postado em 01/04/2010 08:30
Finalmente, o Parque Tecnológico Capital Digital começa a sair do papel. Ontem, representantes do governo do Distrito Federal, de setores da indústria e da comunidade participaram de uma cerimônia que marcou o começo das obras de infraestrurura do polo tecnológico, localizado na entrada da Granja do Torto. O complexo conta com 123 hectares, para receber cerca de 2 mil empresas de tecnologia da informação, comunicação e telecomunicação. Estima-se que cerca de 20 mil empregos diretos e outros 60 mil indiretos serão criados com a implementação do Parque. Na área de cerrado aonde as empresas serão instaladas, a terra vermelha já foi invadida por tratores e retroescavadeiras. O mato que tomava o local já foi cortado e há calçadas ao redor do terreno. Ainda não há data para a conclusão das obras.
De acordo com o secretário de Ciência e Tecnologia, Izalci Lucas, as obras de infraestrutura devem avançar bastante neste semestre. Logo após a votação indireta para a escolha do novo governador, adianta ele, os detalhes a respeito do edital de licitação serão definidos. Ainda é preciso decidir se a ocupação será estabelecida por uma licitação única ou se o espaço será fracionado. ;A vocação do Distrito Federal é a indústria do conhecimento. Temos que investir nisso;, defende.
Segundo o secretário, esta é a unidade da federação com o maior número de pesquisadores por habitante em todo o país, mas o conhecimento produzido nas universidades ainda não ultrapassa os muros das instituições. ;O desafio é trazer pesquisadores para dentro das empresas, a fim de transformar idéias em produtos e negócios;, afirmou. Ele também pretende criar meios legais para atrair empresas de bio e nanotecnologia para o local.
Bancos
O emprendimento-âncora do complexo será o datacenter compartilhado do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. O presidente do Consórcio Datacenter, Jesualdo da Silva, destaca que o Governo do DF apresentou o plano de construir o Parque Digital logo após o Banco do Brasil ter mapeado a necessidade de criar um datacenter na cidade. ;Foi unir o útil ao agradável;, afirmou. A escritura do local foi entregue aos bancos em janeiro passado e, de acordo com Silva, a expectativa é começar as obras até o final de abril. O datacenter terá 29 mil metros de área construída, sendo 5.200 metros de piso elevado para as áreas de tecnologia da informação.
Para o primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal, Ricardo Caldas, o impacto do Parque será positivo em Brasília. ;As empresas poderão interagir em sintonia. Ao contrário de outros setores, em que há concorrência, na área de tecnologia as empresas trabalham de forma integrada;, explica. Segundo ele, a tradição nesse nicho de mercado vem desde as décadas de 1970 e 1980, quando o governo militar criou em Brasília empresas que atuavam no mercado de segurança e guerra eletrônica. ;Hoje, o setor garante 26 mil empregos diretos;, acrescenta.
A comunidade também comemora o começo das obras. Há dez anos, a moradora da Granja do Torto, Kátia Moraes idealizou o projeto Dançar é arte, que ministra aulas de capoeira, balé e futebol a crianças da região. A implementação do Parque, para ela, é oportunidade de novos empregos para a comunidade e de novas parcerias para sua iniciativa. ;Os projetos locais poderão contar com o apoio desses empresários;, acredita. A Prefeitura Comunitária da Granja do Torto já pensa em criar um banco de dados com informações sobre moradores capacitados que possam ser aproveitas pelas empresas que se instalarem no local.
Próximas etapas
A pavimentação do local está prevista para começar este mês.
O sistema de drenagem e os dutos de água e esgoto devem ser instalados em junho deste ano.
A Companhia Energética de Brasília (CEB) está contratando o projeto para a subestação de energia elétrica que fará o abastecimento do local. A empresa também ficará responsável pelo projeto de energia elétrica.
O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal devem contratar a parceria público-privada do datacenter nos próximos 30 dias.
A Secretaria de Ciência e Tecnologia pretende instalar, até maio deste ano, laboratórios do Instituto Brasília de Tecnologia e Informação (Ibti), para dar suporte às empresas que irão se instalar no Parque. Estes laboratórios funcionarão provisoriamente no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).