postado em 22/03/2010 08:12
A dengue tem preocupado os frequentadores de alguns clubes de Brasília. Além de os espaços ocupados por eles serem muito grandes ; o que dificulta o controle dos focos do agente transmissor da doença (o mosquito Aedes aegypti) ;, muitos desses lugares têm guarda-barcos, que, por armazenarem água, podem contribuir para a proliferação do mosquito. No clube da Asbac (Associação dos Servidores do Banco Central), por exemplo, quatro pessoas podem ter sido contaminadas pelo mosquito nas últimas duas semanas, entre elas três funcionários da náutica, onde ficam as embarcações, e um dono de barco.;Nós, associados, fizemos uma denúncia sexta-feira, depois que ficamos sabendo dos casos e estamos aguardando uma posição do clube sobre as providências. Um amigo, que sempre ficava com a gente aqui na náutica, está internado;, contou o empresário e frequentador da Asbac, Marcus Salerno, 48 anos. Ele não pretende deixar de ir ao clube, mas toma suas próprias medidas de precaução. ;O repelente está sempre ali na lancha. Não pode faltar. Ando com um aqui e um no carro, porque os focos estão em todos os lugares;, revelou o empresário.
Vistorias
Mas a administração do clube garante que está tomando as providências necessárias para combater o mosquito. Segundo o gerente administrativo, Suenilton Azevedo, uma empresa foi contratada para intensificar a eliminação de possíveis focos de larvas. ;Todos os dias, seis funcionários fazem uma vistoria completa. Além disso, às segundas e às quartas-feiras, uma empresa de limpeza faz a dedetização do clube. E o pessoal que trabalha na náutica sempre retira a água acumulada nas lonas;, informou.
Josué Thiago Xavier Câmara, 22 anos, é um dos funcionários responsáveis pela manutenção de lonas e barcos secos. Mesmo assim, foi contaminado pelo mosquito da dengue, segundo ele, no próprio clube. O jovem conta que, depois dos casos de contaminação no local, a atenção foi redobrada. ;A gente sempre teve muito cuidado, mas ficávamos dois ou três dias sem tirar a água da chuva das lonas, agora fazemos isso todos os dias;, disse. Outro problema encontrado no clube são as bromélias, plantas cujas folhas formam uma concha que armazena a água da chuva. A intenção inicial era arrancar as plantas, mas o clube acabou optando por mantê-las, aplicando semanalmente veneno contra o mosquito.
No Minas Tênis Clube, as bromélias estão na entrada do clube. A solução encontrada para eliminar os focos de mosquito foi a colocação de areia em cada folha. Segundo a gerente do Minas, Selma Santos de Oliveira, os associados não têm com o que se preocupar. ;Os funcionários são orientados a sempre ficar de olho em lixeiras, copos plásticos e até nos telhados. Eu também faço uma vistoria todos os dias;, explicou. Segundo ela, todas as embarcações são guardadas em locais cobertos, longe da água das chuvas, e não foram registrados casos de contaminação nas dependências do Minas.
Dedetização
Na marina do clube da APCEF (Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal), as embarcações também ficam em galpões. ;Só ficam de fora as que estão em manutenção. Mas, diariamente, os marinheiros fazem a limpeza desses barcos e retiram a água acumulada nas lonas. Além disso, usamos um larvicida;, informou o dono do guarda-barcos, Ladislau Marques.
O Iate Clube também garante que os frequentadores não precisam se preocupar com a doença em suas dependências. De acordo com a administração do local, durante todo o ano uma empresa faz a dedetização do clube duas vezes por semana. Além disso, o Iate criou a Comissão de Combate à Dengue, em que todos os dias do ano um funcionário de cada setor deve fazer um passeio pelo clube, eliminando qualquer possível foco do mosquito.
De acordo com a Secretaria de Saúde, as medidas adotadas pelos clubes devem ser as mesmas recomendadas para residências e estabelecimentos comerciais. ;Os clubes em atividade não são uma grande preocupação. Eles respeitam toda uma técnica na lavagem das piscinas, com escovação e uso de água clorada. Mas é claro que precisam estar atentos a tudo o que possa se tornar criadouro do mosquito, como marmitas, latas, garrafas, copos plásticos, tudo;, alerta o diretor de Vigilância Ambiental da secretaria, Laurício Monteiro Cruz.
A preocupação com o combate ao mosquito da dengue aumentou este ano com o aumento do número de casos da doença no DF, que já registra a pior epidemia de todos os tempos. De acordo com o último balanço da Secretaria de Saúde, divulgado terça feira, desde janeiro foram registrados 1.956 casos confirmados no DF, o que significa um aumento de 1.503,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Pelo menos duas pessoas morreram por complicações da doença.
Para combater a epidemia, 200 militares foram cedidos pelas Forças Armadas e começaram a trabalhar nas ruas na quinta-feira última. Eles vão complementar o trabalho dos agentes da Vigilância Sanitária, visitando as casas dos moradores para eliminar os possíveis focos de mosquito. Nesta semana, eles visitarão a Estrutural, Ceilândia, Planaltina e São Sebastião. A ideia é retornar às residências que estavam fechadas ou que os moradores não autorizaram a entrada dos agentes.
"Os clubes em atividade não são uma grande preocupação. Eles respeitam toda uma técnica na lavagem das piscinas, com escovação e uso de água clorada"
Laurício Monteiro Cruz, diretor de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do DF
O número
1.956 - Total de casos de dengue registrado no DF em janeiro. Um aumento de 1.503,3% em relação ao mesmo período de 2009