Cidades

Deputados começam a desistir do plano de escolher um colega para assumir o Executivo por meio da eleição indireta

Helena Mader
postado em 28/03/2010 07:07
Deputados no plenário da Câmara: no começo da semana passada, maioria se manifestou favorável à manutenção de Wilson Lima como governadorA depender da vontade dos distritais, o governo tampão seria entregue a um dos seus. A maioria dos deputados concorda com a tese de colocar um colega na chefia do Executivo por meio das eleições indiretas. Nesse contexto, o nome que agrada à maioria é o de Wilson Lima, que desde 23 de fevereiro ocupa o cargo. Mas a pressão social (leia reportagem ao lado) por um nome alheio à Câmara Legislativa e o risco de intervenção mudaram os planos dos parlamentares locais. Entre insistir num nome próprio e evitar a perda da autonomia política, eles parecem estar dispostos a abrir mão da primeira alternativa. Por isso, na última semana, os deputados começaram a expandir as opções de candidaturas com a sugestão de alguns nomes fora do universo Legislativo.
Entre as conclusões de um encontro que reuniu 11 distritais na noite da última quarta-feira estava a necessidade de se procurar perfis mais palatáveis à opinião pública. Para os deputados, parte da tentativa de convencer os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a necessidade de impor um interventor pode estar no apoio a um candidato do mundo jurídico. A primeira dificuldade dos deputados, no entanto, está sendo a de ligar o nome do jurista aos critérios exigidos para as eleições indiretas (veja quadro). Pelo menos dois requisitos ; o da filiação partidária há pelo menos um ano para o concorrente ; devem eliminar várias possibilidades lembradas nas reuniões de deputados.


Clique para ampliarNum desses encontros, por exemplo, distritais do PT fizeram espécie de debate sobre potenciais candidatos para as eleições indiretas. Durante o exercício dos políticos foram citados, por exemplo, o advogado Luiz Filipe Ribeiro Coelho (PTB), presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) de 1995 a 1997 e conselheiro federal da Ordem na gestão de Estefânia Viveiros; Ulisses Riedel, advogado trabalhista e ex-conselheiro da OAB. Filiado ao PSB-DF, ele ocupou cargo de senador por 17 dias em 2003, após a morte de Lauro Campos; Reginaldo de Castro, ex-presidente da OAB entre 1998 e 2001 e atual integrante do quadro de conselheiros federais da Ordem. Ele também é filiado ao PSB e atuou como conselheiro do governo José Roberto Arruda.

Descartados
Na reunião do PT ainda surgiram como hipótese os nomes do ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, do ex-presidente Maurício Corrêa e até dos conselheiros do Tribunal de Contas do DF Renato Rainha e Ronaldo Costa Couto. Mas para participar do pleito, o político tem que estar filiado ao seu partido há, no mínimo, um ano. Assim nenhum integrante do TCDF, por exemplo, poderia disputar a chefia do Executivo nas eleições indiretas, já que eles são proibidos de ter filiação partidária. Sugerido pela distrital Eliana Pedrosa (DEM), o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Maurício Corrêa também não poderia, pelas normas atuais, concorrer ao pleito. Ele entrou no PSDB em setembro e, portanto, não tem um ano de filiação à legenda, pré-requisito exigido na legislação.

Na lista dos possíveis candidatos ainda aparece o nome de Lindberg Aziz Cury. Ele assumiu uma cadeira no Senado em 2001, depois da renúncia de Arruda, acusado de ter violado o painel eletrônico da casa. Lindberg (DEM) participou do processo da busca de autonomia política da capital nos anos 1980, quando presidia a Associação Comercial do DF. Na visão de Raimundo Ribeiro (PSDB), uma boa opção caso as eleições indiretas se confirmem: ;Tenho conversado com os colegas sobre a necessidade de escolhermos alguém sem pretensões eleitorais;.

[SAIBAMAIS]Outros nomes frequentemente citados no contexto do mandato tampão são os do ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles e do ex-ministro do STF Sepulveda Pertence. Como ambos não têm filiação partidária, as chances de que assumam a interinidade do GDF virão se houver suspensão da autonomia política do DF, na qualidade de interventores.

INSCRIÇÕES ABERTAS
Nenhuma chapa ainda foi inscrita na Câmara Legislativa para concorrer à eleição indireta. De acordo com o Ato n; 26/2010 da Mesa Diretora, que determinou as regras do processo eleitoral, as candidaturas para concorrer ao cargo de governador e vice-governador precisam ter o aval do partido político.

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