; Lilian Tahan
; Helena Mader
; Noelle Oliveira
De hoje até as 18h de quarta-feira, o assunto que promete mobilizar a classe política do Distrito Federal e colocar sob alerta o meio jurídico são as eleições indiretas. Esse é o prazo final para as inscrições das chapas para governador-tampão. Os nomes devem ser indicados pelos partidos, mas as candidaturas estão sob o comando dos distritais, que serão os eleitores em 17 de abril, quando está marcado o pleito. Há, pelo menos, 14 nomes citados (veja quadro) em conversas pelos deputados. Apesar da variedade de perfis, é possível que a maioria deles não se confirme em chapas. Wilson Lima aparece como o nome mais forte, mas ainda tenta o consenso entre os colegas para permanecer no cargo até dezembro.
Os partidos programam reuniões entre hoje e amanhã com o objetivo de decidir se vão lançar candidaturas próprias nas eleições indiretas. Essas definições são essenciais para medir a chance de Wilson Lima ser confirmado no cargo. Quanto mais partidos tiverem nomes próprios, mais difícil será a disputa para o governador interino. Fora o próprio PR, a única legenda que não fala em propor concorrente e, deve fechar questão a favor de manter Wilson Lima na chefia do Executivo é o PMDB. Outros partidos como PSDB, PPS, PRB, PTB podem até concluir pelo consenso em torno do colega, mas pelo menos por enquanto despistam o apoio com um leque de candidaturas.
O DEM decidiu lançar candidato próprio, só não fechou o escolhido. Disputam a indicação o deputado federal Alberto Fraga; o empresário e suplente de deputado federal Osório Adriano; e o ex-senador Lindberg Cury. Na manhã de terça-feira, o diretório vai se reunir para fechar questão sobre quem será o representante da legenda em 17 de abril. ;A Câmara Legislativa tem a oportunidade de dar uma grande demonstração de grandeza, escolhendo alguém de fora de seus quadros. A escolha de um distrital passaria à sociedade que reina na Câmara um espírito corporativista;, considera o senador Adelmir Santana, presidente do Democratas, o partido que perdeu o governo pelas revelações da Caixa de Pandora e agora quer recuperar o mandato nas eleições indiretas.
Café da manhã
Se o DEM de fato sugerir postulante, os três distritais da sigla serão orientados a se posicionar pela escolha partidária. Outra candidatura que pode desviar votos do favorito Wilson Lima é a do ex-presidente do Tribunal de Contas do DF Paulo César Ávila. Muito ligado ao ex-governador Joaquim Roriz, ele deve ser a opção, por exemplo, de Jaqueline Roriz (PMN). As duas opções trabalhadas pelo PT para a disputa do próximo dia 17 também debitam no placar de Wilson Lima. Numa reunião do diretório marcada para hoje à noite, o partido decide se lança candidato próprio ou se abstém da votação. Na última quinta-feira, petistas se encontraram durante café da manhã na casa do deputado federal Geraldo Magela (PT) e conversaram sobre algumas alternativas. Sigmaringa Seixas aparece como a primeira opção da legenda, o problema é que ele resiste ser testado entre os deputados.
O PSDB ainda não definiu como se posicionará nas eleições indiretas. Discute a hipótese de propor as candidaturas de Maurício Corrêa ou de Maria de Lourdes Abadia, o que dificilmente ocorrerá. No primeiro caso, porque Corrêa está há menos de um ano na legenda e com relação a Abadia, ela se programa para o pleito de outubro. Já representantes do PPS se reúnem hoje à noite para discutir a possibilidade de propor a eleição do ex-distrital Carlos Alberto Torres. ;Ele já deu sua palavra de que não concorreria à reeleição. Mas vamos aguardar a reunião da executiva para confirmar se teremos ou não candidato próprio ou se vamos apoiar alguém;, disse o presidente do PPS-DF, Cláudio Abrantes. No PTB, pelo menos três nomes já se apresentaram para a disputa. Amanhã à noite, o diretório discutirá o assunto. ;Vamos ver se teremos candidato próprio ou apoiaremos alguém;, considera o presidente do PTB-DF, senador Gim Argello.
Na Justiça[SAIBAMAIS]
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) não deve tomar nenhuma decisão sobre o pedido de revogação da prisão do ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) sem antes conhecer o parecer do Ministério Público Federal (MPF) a respeito do pedido de liberdade. Apesar de a Corte Especial do Tribunal se reunir nesta quarta-feira, a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge já afirmou que pretende avaliar o conteúdo dos depoimentos ainda prestados à Polícia Federal (PF) antes de opinar sobre a possível liberação. Os interrogatórios se encerram na terça-feira, mas o relatório final só será encaminhado ao STJ e ao Ministério Público Federal (MPF) na próxima quinta, o que inviabiliza qualquer manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) antes da reunião da Corte.
Desde o início da Caixa de Pandora, a opinião do MP sempre foi levada em consideração pelo relator do Inquérito n; 650, Fernando Gonçalves. Antes de decidir situações consideradas mais simples sobre a situação de Arruda, como no caso da autorização para atendimento com médico pessoal e do direito a reuniões privadas com os advogados, o ministro do STJ sempre aguardou o parecer do Ministério Público. Após a quarta-feira, a Corte Especial volta a se reunir, extraordinariamente, no próximo dia 12, último encontro do qual participará Gonçalves, que se aposenta no dia 20. Mesmo assim, nada impede que outras reuniões extraordinárias sejam convocadas a qualquer momento para analisar o pedido de liberação.
Agenda
17 de abril
Data da realização da eleição indireta na Câmara Legislativa
Possíveis concorrentes
Termina na próxima quarta-feira o prazo de inscrições para as chapas que vão concorrer às eleições indiretas. Os próximos dois dias serão de intensas reuniões entre os partidos, que discutem opções para a o mandato de governador-tampão. Confira os nomes que são trabalhados nas legendas
PR
Wilson Lima
Governador em exercício, está na terceira legislatura como distrital. Foi eleito presidente da Câmara após o início da crise política por meio de um acordo que contou na ocasião com o apoio de Arruda.
PRB
Aguinaldo de Jesus
No terceiro mandato como deputado distrital, atuou como secretário de Esporte do governo Arruda nos últimos dois anos.
PSC
Paulo César Ávila e Silva
Presidiu o Tribunal de Contas do DF até setembro do ano passado, quando se aposentou. É muito ligado a Roriz, de quem foi consultor jurídico. Também assessorou o ex-senador Luiz Estevão.
PPS
Carlos Alberto Torres
Distrital eleito na primeira legislatura da Câmara, já concorreu ao cargo de governador, em 2002, e ao Senado, em 1994. É professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília.
PT
Sigmaringa Seixas
Amigo pessoal do presidente Lula, é advogado e ex-deputado federal. Tem bom trânsito com outros partidos, mas prefere manter distância dos holofotes, atuando mais nos bastidores do PT.
Antônio Ibañez
Professor de engenharia mecânica da UnB, também foi reitor entre 1989 e 1993. Exerceu ainda o cargo de secretário de Educação durante a gestão de Cristovam Buarque.
PTB
Luiz Filipe Ribeiro Coelho
É advogado e já presidiu a OAB do Distrito Federal entre 1995 e 1997. Durante a gestão de Estefânia Viveiros foi conselheiro federal da OAB.
João Estênio Campelo Bezerra
Advogado, já foi conselheiro da OAB. É ex-aluno da primeira turma de direito do UniCeub e irmão do ministro e ex-senador Valmir Campelo.
Wanderley Vallim da Silva
Foi o último governador do DF a ser nomeado pelo governo federal. Ficou no cargo entre março de 1990 e janeiro de 1991, quando tomou posse o primeiro político eleito diretamente, Joaquim Roriz.
DEM
Osório Adriano
Empresário e engenheiro civil, é suplente de deputado federal. Já foi eleito para a Câmara dos Deputados em outras duas legislaturas.
Alberto Fraga
Tenente-coronel reformado da Polícia Militar do DF e atualmente deputado federal, foi secretário de Transportes na gestão Arruda, de quem é amigo pessoal.
Lindberg Cury
Empresário e pioneiro da cidade, assumiu uma cadeira de senador com a renúncia de Arruda, em 2001. Foi presidente da Associação Comercial do DF e até hoje representa a entidade.
PSDB
Maurício Corrêa
Ex-ministro do STF, já concorreu ao cargo de governador em 1990. Tem menos de um ano de filiação ao PSDB, o que pode ser um empecilho à sua candidatura.
Maria de Lourdes Abadia
Deputada distrital da primeira legislatura e duas vezes deputada federal, ela foi vice-governadora e assumiu o cargo em 2006, quando Joaquim Roriz se desincompatibilizou.
Agenda
Além do término das inscrições para a eleição indireta, confira outros assuntos que devem movimentar a semana em relação à Caixa de Pandora:
Polícia Federal
Oito novos depoentes devem ser convocados para interrogatório na segunda e na terça-feira.
Outros cinco investigados que não compareceram aos depoimentos na ultima semana também terão novos horários agendados. São eles a distrital Eurides Brito (PMDB); Mariane Vincentini, ex-mulher do governador cassado José Roberto Arruda; o ex-distrital Pedro Passos; entre outros.
O relatório final da Polícia Federal com os novos depoimentos será enviado na quinta-feira para o STJ e MP. A expectativa é que no documento constem os 42 depoimentos prestados à PF.
Câmara Legislativa
O dono da empresa de informática Linknet, Gilberto Lucena, presta depoimento, às 10h, na CPI da Codeplan. Como conseguiu habeas corpus, ele poderá se calar durante o interrogatório.
O prazo para candidaturas ao GDF se encerra na quarta-feira. As inscrições das chapas devem ser feitas pelo partido.
Justiça
A Corte Especial do STJ se reúne nessa quarta-feira, quando os ministros podem avaliar o pedido da revogação da prisão de Arruda. Mas isso dificilmente ocorrerá antes do parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que só opinará sobre a possível soltura após tomar conhecimento dos novos depoimentos realizados pela PF.