Cidades

Centro de Convivência do Idoso ganha biblioteca com mais de 2 mil exemplares disponíveis

Nome da entidade faz homenagem ao médico e pioneiro Ernesto Silva, falecido este ano

Naira Trindade
postado em 06/04/2010 09:18
Livros didáticos, infantis ou peças da literatura destinadas a públicos de todas as idades são catalogados nas prateleiras ainda novas. Mesas e cadeiras, dispostas ao centro da modesta sala. Os preparativos para a inauguração da Biblioteca Ernesto Silva, no Centro de Convivência do Idoso, no Varjão, estão a todo vapor. Mais de 2,5 mil edições doadas pela Rede Gasol formam o acervo que leva o nome do médico pioneiro de Brasília. As obras darão oportunidade aos moradores do Varjão de terem acesso à informação e servirão de incentivo para que os 26 idosos inscritos no curso de alfabetização continuem a frequentar diariamente as aulas, das 17h às 18h.

A dona de casa Lindaura Graciana Sousa, 78 anos, aguarda ansiosa pela inauguração da biblioteca, marcada para as 16 de amanhã. Frequentadora do local há mais de sete anos, a moradora do Varjão aprende dia após dia a conhecer as letras do alfabeto. ;Sempre ouvi que iriam montar uma biblioteca, mas ficava apenas na conversa;, contou a simpática senhora. ;As crianças, às vezes, precisam fazer pesquisas para os trabalhos escolares e não tinham onde procurar. Agora elas vão ter;, frisou.

Convivência
Lindaura é uma das 26 pessoas inscritas na aula de alfabetização do Centro de Convivência do Idoso. ;Tive orgulho de assinar minha identidade quando fui trocá-la. Assinei tudo;, contou, orgulhosa. O próximo passo é conseguir juntar as sílabas para conquistar o sonho de ler a Bíblia. ;Fiz um pacto com Deus. Ele me dá força para aprender a ler e eu leio a Bíblia.; Depois, Lindaura pretende levar para casa uma edição do livro sagrado dos cristão, entre as centenas disponíveis na Biblioteca Ernesto Silva.

Histórias de superação brotam nas cadeiras do Centro de Convivência do Idoso todos os dias. Antônia Pereira Gonçalves, 68, e Alexandra Alves da Costa, 65, também conciliam a rotina de cuidar da casa e dos netos com a sala de aula. ;Às vezes, ficamos doentes e não conseguimos frequentar as aulas, mas é muito bom ter alguém com paciência para nos ensinar;, conta Alexandra. ;O contato com as pessoas faz com que esqueçamos as doenças. Me sinto mais viva, com mais saúde. Quando saio daqui, nem lembro mais das dores que vêm com a idade;, completa Lindaura.

Nas atividades do Centro de Convivência do Idoso do Varjão, há dança, artesanato, capoeira, educação e até aulas de inglês (confira programação). ;Também aprendi a bordar roupas com miçangas e a pintar panos de prato. Essas ocupações são muito saudáveis, ajudam a manter a cabeça sã. Sou muito nova para caducar;, brinca Lindaura. A presidenta do CCI do Varjão, Eunice Nascimento dos Santos, quer conquistar outros parceiros para oferecer mais qualidade aos 109 idosos inscritos no centro. ;Eles precisam de apoio, de remédios. Essas pessoas, em sua maioria, colaboram para a manutenção da família e, às vezes, não sobra dinheiro para comprar os medicamentos;, atenta.

Programação
- A Biblioteca Ernesto Silva ficará aberta das 8h às 12h, de segunda a sexta-feira, a partir de amanhã.
- As aulas de capoeira ocorrem às terças e quintas-feiras, das 8h às 10h.
- As aulas de biodança são sempre das 9h às 10h30, às quintas-feiras.
- O curso de alfabetização é diário, das 17h às 18h.
- Às terças e quintas-feiras, os idosos se reúnem para almoçar no centro. Eles mesmo produzem o almoço que é feito com mantimentos doados.
- As aulas de inglês são das 10h às 12h, toda terça-feira.

Para saber mais
Dedicado à capital
Ernesto Silva chegou antes de Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Médico-pediatra, coronel do Exército e desbravador do cerrado, ele viveu em prol de Brasília. Morreu aos 95 anos, em 5 de fevereiro. Carioca, formou-se em ciências e letras em 1933. Três anos depois, tornou-se oficial do Exército, onde chegou ao posto de coronel, em 1961. Em 1946, concluiu o curso de medidina. Cursou especializações em pediatria no Brasil e no exterior e é autor de muitos trabalhos científicos. Foi secretário da Comissão de Localização da Nova Capital do Brasil de 1953 a 1955 e presidente da Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Capital Federal em 1956. Assumiu a direção da Novacap em 1956 e saiu em 1961, para presidir o conselho da Fundação Educacional e da Fundação Hospitalar do DF de 1960 a 1961.

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