A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados reagiu ao levantamento feito pelo Ministério Público de Luziânia (GO) e publicado, ontem, pelo Correio. Os dados do MP revelam que, dos 130 homicídios e latrocínios (quando se rouba para matar) ocorridos no município goiano de janeiro de 2009 ao mesmo mês deste ano, apenas 14, ou 10,7%, foram solucionados. A presidente da Comissão, deputada Iriny Lopes (PT/ES), encaminhou dois ofícios às autoridades goianas cobrando explicações e providências sobre as informações divulgadas na reportagem exclusiva.
Os deputados pretendem também ouvir Sérgio Augusto de Oliveira, que está no lugar do secretário de Segurança de Goiás, Ernesto Roller (ele saiu para disputar as eleições de outubro). A audiência, porém, não tem data marcada. Os parlamentares querem saber por que a polícia goiana não conseguiu dar respostas sobre os 114 inquéritos de mortes violentas abertos no período analisado. O MP de Luziânia chegou aos números a partir do cruzamento dos dados emitidos pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e pelas duas delegacias do município ; a 5; Delegacia Regional e o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) ; sobre crimes contra a vida.
;O quadro narrado na matéria é preocupante e necessita de medidas urgentes para apurar as omissões e responsabilidades pelas falhas apontadas na reportagem;, frisou a deputada Iriny Lopes, em um dos ofícios encaminhado a Sérgio Augusto, mesmo antes de ele assumir oficialmente a pasta. No documento, a presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara pede que seja feito um levantamento maior, semelhante ao do Ministério Público de Luziânia, em todos os municípios do Entorno. As novas pesquisas deverão ser remetidas à comissão para que sejam tomadas medidas em benefício da região.
O Ministério Público de Luziânia constatou também que, das 130 mortes violentas ocorridas em 13 meses, 16 não tiveram nem sequer inquérito policial aberto em nenhuma das delegacias da cidade, que fica a 66km de Brasília. Além disso, em 15 inquéritos não havia resultado das autópsias. O exame é de fundamental importância para auxiliar na conclusão dos casos.
[SAIBAMAIS]Para reforçar o pedido feito à Secretaria de Segurança, os integrantes da comissão encaminharam o mesmo texto, só que em outro ofício, em nome do procurador-geral de Justiça do estado de Goiás, Eduardo Abdon Moura. ;Não é mais possível continuar essa precariedade na segurança pública de Goiás;, criticou o deputado federal Pedro Wilson (PT/GO), que também integra a comissão. Wilson será autor da proposta de realização de uma audiência pública para ouvir as explicações do representante da Secretaria de Segurança goiana.
Nomeações
Um dos crimes ocorridos no ano passado, que ainda aguarda resposta, tem como vítima o desempregado Amadeu Farias Soares, 24 anos. Ele foi assassinado em janeiro de 2009. Segundo os familiares, Amadeu teria discutido com dois moradores do Setor Norte da cidade, momentos antes de morrer. O corpo só foi encontrado dois dias depois. O boletim de ocorrência foi registrado na ocasião, mas até hoje os parentes do desempregado dizem que não receberam nenhuma informação sobre o avanço das investigações.
O desaparecimento de seis jovens, há mais de três meses, também continua sem respostas, o que reforça as críticas sobre a polícia goiana. Na segunda-feira, o delegado Josuemar Vaz de Oliveira, chefe do Departamento de Polícia Judiciária de Goiás, reconheceu as dificuldades e disse que a situação deve melhorar com o reforço de 75 agentes, 45 escrivães e 20 delegados para o município. As nomeações devem ocorrer ainda este mês.
O número
130 - Número de mortes por violência computadas pelo IML do município goiano, de janeiro de 2009 ao mesmo mês deste ano