Luiz Calcagno, Naira Trindade
postado em 27/03/2010 11:48
A greve do metrô acabou. Os trens voltam a circular normalmente a partir de hoje. Em assembleia, às 21h de ontem, na Praça do Relógio de Taguatinga, os metroviários resolveram aceitar a proposta apresentada pelo Governo do Distrito Federal de reajuste salarial de 19,4%, tíquete-alimentação no valor diário de R$ 26,90, (R$ 591 ao mês), auxílio-creche deR$ 150, auxílio-saúde de R$ 146 em julho e R$ 161 em novembro, 180 dias de licença maternidade e abono dos pontos dos dias em greve. Há 11 dias parados, os metroviários lutavam por um reajuste de 120%, mais benefícios. Após negociações, a proposta da categoria caiu para 60% de aumento, mas os valores finais ficaram em duas parcelas de 6,5%, uma para abril e outra para setembro, além da porcentagem variável relativa ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
[SAIBAMAIS]O Sindicato dos metroviários (Sindmetrô) saudou a vitória com cerca de 200 representantes da categoria presentes na assembleia em Taguatinga. ;Além do reajuste e dos benefícios conquistados, ganhamos também em projetos sociais que devem melhorar a qualidade de vida dos profissionais;, acredita a diretora de relações sindicais do Sindmetrô, Marcelle Motta. A novela da paralisação deixou milhares de passageiros a mercê de ônibus lotados durante os 11 dias de greve. Em reunião no Tribunal Regional do Trabalho, o presidente do TRT, Ricardo Alencar Machado, chamou a atenção do Sindmetrô e do Metrô-DF para que não usem o nome do tribunal na mídia como ;manobra de pressão;. O tribunal ainda passou o valor da multa, de R$ 100 mil para R$ 250 mil diários, caso a categoria descumprisse a decisão de colocar 60% dos trens em circulação para atender à população.
Alencar Machado também falou sobre o descumprimento da liminar pelo sindicato. ;Uma decisão judicial é para ser cumprida e recorrida. Me incomodou muito o desrespeito da categoria;, afirmou. Durante a sessão que correu em tom amistoso, o sindicato chegou a abrir mão de reivindicações menores como adicionais de risco de vida, periculosidade e do auxílio-creche. Por outro lado, insistiu na manutenção da gratificação, que foi retirada pelo governo, e pediu mais um reajuste de 6,5% em novembro. O secretário de assuntos jurídicos do Sindmetrô, Carlos Alberto Cassiano, acusa o governo de intransigência. ;Abrimos mão do risco de vida, da periculosidade e do auxílio-creche. É um avanço nas negociações. Fica claro que o GDF não quer fechar acordo;, argumentou.
Se não houvesse uma negociação, o TRT iria julgar o processo em sessão extraordinária. Como a audiência terminou em conciliação, o documento não mais será encaminhado para o Ministério Público do Trabalho. O presidente do TRT alertou que a greve dos metroviários traz prejuízos para toda a sociedade. Ele se colocou à disposição para um acordo, mesmo comunicado por celular, e alertou que, se o tribunal fosse obrigado a julgar o processo, ;as consequências poderiam não ser boas para nenhuma das partes;.