Cidades

Wilson Lima é o mais forte para assumir governo até dezembro

Isso, caso distritais optem por uma solução caseira. Mas um grupo defende a escolha de um candidato do meio jurídico

postado em 26/03/2010 07:15
Wilson Lima (segundo à esquerda), durante visita aos distritais na última quarta-feira: colegas querem medir o nível de aceitação do governador em exercício antes das eleiçõesO que deixou o governador em exercício, Wilson Lima (PR), à vontade para se lançar candidato às eleições indiretas é a confiança de que seu nome está bem cotado entre a maioria dos colegas da Câmara Legislativa. Se os deputados conseguirem levar a termo a intenção de eleger um distrital, o nome será Wilson Lima. Os integrantes da Câmara avaliam que ele não criará dificuldades para os interesses políticos da Casa, entre os quais a manutenção de cargos vinculados aos deputados na administração pública. Além disso, da turma que defende a escolha de um nome do Legislativo local ; declaradamente 13 ;, a avaliação é de que pegaria mal trocar Wilson por outro colega. Receosos, no entanto, do impacto que a decisão de insistir numa solução caseira terá, o grupo que defende a permanência de um distrital na cadeira de governador já considera apoiar um candidato sem mandato parlamentar.

Wilson Lima não teria revelado a intenção de continuar no cargo não fosse o apoio recebido de seus colegas. Na tarde da última quarta-feira, ele esteve na Câmara e deu início a uma campanha pública para ficar no posto de governador. Wilson Lima tem lapidado sua candidatura com base em duas atitudes: agradar a categorias, concedendo aumentos com percentuais até então improváveis a diferentes setores, e atender a pedidos de deputados, que querem manter funcionários na estrutura do GDF. A combinação lhe renderia uma vitória fácil não fosse o risco de intervenção que assombra os distritais. E é aí que entra um componente alheio à vontade e à caneta do governador em exercício: é a aceitação do governador interino perante a opinião pública, considerada pelos distritais um termômetro para aferir o risco intervenção.

A confrontação entre os prós e os contras em torno do nome de Wilson Lima foi tema de uma reunião na noite de quarta-feira com a presença de 11 deputados (do grupo favorável à eleição de um distrital em abril). Eles se encontraram na casa de Cristiano Araújo (PTB) com a intenção de avaliar a postura de Wilson Lima, que naquele dia havia declarado publicamente a candidatura. O governador em exercício recebeu uma saraivada de críticas dos colegas, que consideraram a atitude precipitada. ;É como numa partida de futebol decisiva em que a bola está nos pés de Lima e ele pode marcar um gol ou perder um pênalti. Ao se expor desnecessariamente, está mais perto de desperdiçar o pênalti do que de fazer o gol;, comparou um dos presentes ao encontro.

Plano B
Uma das alternativas conversadas pelo grupo simpático à eleição de um distrital ; caso aumentem as ressalvas contra Wilson Lima ; é apoiar um candidato do mundo jurídico. A única dificuldade é que alguns nomes pensados ou não têm filiação partidária ou mudaram de legenda em outubro, o que geraria questionamentos. A legislação eleitoral afirma que o candidato precisa estar há um ano filiado ao partido pelo qual concorrerá e as regras para as eleições indiretas publicadas ontem pela Mesa Diretora da Câmara seguirão os parâmetros das resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Sinal de que o projeto Wilson Lima começa a dar sinais de revés é o movimento do PR que se encaminha para uma aliança nacional com o PSC, o que pode repercutir na aproximação com o ex-governador Joaquim Roriz (PSC). Cenário considerado propício à tese de intervenção e que, por isso, é malvisto pelos deputados. ;Não tenho dúvida de que se dependesse apenas da vontade dos distritais, Wilson Lima estaria eleito. Mas a ameaça de intervenção tornou os distritais mais criteriosos;, considera Paulo Tadeu, que lidera a bancada do PT, contrária à escolha de um deputado nas eleições indiretas.

; Memória
Marca própria ao governo

Em 23 de fevereiro, Paulo Octávio renunciou ao cargo de governador, o qual exercia na interinidade e liberou com isso a cadeira para o próximo na linha sucessória, o então presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR). O distrital havia sido eleito com desistência de Leonardo Prudente do comando da Câmara, que renunciou inclusive ao mandato para escapar da cassação e evitar a perda dos direitos políticos.

Lima acabou se tornando a opção para substituir Prudente não pela liderança entre os pares, mas por ser um perfil considerado de fácil trato, o que é tido como uma qualidade numa Casa onde se disputa cada centímetro de poder.

Desde o dia em que seguiu para o Executivo, Lima tem se destacado por comandar uma máquina sem gerar descontentamentos. Concedeu aumento de salário a servidores e tem agradado aos colegas da Câmara, fazendo uma gestão compartilhada. Em entrevista ao Correio, dias antes de se confirmar na chefia do Executivo, o distrital já falava como governador e disse, na ocasião, que não aceitaria ingerência política, queria ;imprimir a própria marca no GDF;. (LT)

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