Luiz Calcagno
postado em 23/03/2010 08:28
Comerciantes e moradores da Asa Norte estão com medo. Roubos a comércio, furtos, uso de drogas e até um estupro mudaram a rotina da região neste início de ano. O avanço do crack na região, denunciado pelo Correio em 9 de janeiro do ano passado; passando pelos dois ;homens-aranha; presos no último dia 11 acusados de invadir apartamentos no bairro; e, por fim, o arrastão provocado pelos quatro homens na comercial das Quadras 302/303 Norte na última sexta-feira são exemplos do que a população vem sofrendo.O local onde houve o arrastão é uma área nobre. A residencial da 302, que está quase toda em obras, é a quadra dos deputados federais. A SQN 102 é de militares. Na última sexta-feira, quatro homens chegaram à comercial da 302/303 Norte, trocaram de roupa em uma quadra das proximidades para não serem reconhecidos e realizaram três assaltos: um à lanchonete Giraffas, outro a um supermercado e o terceiro a um caminhão de um fabricante de refrigerantes que realizava entregas no mercado. Os bandidos foram embora a pé.
Um morador da 302 Norte, o segurança Otacílio Meira, 53 anos, aponta a falta de iluminação na parte de trás do comércio como um dos problemas. Ele conta que a esposa foi assaltada na quadra e se queixa da região em reformas, que fica deserta à noite e é ocupada por usuários de drogas. Segundo o comerciante Fernando Bezerra, 60, todos os dias é comum ver policiais militares fazendo rondas em dupla. Ele lembra, no entanto, que na sexta-feira do crime ele não viu nenhum PM. ;Isso causa incerteza para os comerciantes. Por outro lado, o comércio tem que se armar também, com equipamentos de segurança e registrando ocorrências;, afirmou.
Números decrescentes
O comandante do 3; Batalhão da Polícia Militar, coronel Cláudio Armond, disse que, apesar das ocorrências, a região tem registrado uma diminuição no número de crimes. Segundo ele, a quantidade de roubos em comércios na Asa Norte, em fevereiro deste ano, foi de apenas dois, contra oito no mesmo mês de 2009. ;Nós vivemos um decréscimo expressivo. Temos ciência dos roubos da última sexta-feira e estamos agindo. Essa ocorrência da 302/303 foi um fato atípico, mas será investigado e teremos ações para coibir;, garantiu.
A delegada-chefe da 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte), Mônica Ferreira Loureiro, contou que nenhum dos vitimados no assalto de sexta-feira havia registrado ocorrência na DP até a manhã de segunda. Para a delegada, o roubo incomoda, mas as estatísticas não fogem da normalidade. Ela assume que a função da polícia é agir, mas pede que a população participe ativamente, precavendo-se e registrando ocorrências. ;A segurança é um dever do estado, mas é responsabilidade de todos. Estamos tomando as providências sobre o assalto de sexta-feira. Temos filmagens do que aconteceu;, disse.
A diretora comunitária do Conselho de Segurança de Brasília, Maria Alice Caetano, ressaltou a necessidade da participação ativa da população no combate à segurança. ;O que passamos em reuniões com a comunidade é para sempre procurarem a delegacia. Não dá pra dizer que a Asa Norte está mais perigosa que no ano passado. As coisas acontecem, mas todos nós temos que tentar evitar que elas aconteçam;, concluiu.