postado em 23/03/2010 11:01
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defendeu na manhã desta terça-feira (23/3) que o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) permaneça preso. Segundo ele, mesmo Arruda deixando o comando da capital federal ele ainda poderia influir no andamento das investigações relativas à Operação Caixa de Pandora. "No entendimento do MP, ele deveria permanecer preso pois, na verdade, não há alteração substancial das condições. Claro que, afastando-se do governo, poderíamos dizer que cessou a capacidade de influência. Não é verdade, mesmo assim ele continua em condições de tentar influir nas provas. Quem já tentou da forma que tentou corromper testemunha, é capaz de qualquer coisa;, afirmou Gurgel.
O MP pretende ouvir o depoimento do ex-governador nos próximos 10 dias. A providência foi solicitada na noite da última segunda-feira, ao presidente do inquérito do mensalão do DEM de Brasília no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Fernando Gonçalves. A ele cabe a tarefa de autorizar o depoimento e notificar a Polícia Federal para que esta marque a data da oitiva. O prazo passa a ser contado a partir do posicionamento de Gonçalves.
Já com relação à possível transferência de Arruda para o complexo da Papuda, devido à perda das prerrogativas de governador, Gurgel afirmou que esta não é a prioridade do MP. ;Claro que, se consumada a perda do mandato do governador, a prisão deverá ser adequada a sua condição, após ser declarado vago o cargo;, considerou.
Segundo o procurador-geral, é preocupante a realização de eleições indiretas no DF e, por isso, a idéia da intervenção federal deve ser apoiada. ;Na verdade, preocupa muito ao MP a realização da eleição indireta devido a uma alteração feita de última hora na Lei Orgânica. É preciso pensar que o colégio eleitoral que elegerá o novo governador é, em princípio, um colégio em que grande parte dos parlamentares está envolvida no esquema criminoso que domina o DF;, avaliou Gurgel.
O estado de saúde de Arruda, no entanto, não é considerado pelo MP algo que justifique a liberdade do governador cassado. De acordo com Gurgel, o MP se preocupa com as condições de saúde de Arruda mas, até agora, as informações dos laudos médicos não são alarmantes. ;As condições médicas são compatíveis com a idade do governador não havendo, segundo os laudos médicos, nada que justifique qualquer tipo de providência relativa à transferência do local em que ele se encontra preso;, disse.