postado em 16/03/2010 08:55
A angústia de notícia sobre o filho desaparecido há mais de dois meses pode estar perto do fim para uma das mães dos seis jovens que sumiram de um mesmo bairro de Luziânia. Sirlene Gomes de Jesus, 42 anos, mãe de George Rabelo dos Santos, 17, que desapareceu em 10 de janeiro, afirma que uma testemunha bem próxima de sua família tem informações importantes sobre o possível paradeiro do adolescente. George foi visto pela última vez em 10 janeiro no Parque Estrela Dalva 4. Antes dele, outros dois rapazes também tiveram o destino até agora desconhecido. O número de vítimas aumentou para seis em menos de um mês.Mas a tarefa de contar com o depoimento dela para o caso não será nada fácil. A testemunha, cuja identidade é mantida em segredo, está com medo de falar e até se mudou do Parque Estrela Dalva. Seu depoimento pode relacionar ao caso um policial militar do Batalhão de Luziânia, residente no bairro. Isso porque, no último dia de 2009, George e dois outros colegas teriam, segundo a moradora, invadido a casa de parentes do policial para roubar galinhas ; atitude considerada ;brincadeira típica; de adolescentes do lugar no fim do ano. ;Estou com medo, pois ele tem fama de mau aqui no bairro. Estou com medo também;, admite Sirlene.
Sirlene e Sônia Vieira Azevedo Lima, 45 anos, mãe de Paulo Victor de Azevedo Lima, 16, desaparecido desde 4 de janeiro, estiveram reunidas com o promotor Ricardo Rangel ontem. Elas pediram a ele que incluíssem a depoente no Programa de Proteção a Testemunhas do governo federal. As mães acreditam que, ao se sentir protegida, pode ser que ela acabe colaborando com as investigações. ;Ela sabe o que aconteceu com meu filho. Tanto que um dia chegou a falar que o George está morto;, afirma Sirlene. Ricardo Rangel, promotor de Justiça de Luziânia, deve atender ao pedido delas hoje. Alegando que o vazamento de informações pode atrapalhar nas investigações policiais, porém, o promotor não adiantou detalhes sobre o assunto. O Correio procurou a Polícia Militar local, mas o comandante do 5; Comando Regional de Luziânia, coronel Mauro Teixeira Cândido, não estava no quartel e também não retornou as ligações.
Detetives
Antes de se dirigirem ao Ministério Público de Luziânia, as mães receberam a estranha visita de quatro homens que se identificaram como membros de uma associação de policiais aposentados que ajudam a encontrar crianças e jovens desaparecidos. Desconfiadas, chamaram a polícia. Uma equipe de quatro agentes da Polícia Civil foi à casa de Sônia e conversou com os supostos detetives, que trabalhariam para uma associação em Brasília. A sede da entidade ficaria no Setor Comercial Sul, segundo eles.
O episódio também deixou irritado o promotor Rangel. ;Somente as polícias Civil e Federal estão autorizadas a investigar o desaparecimento dos seis jovens;, sentenciou. Rangel irá pedir os dados pessoais dos quatro homens. A precaução tem antecedentes: a família de Paulo Victor foi vítima do assédio de uma mulher baiana de 39 anos, que exigia R$ 600 para passar informações sobre o rapaz. Ela, no entanto, acabou presa.