postado em 08/04/2010 07:00
; Ana Maria Campos; Lilian Tahan
; Samantha Sallum
A maior parte dos candidatos registrados na disputa eleitoral para o mandato-tampão de governador do Distrito Federal quer apenas marcar posição como alternativa de poder, expressar opinião sobre a crise política ou negociar espaço na futura administração. Entre os 10 concorrentes, apenas quatro reúnem condições para conseguir apoio suficiente e ser escolhido pelos distritais nas eleições indiretas marcadas para o próximo dia 17. Integrantes de partidos com representação na Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR), Antônio Ibañez (PT), Luiz Filipe Coelho (PTB) e Rogério Rosso (PMDB) saem na frente dos demais.
No momento, o favorito é Wilson Lima, como ocorre em qualquer campanha em que o candidato concorre no exercício do mandato. Mas a proliferação de corredores no páreo pode levar a eleição indireta para um segundo turno. Defensores da candidatura de Lima contabilizavam ontem nove votos e acreditavam que, assim como nas eleições de outubro, a disputa também será travada numa segunda rodada com o candidato do PT, Antônio Ibañez.
O petista, que foi reitor da Universidade de Brasília (UnB), aliado do deputado federal Geraldo Magela, tem quatro votos garantidos e ainda pode conquistar o de José Antônio Reguffe (PDT), caso assuma compromissos como reduzir o número de cargos comissionados e publicar os gastos públicos na internet, exigências do pedetista. ;Ibañez tem chance porque não representa apenas um nome. Representa uma causa;, acredita o deputado Chico Leite (PT). Para o líder da bancada do PT, Paulo Tadeu, a eleição é imprevisível. ;Não dá para dizer que há vencedores. Mostra uma eleição com todas as possibilidades. É uma eleição aberta;, avalia Paulo Tadeu.
Influência
Nesse quadro, os três deputados distritais do DEM ; Eliana Pedrosa, Paulo Roriz e Raad Massouh ; poderão decidir a eleição. O partido que em 2006 elegeu José Roberto Arruda e Paulo Octávio vive uma profunda crise com a briga interna entre o deputado Alberto Fraga e o empresário Osório Adriano, e decidiu liberar os distritais para votarem de acordo com seus interesses.
Dois concorrentes também poderão surpreender. Apadrinhado pelo senador Gim Argello, que comanda o PTB no Distrito Federal, o advogado Luiz Filipe Coelho surge como uma opção que pode crescer pelo perfil num momento de ameaça de intervenção federal. Da carreira da Procuradoria do DF, ele foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF). ;É uma disputa entre o velho e o novo;, diz Coelho. Em tese, ele tem os votos dos petebistas Dr. Charles e Cristiano Araújo. Mas os dois deputados do PTB também têm sido cortejados por Wilson Lima.
Luiz Filipe, por sua vez, pode obter votos em outras legendas. Um dos simpatizantes de sua candidatura é o deputado Alírio Neto (PPS). Presidente da Casa nos dois primeiros anos da atual legislatura, Alírio também pode se aliar ao candidato lançado pelo PMDB, o ex-presidente da Codeplan Rogério Rosso. ;Vou procurar, junto com o PMDB, todos os deputados para expor nosso programa de trabalho para garantir a normalidade institucional do DF e evitar a intervenção federal no DF;, disse Rosso. Ele conta com pelo menos três votos ; os da bancada do PMDB, Benício Tavares, Eurides Brito e Rôney Nemer.
Conta a favor de Rosso a parceria com Benício, que integra o chamado grupo dos 11 ; bloco que se comprometeu a votar no mesmo candidato. No entanto, esse acordo não deve prevalecer. Aylton Gomes (PR), que participava das reuniões, deve votar em Wilson Lima.
Outro integrante da bancada dos 11, Aguinaldo de Jesus (PRB) registrou candidatura. Embora não se despreze sua capacidade de mobilizar aliados entre os distritais, no meio político sua chances são consideradas remotas, uma vez que ele é alvo de ação de improbidade administrativa, proposta pelo Ministério Público do DF, junto com o ex-governador José Roberto Arruda, pela liberação de R$ 9 milhões para a realização da partida de reinauguração do estádio Bezerrão, no Gama, em dezembro de 2008. Aguinaldo, no entanto, é eleitor de sua própria candidatura.
Pedido negado
Enquanto esquenta a disputa pelo mandato-tampão de governador, José Roberto Arruda continua na prisão até pelo menos a próxima segunda-feira. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STF) Fernando Gonçalves, relator do Inquérito n; 650, que desencadeou a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF), não acatou o pedido da defesa para analisar o habeas corpus ontem, durante reunião da Corte Especial. A próxima sessão será em 12 de abril. Com isso, Arruda ; detido em 11 de fevereiro ; completará dois meses detido nas dependênciasdo Complexo da PF.