postado em 21/03/2010 09:26
Os táxis do Distrito Federal estão ingressando na era da tecnologia. Desde o início do ano passado, empresas do ramo vêm deixando de lado o bom e velho rádio(1) e utilizando transmissão de dados por computador e localização via satélite para coordenar os veículos na rua. De 10 centrais de radiotáxi registradas na Secretaria de Transportes do DF, três estão funcionando com sistemas do tipo. Em suas frotas, a comunicação por rádio ainda coexiste com a feita via computador, mas a tendência é que a primeira desapareça. Outras duas centrais estão testando a inovação e devem colocá-la nas ruas nos próximos meses. Para as empresas, a implantação do sistema significa mais agilidade e alta no faturamento. Para o usuário de táxi, a perspectiva é de que o novo modelo traga maior segurança e rapidez no serviço. Mas uma melhora substancial ainda não chegou ao consumidor.As centrais de radiotáxi brasilienses que aderiram à automação são a Alvorada e a Shalom, ambas do empresário Lincoln Galvão, e a Cooperativa dos Condutores Autônomos de Brasília (Coobras), que congrega motoristas independentes. As centrais Maranata e Brasília Rádio Táxi (BRT) ainda não definiram qual pacote utilizarão. Duas empresas ; uma do DF e outra do Reino Unido, com sede em São Paulo ; desenvolveram soluções e estão à frente na disputa pela preferência das centrais de táxi locais.
A Alvorada, a Shalom e a Coobras usam o sistema Autocab, da empresa inglesa GPC Computer Software Ltda. Cada carro das frotas é equipado com um assistente pessoal digital (PDA, na sigla em inglês), aparelho que tem as funções de um minicomputador. Ele permite a comunicação rápida com a central, sem interferências e erros que podem ocorrer via rádio, e o rastreamento do veículo por meio da tecnologia GPS.
;Isso não somente mostra onde o veículo está, permitindo saber qual carro tem condições de chegar mais rápido ao cliente, como representa um avanço enorme na segurança. Antes, no caso de assalto, existia uma palavra de segurança que o motorista deveria dizer pelo rádio, e a central fornecia a placa dele à polícia, mas não tínhamos como saber a localização. Agora, basta ele apertar um botão de emergência e sabemos onde ele está, com uma margem de erro de cinco metros;, diz Lincoln Galvão. O empresário implantou o sistema Autocab desde dezembro de 2009 nos cerca de 500 veículos que compõem as duas frotas.
Galvão garante que, com o sistema inglês em funcionamento, o ganho diário dos motoristas aumentou de R$ 30 a R$ 40. Ademar de Carvalho, um dos diretores da Coobras, a outra empresa que trabalha com o sistema, admite que no início houve problemas técnicos e dificuldade de adaptação dos taxistas. ;Muitos eram contra, tinham resistência.; Ele garante que quesitos como rapidez e exatidão dos aparelhos melhoraram e que hoje a tecnologia é mais aceita entre os taxistas. Segundo Carvalho, o volume de corridas cresceu 20% desde a inovação.
As centrais de radiotáxi BRT e a Maranata tiveram contato com a Autocab, mas não decidiram qual modelo usarão. No páreo com a empresa inglesa, está a brasiliense Digitrack, que criou um aplicativo que permite o repasse de dados tanto com o uso do PDA, quanto por meio do sinal de celulares comuns, o que tornaria a automação mais barata.
De acordo com o engenheiro de informática Julio de la Guardia, sócio-proprietário da Digitrack, a localização do carro pela central pode ser informada manualmente pelo motorista via celular. A questão também pode ser resolvida com a acoplagem de um aparelho GPS simples ao veículo, o que custaria menos do que a aquisição de PDAs. Julio destaca que sua empresa trabalha no desenvolvimento de um sistema que permita ao brasiliense solicitar táxis via mensagens SMS.
Mais demorado
Para o consultor empresarial Paulo Ilha, que tem ajudado as centrais de táxi de Brasília, com exceção do aumento na segurança, outros incrementos sensíveis de qualidade para os usuários dos serviços de táxis ainda não aconteceram. ;Por enquanto, na prática, o carro está demorando o mesmo tempo ou ainda mais;, afirma.
Segundo Ilha, um problema com o modelo Autocab é a diferença no modelo de transmissão de dados via celular entre Brasil e Europa. Naquele continente, como o número de aparelhos é menor do que o daqui, optou-se por um modelo que prioriza a qualidade dos dados e coloca em segundo plano a questão da velocidade.
1 - Frota sob controle
Todos os táxis do país que operam com rádio, ligado a uma central, precisam estar cadastrados na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Os taxistas não são obrigados a se associar às centrais. A maior parte opta por se associar, porque isso aumenta as chances de trabalhar melhor e com maior segurança. A licença para utilização da frequência de rádio deve ser comprada com Anatel. Em geral, o custo é do taxista. Ainda não existem mecanismos no governo federal para registro da utilização da tecnologia via satélite e sinal de celular nas centrais de táxi. A Secretaria de Transportes do DF garantiu à reportagem, no entanto, que todos os motoristas que utilizam PDA em Brasília estão cadastrados no órgão, com número da licença vinculado a um número de registro para o minicomputador.