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Polícia Civil promete fazer uma operação por semana nos próximos 18 meses

Objetivo é criar um ambiente de alerta em Brasília. Ações serão deflagradas, em geral às sexta-feiras, para enfrentar problemas como o crack, a briga de gangues e a prostituição infantil

postado em 09/04/2010 08:37
Na quinta-feira passada (1;/4), véspera da sexta-feira da Paixão, a Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou a Operação Shaolin, que investiga desvios milionários de convênios assinados entre o Ministério do Esporte e entidades não governamentais no DF. Cinco pessoas foram presas e agentes cumpriram mandados de busca e apreensão. A Shaolin foi a primeira de uma série de 18 ações programadas pelos policiais.

A intenção da Polícia Civil é realizar uma operação por semana, em geral às sextas-feiras, nos próximos quatro meses. ;Há muitos focos de criminalidade no DF. O que vamos fazer é organizar a polícia para combater de forma eficiente os principais problemas da cidade;, avisa o diretor da Polícia Civil, Pedro Cardoso. Ele assumiu o comando no início de fevereiro, no auge da crise política provocada pela Caixa de Pandora, que precipitou a substituição do ex-diretor Cléber Monteiro.

Rapaz fuma crack no Setor Hoteleiro Sul: uma das ações programadas será de combate à proliferação da drogaFrentes de trabalho
Sob nova chefia, o plano da Polícia Civil é mostrar serviço e criar um ambiente de alerta na cidade atingida pela avalanche de denúncias de corrupção. Os policiais escolheram algumas frentes com que pretendem trabalhar e que serão os temas das 18 operações agendadas para os próximos meses. A proliferação do crack, contrabando e venda de mercadorias ilegais, briga de gangues, prostituição infantil, furtos nos estacionamentos das universidades estão entre as prioridades das ações policiais.

Mas não são apenas os bandidos considerados comuns que estão na mira da Polícia Civil. Os delegados também se organizam para realizar operações cujos alvos são agentes públicos suspeitos de corrupção. Para preparar as operações com esse perfil, os policiais vão tomar como base relatórios enviados pelo Tribunal de Contas e pela Controladoria-Geral do DF. ;Já recebemos material que nos permite avançar em algumas histórias. Desvendar crimes com o envolvimento de agentes públicos é a parte mais difícil porque exige pessoal especializado. Mas posso dizer que estamos preparados;, alerta Cardoso.

A Operação Shaolin, batizada em alusão a um mestre do kung fu, gerou desconfiança no meio político sobre as possíveis conexões com interesses eleitoreiros. A polícia desmontou uma suposta quadrilha que teria desviado R$ 2 milhões do Ministério do Esporte sob a liderança do policial militar João Dias Ferreira. Ele controla as duas entidades ; a Federação Brasiliense de Kung Fu e a Associação João Dias de Kung Fu.

Como as associações vinculadas a João Dias, que tentou se eleger deputado distrital pelo PCdoB em 2006, foram beneficiadas na época em que Agnelo Queiroz era ministro do Esporte e também filiado ao PCdoB, a polícia está atenta às conexões partidárias que eventualmente possam aparecer em meio às apurações. A iniciativa da Polícia Civil em investigar o caso que é objeto de Tomada de Contas Especial pelo Ministério do Esporte e de ação no Ministério Público Federal é tratada como oportunismo pela defesa dos acusados de integrar a quadrilha do Segundo Tempo, programa a que se destinavam os recursos enviados pela União.

Pedro Cardoso nega interesse político da corporação na Shaolin e afirma que as próximas operações serão isentas. ;É nosso papel investigar, abrir inquéritos e tudo será feito dentro da rotina legal que exige o pedido de permissão da Justiça e abre vista ao Ministério Público para se pronunciar;, diz o novo o diretor da Polícia Civil. As investidas da polícia serão a princípio iniciadas às sextas-feiras, como é de praxe na rotina policial. Um dos motivos da prática é evitar que os prazos de eventuais prisões temporárias, com duração de cinco dias, caiam no fim de semana, situação que dificulta o acesso à Justiça.

"Há muitos focos de criminalidade no DF. O que vamos fazer é organizar a polícia para combater de forma eficiente os principais problemas da cidade"
Pedro Cardoso, diretor da Polícia Civil do DF

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