Ana Maria Campos
postado em 18/03/2010 08:23
Colaborador das investigações da Operação Caixa de Pandora, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa esteve mais uma vez no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), na semana passada, para ajudar os promotores do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) a desvendar códigos usados em documentos apreendidos nas ações de busca. Ao analisar papéis apreendidos na casa do conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) Domingos Lamoglia, um dos principais aliados do governador cassado e preso José Roberto Arruda (sem partido), Durval identificou uma suposta contabilidade de propinas registrada no papel.Durval verificou nas anotações as iniciais OE, RP, MR, SF e LD que seriam usadas de forma invertida para registrar receitas, despesas e saldos de dinheiro atribuídos a Eustáquio Oliveira, Paulo Roxo, Renato Malcotti, Fábio Simão e Domingos Lamoglia. De acordo com o depoimento, as siglas foram colocadas de forma inversa para dificultar a identificação do que Durval chamou de ;grandes captadores de recursos ilícitos do governador Arruda;. Os números seriam referentes a cifras arrecadadas de forma ilícita. O documento foi incluído na ação civil pública, com pedido de tutela antecipada, protocolada na 7; Vara de Fazenda Pública, em que o Ministério Público requer a decretação da suspeição de 26 políticos, entre deputados distritais e suplentes.
A intenção do MP é impedir a participação deles na votação dos pedidos de autorização da Câmara Legislativa para processar Arruda no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A anotação foi anexada à ação como forma de comprovar que outras listas em que estão citados nomes de parlamentares e candidatos nas últimas eleições também se referiam a dinheiro. A ação do Ministério Público, divulgada ontem pelo Correio, repercutiu no plenário da Câmara Legislativa. O deputado Milton Barbosa (PSDB) foi o primeiro a subir na tribuna para se defender e explicar que a anotação ;- 12.000; era referente ao salário de um secretário executivo que indicou para a estrutura da Casa. ;Vou ao juiz explicar como foi feita essa lista. O juiz não sabe que todo deputado tem cargos na estrutura da Casa?;, indagou Barbosa.
Ele admitiu que é o distrital que mais tem cargos na Casa e desafiou o presidente Cabo Patrício a divulgar a situação dos outros distritais na internet nos próximos 10 dias. ;Não é correto esconder a caixa-preta. Se ele não colocar (as informações), vou divulgar;, ameaçou Barbosa. O deputado explicou que a lista a qual o MP teve acesso foi preparada por Gustavo Marques, então secretário-geral da Mesa Diretora da Câmara na gestão do ex-presidente Leonardo Prudente (sem partido). O próprio ontem entregou uma declaração que confirmava o trabalho feito à época ;visando recompor e equilibrar a distribuição de cargos entre os parlamentares da atual legislatura;. A referência a Eurides Brito (PMDB) seria pelo mesmo motivo. Raimundo Ribeiro (PSDB) também reclamou do MP. ;Não posso admitir que o Ministério Público recolha uma lista com alguns rabiscos, com iniciais de alguém, e utilize isso como se fosse um indício de prova contra distritais;, destacou ele.
O número
26
Quantidade de distritais e suplentes considerados sob suspeição pelo Ministério Público do Distrito Federal