postado em 08/04/2010 09:17
Mal foi inaugurada e a ponte do Parque de Águas Claras poderá ser interditada pela segunda vez. A obra que demorou três meses para ficar pronta e custou R$ 147 mil aos cofres públicos apresenta rachaduras na base do asfalto que dá acesso a ela e tem provocado medo em quem passa pelo local. Usuários e moradores da região preveem um desmoronamento da construção, uma vez que a terra da encosta praticamente desapareceu. O problema, entretanto, não surpreendeu a Companhia Urbanizadora de Brasília (Novacap). Ao construir a ponte, os responsáveis não fizeram a contenção das encostas do solo. A Novacap admitiu saber dos riscos de que ela poderia não resistir à primeira chuva intensa em razão disso. ;O problema maior é o solo, que a gente chama de hidromórfico. Ele é rico em água e não tem estabilidade alguma e, por isso, está desmoronando;, disse o chefe do Departamento de edificações, Daclimar Azevedo de Castro. ;A intensidade da chuva pegou a gente de surpresa;, amenizou, em seguida.De acordo com ele, um estudo de sistematização do solo vem sendo feito no local. ;Pretendemos encher a erosão de pedras do tipo rachão (pedra rígida que, quando moída, dá origem à brita). Elas são mais pesadas e difíceis de serem levadas pela chuva. Se isso não for suficiente para conter o problema, a ponte será interditada até passar o período chuvoso;, adiantou. Caso isso aconteça, os cerca de quatro mil pedestres que utilizam o local aos fins de semana terão como única opção, por tempo indeterminado, dar a volta no parque para atravessar da parte sul para a norte e vice-versa.
Por água abaixo
Para o estudante Josimar Pacheco, 22 anos, o serviço foi malfeito. ;É o dinheiro da gente indo literalmente por água abaixo. Não tenho coragem de passar por aqui (pela ponte) quando chove. É um risco muito grande;, disse. Esta não é a primeira vez que os usuários têm problema com a ponte do Parque de Águas Claras. Em outubro do ano passado, a passagem de nove metros de comprimento perdeu toda a base de terra que dava sustentação e desmoronou. Na mesma época, a administração regional da cidade anunciou o início das obras e no local foi instalada outra ponte maior, com 25 metros de comprimento. Daclimar Azevedo garantiu que essa nova ponte não tem risco de cair porque a fundação é profunda e o concreto está cravado em terreno rochoso e resistente. O risco seria apenas de descalçar a passagem dos pedestres.
A pressa para entregar os trabalhos à comunidade pode ter contribuído para a situação da passagem. Segundo a administradora do parque, Maria Elba Leite, a terraplanagem foi feita durante o período de chuvas, o que pode ter contribuído para a ruptura do asfalto que dá acesso à ponte. Ela evitou dar detalhes técnicos a respeito do assunto, mas adiantou que será preciso fazer uma nova terraplanagem no local, conforme avaliação de engenheiros que estiveram ontem por lá.