Cidades

Projeto de alunos da UnB quer colocar em um campo simulado um time formado por robôs

Quanto à técnica e ao talento de cada um, só o desempenho revelará

Naira Trindade
postado em 01/04/2010 08:10


A turma de estudantes está bastante animada com a possibilidade de realizar partidas de futebol com o time de Ronaldinhos de ferro. Entre o que falta, está o patrocínioA torcida está apreensiva para ver os jogadores se posicionarem em campo. Em cima de rodinhas, três robôs de cada lado devem obedecer aos comandos do computador e, sem intervenção humana, arrastar a bolinha rumo ao gol. As regras são claras. Na partida de futebol de robôs, vence aquele que atravessar mais bolas para dentro da trave. Os treinadores já estão escalados. Um time de 18 estudantes ; empenhados mesmo durante a paralisação da Universidade de Brasília (UnB) ; trabalha na produção e aprimoramento desses profissionais de aço. Cada peça e fio são cuidadosamente testados e encaixados num circuito que faz o motor girar. Um computador ditará as ordens para os melhores dribles. Mas os protótipos inacabados esperam pela ajuda de um patrocinador que se interesse em colocar Brasília entre os poucos estados do Brasil que investem na educação de tecnologia robótica futebolística.

O projeto dos alunos da Universidade(1) de Brasília recebeu o apito inicial no fim do ano passado, depois que o líder da turma, George Brindeiro, 21 anos, percebeu a carência de continuidade na produção desses robôs. ;Geralmente, as turmas de mecatrônica começam a ter aulas práticas nos últimos períodos de estudos. Por isso, dificilmente sobra tempo ; e dinheiro ; para se produzir os robôs;, explica o estudante, que cursa o oitavo período. Os jovens, então, acabam se formando antes de finalizar os projetos. ;Já houve três tentativas de concluir os robôs de futebol;, conta. No intuito de evitar que a iniciativa não morra a caminho, Brindeiro projetou um plano de continuidade no qual alunos das turmas anteriores vão poder interagir com os demais, participando de etapas já estudadas.

Um endereço eletrônico será criado para desburocratizar a informação. Por meio da internet, alunos, empresas interessadas, professores e curiosos vão poder acompanhar todos os passos na elaboração e na produção dos robôs. ;Qualquer pessoa, mesmo que não tenha bagagem para entender sobre robótica, vai ter acesso às informações;, adiantou Brindeiro. As técnicas usadas para a construção das máquinas inteligentes serão disponibilizadas sem prejuízo de a ideia ser copiada. ;Para competir, precisamos da concorrência;, observa André Luiz Gama, 21 anos, também aluno do oitavo período de mecatrônica da UnB.

Investidas
Essa é a terceira vez que alunos do curso tentam formar um time de UnBall. Outras equipes já conseguiram desenvolver protótipos, mas a instituição nunca participou de competições de futebol de robôs. Segundo o professor de engenharia da UnB Lélio Soares, o maior desafio para montar um protótipo não é tecnológico, mas organizacional. Nesse ponto, pode-se considerar que a turma cumpriu bem a etapa, com a metodologia utilizada por George Brindeiro. Empolgado, ele enviou um e-mail para toda a lista dos colegas de curso de mecatrônica da UnB (recebem essas mensagens desde os calouros até os ex-alunos). No corpo do texto, vinha a convocação para um debate a partir do qual poderiam formar uma equipe. ;Precisei fazer uma apresentação para mostrar aos alunos do que se tratava o futebol de robô;, explica.

Os estudantes montaram a equipe em novembro e se dividiram em coordenações, de acordo com as habilidades. Uns cuidam dos comandos que o computador dará aos jogadores. Outros programam os profissionais para receber as informações e um grupo monta os bonecos inteligentes. A dificuldade encontrada, agora, é conseguir empresas interessadas em financiar a ideia. Segundo Brindeiro, no Brasil há uma defasagem de investimentos financeiros na produção educacional de robôs que jogam futebol. ;Os robôs da categoria F180 (de tamanhos maiores, que conseguem dribles mais elaborados em campo) são produzidos por cerca de três ou quatro universidades apenas. Já os da categoria IEEE very-small (simplesmente arrastam a bola ao gol) são feitos por sete ou oito;, explicou.

Os custos para a produção dos robôs não são baixos. Para preparar os seis robôs menores, da categoria very-small, o gasto será de R$ 3 mil. Para a confecção dos outros tipos de máquinas, maiores, com cinco robôs de cada lado, o investimento é de R$ 30 mil. No cálculo estimado pelos estudantes, não estão inseridos os preços dos equipamentos e das câmeras que vão visualizar e comandar os bonecos inteligentes. ;Somos estudantes e não temos condições de levantar essa grana. Para conseguir montar os protótipos iniciais, ligamos para alguns fornecedores, falamos sobre o projeto e pedimos peças de cortesias;, explicou Brindeiro. ;Também estamos em contato com empresas em potenciais para investir na ideia;, concluiu, ainda esperançoso de obter alguma resposta.

Copa
Os Ronaldinhos de ferro podem concorrer no Mundial de Futebol de Robô de 2014, que será realizado no Brasil. As competições acompanham os mundiais. A deste ano será na África do Sul e a próxima pode ser no Brasil. ;As empresas que investirem no projeto podem associa;, lembra o professor Lélio Soares. ;Além disso, em setembro, haverá a Competição Brasileira de Robótica, quando a UnBall pretende participar com um protótipo da categoria very-small. A equipe está organizada e com tempo suficiente para produzir um robô viável para competições;.

A inspiração
As máquinas inteligentes que tomaram conta do prédio da Finatec, na Universidade de Brasília, em setembro do ano passado, durante a Competição Brasileira de Robótica 2009 e a 3; Olimpíada Brasileira de Robótica, incentivaram George Brindeiro a reunir uma turma de estudantes empolgados em implementar os projetos. Na época, mais de 80 equipes de 20 estados, incluindo o Distrito Federal, testaram as leis da física, da robótica e da matemática. Os robôs mais robustos da competição faziam dribles e emplacam bolas no gol do adversário. Nenhum deles comandados por controles remotos, tudo programado por inteligência artificial.

O número
R$ 30 mil
Custo médio para construir as máquinas com cinco robôs de cada lado


Quer participar?
Os interessados em patrocinar os estudantes da Universidade de Brasília (UnB) podem enviar um e-mail para george.brindeiro@gmail.com ou ligar para 9984-7742.

O número
R$ 30 mil
Custo médio para construir as máquinas com cinco robôs de cada lado


Quer participar?
Os interessados em patrocinar os estudantes da Universidade de Brasília (UnB) podem enviar um e-mail para george.brindeiro@gmail.com ou ligar para 9984-7742.

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