postado em 18/03/2010 08:51
São 35 meninas lindas. Esnobam a estatura mediana da população incluindo saltos impossíveis à já privilegiada altura, que nunca é menor que 1,70m. Algumas são novíssimas, 13, 14 anos. Outras, as ;experientes;, têm 18. Sob a mais velha recai o peso de 22 anos de vida. Se corte de cabelo, tipo de beleza, milhagem acumulada e comprimento das pernas variam, o seleto grupo tem uma coisa em comum: elas são todas modelos brasilienses e hoje à noite darão vida às criações da consagrada grife italiana Missoni, que fecha o primeiro dia de desfiles da 8; edição do Capital Fashion Week (CFW). É a estreia da marca em passarelas brasileiras e a expectativa da organização do Capital é que a apresentação da Missoni (1) seja um divisor de águas para a indústria da moda em Brasília.Para chegar às 35 escolhidas, mais de mil modelos passaram pelas vistas da equipe de produção da Missoni enviada ao Brasil especialmente para o evento. A preferência ; exclusividade, nesse caso ; por brasilienses encontra justificativa na proposta de Márcia Lima, diretora do CFW: ;Queremos valorizar a moda de Brasília e, consequentemente, dar oportunidade às meninas daqui de mostrarem que dão conta do recado;.
A decisão agradou, e muito, às beldades candangas. ;Sempre chamam meninas de outros estados para os desfiles de Brasília. O Capital dá valor às modelos daqui;, acredita Camila Nassau, 20 anos e incríveis 1,80m. Camila é apenas uma voz do coro que reclama da mesma coisa. ;Em um evento recente, preferiram chamar pessoas sem experiência de São Paulo a contratar as modelos daqui;, confirma Raiane Madeira, 17. ;O pessoal da Missoni adorou as meninas. Eles disseram, inclusive, que algumas delas dariam um show em Milão;, revela Márcia Lima.
Entrar na passarela de uma grande marca internacional pesa tanto na ansiedade quanto no currículo das jovens. ;Você entra no evento até mais inspirada;, diz Rachel Elsing, 18 anos. Para Thaynara Vale, 14, e Mariana de Araújo, 13, a noite de hoje significa o debute profissional. ;Pensava que não ia passar no casting. Eu estava muito nervosa. Mas vou fazer o melhor possível;, assegura Mariana. Muitas enxergam outras oportunidades no trabalho com profissionais do calibre da Missoni. ;Entramos em contato com produtores de outros lugares e isso conta muitos pontos;, diz Jordana Timotheo, 22 anos, que, além de modelar, estuda artes plásticas na Universidade de Brasília (UnB). ;É uma experiência a mais na bagagem. Se você chega para um produtor e mostra que teve a competência de estar em um desfile assim, com certeza é uma vantagem;, avalia Ana Rosa Monteiro, 18s, que já recebeu convites para trabalhar no exterior, mas não aceitou por não se achar preparada.
Desafio
Trazer uma grife como a Missoni para participar do CFW sempre foi o sonho de Márcia Lima. ;Eu sempre convidava marcas estrangeiras para vir, mas isso nunca aconteceu porque custa uma verdadeira fortuna;, conta. O caminho encontrado para concretizar a ideia passou pela porta da Embaixada da Itália. A embaixatriz italiana, Antonella La Francesca, gostou da proposta e facilitou o diálogo com o Instituto de Comércio Exterior (ICE) italiano. A aliança entre o CFW, a embaixada italiana e o ICE conseguiu trazer não só a Missoni, mas também a grife masculina Mabro e a renomada alta-costura da Balestra. ;Só o fato de as empresas terem aceitado o convite significa que eles respeitam a moda brasileira e que acreditam no nosso potencial consumidor;, aponta Márcia. Ela acredita que os estilistas da capital podem aprender muito ao ver o modus operandi de casas tão consagradas. ;É um intercâmbio maravilhoso para os nossos profissionais.; Antonella acrescenta que a moda italiana é pouco divulgada no Brasil e que a participação ;é uma oportunidade de apresentar o design da Itália ao público brasileiro;. Os próprios estilistas Vittorio e Ottavio Missoni vão acompanhar o desfile, que traz a coleção de verão apresentada em janeiro na semana de moda de Milão. Eles também vão entregar os prêmios aos novos talentos do Capital.
1 - Marca sólida
A grife Missoni, notória por seu tricô inusitado e combinações ousadas, foi inaugurada por Rosita e Ottavio Missoni em 1953. O casal se conheceu durante as Olimpíadas de 1948, em Londres. Ottavio era atleta da modalidade 400 metros com barreiras e também fabricava uniformes esportivos. Em 1958, a malharia apresentou sua primeira coleção em Milão e, em 1960, seus vestidos começaram a aparecer em revistas de moda. Hoje, além da fabricação de roupas, a Missoni tem uma linha de decoração e, recentemente, enveredou pelo setor hoteleiro. Em 2009, a grife abriu, em São Paulo, a primeira loja no Brasil.