Cidades

Ministério da Saúde estima que 1 em cada 4 casos de dengue esteja na faixa de zero a 15 anos

No DF, este ano, os pequenos de 0 a 9 anos somaram 107 pacientes

postado em 06/04/2010 08:48
Ester e Heloísa (e) sofreram com a dengue. A mãe, Eva (d), garante que a doença em criança é muito piorA dengue vem fazendo vítimas e assustando gente em todos os cantos do país. Porém, desde 2007, um grupo tem sido cada vez mais afetado pela doença. São crianças e adolescentes com idade entre 0 e 15 anos. Atualmente, o Ministério da Saúde estima que, de cada quatro casos confirmados da doença, um esteja dentro dessa faixa etária. Em Brasília, de janeiro até 18 de março, foram registrados 107 casos de crianças de 0 a 9 anos com a doença, o que representa 5,6% do total de casos.

De acordo com o coordenador do Programa Nacional do Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, essa característica era prevista no país. A explicação é simples: sempre que alguém é picado e contaminado por um dos três sorotipos que circulam no país, sofre os sintomas e depois torna-se imune a ele. Só apresentará os sintomas de dengue se entrar em contato com outro sorotipo. Em países do Sudeste Asiático, os vírus da dengue circulam há cerca de 60 anos. Parte da população adulta convive com o mal e está imunizada. Mas as novas gerações, que ainda não tiveram contato com os mosquitos, acabam suscetíveis à infecção. No Brasil, os sorotipos de dengue circulam há 23 anos, por isso o efeito ainda não é semelhante. ;Mas estamos observando por aqui, infelizmente, um agravamento semelhante ao ocorrido no Sudeste Asiático;, afirma ele. Por lá, a dengue é a doença pediátrica que mais afeta crianças.

Fatores

Segundo Coelho, um dos fatores associados a essa epidemia é o fato de o sorotipo 2 estar voltando a circular pelo país, em regiões onde o sorotipo 1 era encontrado. Os estados do Rio de Janeiro e de Mato Grosso do Sul, que sofreram graves epidemias em 2008, são exemplos dessa situação. No Distrito Federal, a última epidemia de dengue, registrada em 2002, teve predominância do sorotipo 3. Atualmente, o sorotipo 1 é o mais encontrado, o que contribui para a explosão de casos.

Para conter o avanço da doença, o Ministério da Saúde investe cerca de R$ 1,5 bilhão por ano nos municípios, por meio do Programa Nacional de Controle da Dengue. O programa também vem investindo em campanhas de mobilização, no treinamento de pediatras, em videoconferências e na elaboração de manuais para esclarecer dúvidas dos funcionários da Saúde. Recentemente, o ministério enviou a 300 mil médicos e a 290 mil enfermeiros uma cartilha e um CD-ROM, orientando profissionais da área a darem tratamento adequado a quem apresenta os sintomas da dengue.

A médica sanitarista e doutora pela Universidade de Brasília (UnB) Lúcia Alves da Rocha estudou o impacto da epidemia de dengue em crianças de Manaus, entre 2006 e 2007. Segundo ela, é mais fácil diagnosticar adultos do que crianças. ;As formas simples da doença podem se confundir com outras doenças comuns da infância;, explica. Ela defende que os profissionais façam uma análise completa, incluíndo sintomas e epidemiologia, considerando ainda se o doente vive em área onde há maior presença de infecções pela dengue.

Na casa da decoradora de eventos Eva Xavier da Silva, 33 anos, as crianças não escaparam da fome do mosquito. Além dela e do marido, as duas filhas, uma com 10 e a outra com dois anos e sete meses, foram vítimas da doença. ;O adulto fica muito debilitado, mas para a criança é pior;, observa. A filha mais velha, Ester Félix, passou uma semana de cama, sofrendo com as dores na cabeça, nos ossos, sem forças para se levantar, recusando todos os pratos de comida ofertados pela mãe. ;Ela chorava e não queria comer. Ficou mais manhosa do que um adulto;, revela a mãe. A pequena Heloísa Xavier reagiu à febre e às dores de cabeça com falta de apetite e moleza no corpo. Numa idade em que é comum a agitação das crianças, queria passar o tempo todo deitada.

Dicas sobre a doença

Sintomas mais comuns nas crianças

# Febre, vermelhidão na pele, sangramento, dores de cabeça, vômitos, dores na região da barriga, dores musculares, indisposição, dores nas articulações, dor atrás dos olhos.
# Nem todas conseguem expressar os sintomas. Por isso, os pais e responsáveis devem ficar atentos a manifestações como febre aguda, acompanhada de apatia ou sonolência, recusa alimentar, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas.
# Nos menores de dois anos de idade, especialmente nos menores de seis meses, é comum perceber choro persistente, fraqueza e irritabilidade. Eles podem ser a tradução de dores nos músculos, nas articulações e na cabeça.
# No caso de bebês com menos de seis meses de idade, pode haver a passagem de anticorpos da mãe para a criança.
# Na criança, uma característica que diferencia a dengue de outras viroses é a ausência de manifestações respiratórias, como coriza e tosse.
# Como nos adultos, o agravamento ocorre por volta do terceiro dia da doença. Mas, nos adultos, a febre cede e nas crianças pode prosseguir.
# O agravamento em crianças é súbito e nos adultos se dá de forma gradual.
# Havendo suspeita de dengue na criança, é preciso investigar se houve sangramento pela boca ou pelo ânus, o que é considerado sinal de gravidade. Também é preciso investigar o histórico de alergias, como asma e eczema, doença que causa erupções na pele.

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