB: Eurides Brito, Rôney Nemer e Benício Tavares. ;O que importa agora é consolidar um grupo de expressão, nomes de grande valor para trabalhar por Brasília;, concluiu o presidente do PMDB-DF, deputado federal Tadeu Filipelli.

A reunião dos líderes dos sete partidos políticos ocorreu na sede regional do PRB, em uma mansão no Lago Sul: busca por candidaturas únicas; Memória
Disputa acirrada

A briga política entre Cristovam Buarque e Joaquim Roriz é antiga. Em 1998, quando o então petista era governador e candidato à reeleição, os dois travaram uma emocionante disputa eleitoral. Roriz saiu vencedor e pela terceira vez esteve à frente do governo: tinha sido governador nomeado entre 1988 e 1991, e eleito para o mandato de 1991 a 1994. Durante a campanha, os candidatos trocaram farpas. A primeira discussão em público ocorreu em um debate transmitido pela TV Brasília e organizado pelo Correio Braziliense. Cristovam acusou Roriz de ser assistencialista ao prometer não cobrar nada pelos lotes do governo doados a famílias pobres.

Outro ponto de intenso debate entre os dois ocorreu quando Cristovam perguntou a Roriz como ele conseguiria dinheiro para construir uma estação de tratamento de esgoto em Santa Maria, um dos assentamentos criados por ele. Roriz respondeu que pediria ajuda ao governo federal. A pergunta era uma armadilha. Buarque rebateu em seguida dizendo que essa obra já havia sido inaugurada e que seria difícil convencer o governo a liberar verba para uma edificação já concluída. Na mesma ocasião, Roriz acusou Cristovam de mentir sobre dados relacionados ao aumento de vagas de emprego no DF durante sua gestão. A troca de ofensas permaneceu durante toda a campanha. Nas urnas, Roriz saiu vencedor com uma diferença de 36,2 mil votos.

; Os oito ;As;
Confira as propostas do grupo que serão enviadas à Câmara Legislativa para discussão com a comunidade:

# Auditorias: refazer as avaliações nas contas do GDF;
# Avalição dos serviços prestados à população;
# Abertura e transparência das contas futuras;
# Anulação do PDOT;
# Atualização social e ecológica do Noroeste;
# Adoção de um conselho comunitário para opinar nas ações do Câmara Legislativa;
# Apuração dos responsáveis pela crise política;
# Abdicação de Wilson Lima de candidatura nas próximas eleições.

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