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Submetido a dois exames no coração, Arruda deve ter alta nesta sexta do Instituto de Cardiologia

Ele voltará à Polícia Federal

Renato Alves
postado em 19/03/2010 08:13
Ele voltará à Polícia FederalJosé Roberto Arruda passou a noite fora da Polícia Federal pela primeira vez desde que foi preso, em 11 de fevereiro. Ele foi submetido ontem a dois exames no coração, abalado por uma placa de gordura que obstrui parcialmente uma artéria, e deve ter alta na manhã de hoje. A defesa bem que tentou argumentar que o quadro de saúde de Arruda justificaria sua permanência no hospital. Os advogados deram entrada no Superior Tribunal Justiça a um pedido de prisão hospitalar. A solicitação, porém, foi negada. Com isso, depois de ser liberado pelos médicos, o ex-governador terá de voltar à sala de 16 metros quadrados no Complexo da PF, no Setor Policial Sul. Arruda chegou às 6h50 no Instituto de Cardiologia do DF (IC-DF), localizado no mesmo terreno do Hospital das Forças Armadas (HFA), entre o Sudoeste e o Cruzeiro. O primeiro exame foi um cateterismo, que comprovou a obstrução parcial de uma artéria que, segundo o médico particular do político, o cardiologista Brasil Caiado, estaria comprometendo a saúde de seu paciente. Apesar de recomendar uma série de cuidados para o tratamento da doença, Brasil informou que não há necessidade de o governador cassado ser submetido a procedimento cirúrgico, pelo menos por enquanto. O problema será tratado com medicamentos. Nos próximos 90 dias, Arruda deverá tomar oito comprimidos diariamente, sendo quatro para eliminar a gordura instalada na coronária, dois para controlar a pressão arterial e dois para a depressão. Ele já vinha fazendo o uso de antidepressivos, mas a dose foi aumentada. Depois de três meses, o governador deve ser submetido a outros exames. Comida e exercícios O médico particular do ex-chefe do Executivo também lhe indicou a mudança nos hábitos alimentares e a prática regular de exercícios físicos, como caminhada, bicicleta ou natação. Preso há mais de um mês, ele tem direito a banho de sol por 15 minutos diariamente %u2014 durante esse tempo, em geral, caminha pelo pátio da PF. O cardiologista chegou a afirmar que a recuperação seria mais eficaz se o paciente estivesse em casa. %u201CVários fatores, como hipertensão, diabetes, sedentarismo e estresse, induzem a progressão dessa doença, que é uma das que mais mata no mundo. No ambiente em que ele se encontra hoje (preso na PF), o estresse é maior%u201D, disse Brasil. Além do pedido de prisão hospitalar, feito ontem, a defesa de Arruda protocolou na última terça-feira no Superior Tribunal de Justiça (STJ) um pedido de prisão domiciliar para o ex-governador. A questão ainda não foi julgada. O cateterismo foi realizado pelo médico cardiologista do IC Leonardo Beck e um auxiliar, por volta das 7h. Um médico da PF acompanhou o procedimento, mas não interferiu, assim como Brasil. %u201CFizemos de tudo para garantir a lisura dos procedimentos%u201D, afirmou Brasil. Segundo o cardiologista, Arruda deve receber alta médica hoje pela manhã, mas ele não soube precisar o horário. O repouso após a intervenção é importante para evitar sangramentos no vaso em que o cateter foi introduzido. De acordo com Caiado, ontem, Arruda estava %u201Cmuito abatido%u201D, mas mostrou-se tranquilo quando soube da notícia que seu problema não era tão grave como se imaginava. %u201COntem (quarta-feira) eu o achei muito entristecido. Cheguei a ficar impressionado com o seu estado. Estava profundamente abatido%u201D, relatou. Músculo forte Além do cateterismo, Arruda foi submetido a um ecocardiografia com estresse farmacológico, que consiste em colocar o coração sob estresse por meio de drogas, como se o paciente estivesse praticando exercícios físicos, e analisar os batimentos cardíacos. O objetivo era descobrir se havia necessidade de fazer uma intervenção cirúrgica ou tratamento à base de medicamentos. A segunda opção prevaleceu. No diagnóstico do eco, os médicos concluíram que apesar da obstrução numa das artérias, a contratação dos músculos do coração de Arruda não havia sido prejudicada. Flávia Arruda, mulher do ex-governador, esteve com ele durante o dia e acompanhou a realização dos exames. Ela evitou falar com a imprensa e foi embora no fim da tarde. A pedido do advogado de Arruda, Nélio Machado, Brasil Caiado escreveu um relatório contando em detalhes a situação do paciente. O defensor chegou de táxi ao IC por volta das 14h30, acompanhado de dois homens. Ele evitou a imprensa e disse que sua visita era apenas %u201Cde cortesia%u201D. Mais tarde, anexaria o documento médico à petição entregue à Justiça. Wilson Lima vai ao STF O governador em exercício, Wilson Lima (PR), fez na tarde de ontem uma visita de 15 minutos ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Ele chegou sem dar entrevistas, pouco antes das 16h, e deixou o tribunal por uma saída privativa. Essa é a primeira vez que eles se reuniram desde que Lima assumiu interinamente a chefia do Executivo local. Mendes é o relator do pedido de intervenção federal no DF, feito pela Procuradoria-Geral da República. Caberá ao Supremo autorizar ou não a nomeação de um interventor para Brasília. A assessoria de Wilson Lima nega que o motivo do encontro seja o pedido de intervenção que tramita no STF. O governador em exercício estava acompanhado do procurador-geral do GDF, Marcelo Galvão, e do consultor jurídico Eduardo Roriz. STJ nega pedido Os advogados de defesa de Arruda protocolaram o pedido de prisão hospitalar no fim da tarde de ontem. No documento, solicitaram ao Superior Tribunal e Justiça que o ex-governador permanecesse no Instituto de Cardiologia até o início da próxima semana, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) deverá concluir o parecer sobre outra petição: a prisão domiciliar. Ontem, o ministro Fernando Gonçalves abriu vistas do processo para a PGR. Mas a assessoria não soube informar se o processo já estava em poder do procurador-geral, Roberto Gurgel. Para decidir sobre a prisão hospitalar, o ministro, que é relator do Inquérito nº 650 %u2014 o da Caixa de Pandora, baseou-se no relatório médico entregue pela defesa. Por meio da assessoria de imprensa, o ministro explicou que os cardiologistas não foram explícitos quanto à necessidade de internação de Arruda. Segundo o magistrado, discorreram sobre o estado de saúde do ex-governador, porém, não escreveram que é caso para sair da detenção na PF.

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