postado em 28/03/2010 08:36
Sem pudor, o mercado erótico quebra tabus em Brasília. Motéis inauguram suítes de luxo, lojas de lingerie abrem sex shops e cursos de striptease e pompoarismo ganham alunas. Os salões de beleza descobriram o potencial econômico da depilação íntima personalizada. Hotéis passaram a bolar estratégias para atrair casais nos fins de semana. E as videolocadoras, apesar da concorrência desleal com a internet e a pirataria, não deixam de investir nos filmes da sessão reservada.
O sexo envolve um negócio milionário. O setor de produtos eróticos registra um crescimento anual de 15% no Brasil e movimenta R$ 1 bilhão por ano, segundo a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico (Abeme), criada em 2002. Empresários brasilienses vão a São Paulo no mês que vem participar da 16ª Erótika Fair, feira que recebe cerca de 20 mil visitantes. Os lançamentos ainda chegam com atraso na capital do país, onde não há venda no atacado.
No Distrito Federal, existem menos de 20 sex shops. Empresários do setor dizem que esse número, considerado pequeno por eles, dobrou na última década. %u201CAs pessoas estão com menos vergonha de entrar nas lojas%u201D, observa Miriam Silva, supervisora da Afrodith, sex shop que emprega 11 pessoas - somente mulheres - em três unidades, a primeira inaugurada em 1997. Mais de 2 mil itens ocupam as prateleiras.
Os acessórios vendidos no DF, quase sempre made in China ou Estados Unidos, saem geralmente de distribuidoras de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Um vibrador varia de R$ 10 a R$ 400, a depender do material, do tamanho e da tecnologia. Uma calcinha que também vibra, mas sob o comando de um controle remoto, chega a custar R$ 600. Cremes com cheiro, cor e a promessa de provocar ardência na pele estão entre os produtos mais procurados.
As mulheres, segundo proprietários de sex shops, são as que mais frequentam as lojas. Há os clientes que não compram nada, querem apenas matar a curiosidade. Outros levam artigos para uso próprio e para presentear. Willian de Souza, gerente do Ideia Sexy, no Sudoeste, diz que esse comércio, apesar dos avanços, ainda sofre preconceito. "Sex shop não é igual a uma lanchonete. As pessoas têm muita restrição, ficam acanhadas e não investem em sexo", comenta.
Durante muito tempo, as lojas de artigos eróticos foram associadas à indústria pornô. Aos poucos, os casais passaram a se interessar. Na Europa, é comum lojas de lingeries terem um espaço reservado para acessórios sexuais. No Brasil, e em Brasília, a estratégia começa a ser adotada por grifes como a Jogê. A sala, na loja do Brasília Shopping, foi inaugurada há quatro anos, mas é pouco conhecida.
Ângela Coelho da Fonseca, sócia-proprietária da Jogê, diz que a ideia surpreendeu clientes e a própria empresa. Cerca de 3% do faturamento da loja vem dos sex shops. "Parece pouco, mas não é. Ninguém entra na pechincha. E as clientes fazem questão de algo de qualidade, já que são produtos íntimos", comenta. A sala da unidade de Brasília, também aberta a homens, só não lucra mais do que a de São Paulo.
Lâminas de ouro
Este mês, a Rede Playtime de motéis, com cinco unidades e 350 empregados, inaugurou duas suítes no Flamingo: uma inspirada no mausoléu Taj Mahal e outra na cidade marroquina de Marrakech. Cada uma custou R$ 400 mil. Os quartos têm dois andares, "teto solar", adega, TVs de 54 polegadas, banheira e piscina feitas de mármore italiano e pastilhas com lâminas de ouro. Preço para usufruir desse luxo por quatro horas? R$ 523. O sócio-proprietário da rede, Jeovane Morais, diz que há reservas diárias para elas.
A Rede Playtime é uma das quatro grandes do DF, que englobam outros negócios, como postos de combustíveis, supermercados, construtoras e academias. Os motéis costumam ser as principais fontes de receita. Apresentam taxa de ocupação, em média, de 60% diariamente. Não falta demanda. "Todo dia tem jovem entrando na atividade sexual e com dinheiro em Brasília", comenta Morais, dono de três motéis no DF e outros dois em Valparaíso de Goiás.
Os hotéis da cidade tentam roubar clientes dos motéis lançando pacotes voltados para casais no fim de semana. No Brasília Alvorada Towers, por exemplo, o pacote de núpcias é disputado. O valor da diária em suíte de luxo chega a R$ 899. Uma opção mais barata sai por R$ 250, em quarto com vista para o Lago Paranoá e café da manhã incluso
O número
R$ 523
Preço para usufruir, por quatro horas, de luxuosa suíte inaugurada este mês no motel Flamingo