Cidades

Nas eleições 2010, PT está mais perto de PDT e PSB

Com o aval do Palácio do Planalto, Partido dos Trabalhadores tem acordo encaminhado para lançar Agnelo governador, tendo na mesma chapa Cristovam Buarque e Rodrigo Rollemberg ao Senado

Ana Maria Campos
postado em 10/04/2010 08:08
Uma aliança encabeçada pelo ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz (PT), tendo como candidatos ao Senado o senador Cristovam Buarque (PDT) e o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB), está encaminhada. A união dos antigos parceiros tem as bençãos do Palácio do Planalto, mas a composição oficial para as eleições de 3 de outubro depende ainda de um obstáculo: o aval do diretório regional do PT-DF. A campanha de Agnelo precisa convencer petistas a retirar a pretensão de lançar pelo menos um concorrente ao Senado, ao lado de um pedetista.

No PT-DF, a decisão só sai em meados do próximo mês, quando o partido vai realizar sua convenção regional. Como tudo para os petistas, encontrar um consenso é praticamente impossível. Dessa forma, a chapa depende de uma negociação com as correntes que compõem as forças da legenda. Líder da tendência Movimento PT, o deputado Geraldo Magela ainda não desistiu oficialmente de concorrer a um mandato ao Senado, embora a direção do partido avalie que ele perdeu essa condição quando insistiu em disputar prévias ao governo com Agnelo.

O deputado distrital Chico Leite já se dispôs a concorrer internamente com Magela, e o ex-deputado Chico Floresta também se coloca na disputa. ;Já estamos fechados com o PDT, mas a direção do partido de Cristovam Buarque exige que a segunda candidatura ao Senado seja do PSB, com Rodrigo Rollemberg. Mas, no PT, as coisas não são decididas assim;, afirma o presidente regional do PT, Roberto Policarpo.

Alguns petistas, no entanto, se lançam no páreo para negociar espaços de poder em um futuro governo Agnelo ou se colocar bem na campanha do partido. Segundo integrantes do partido que participam das articulações, Magela tem levantado a possibilidade de apoiar a aliança com outros partidos e concorrer à reeleição como deputado federal, desde que possa indicar suplentes para as candidaturas ao Senado. Um dos nomes colocados é o de Hélio José, da corrente Base Petista e Socialista, conhecido como Hélio Gambiarra desde 1995, quando ofereceu a casa para um churrasco com a presença do então governador Cristovam Buarque e do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na festa, ele usou energia desviada de fiação da Companhia Energética de Brasília (CEB). Hélio teria o apoio de Magela para a suplência.

Aval
O acordo entre PT e PDT foi sacramentado com o aval do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que comanda nacionalmente o partido de Cristovam Buarque. Mas o senador pedetista afirma que a manutenção da aliança depende da boa vontade do PT em abrir espaço para uma frente de partidos que têm negociado uma composição eleitoral. São eles: PSB, PCdoB, PV, PPS, PMDB e PRB. ;Se o PT não fechar a chapa com esses partidos, a gente desfaz o entendimento;, disse Cristovam. Nesse raciocínio, o vice de Agnelo Queiroz deverá ser indicado pelo PCdoB, que já lançou Messias de Souza como candidato ao governo, ou um nome a ser designado pelo PMDB, presidido no DF pelo deputado Tadeu Filippelli.

O PPS vai apoiar a candidatura do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) à Presidência da República. Mas, no Distrito Federal, o comando do partido tem considerado a possibilidade de fechar com o PT. As principais metas do PPS são reeleger Augusto Carvalho deputado federal e uma bancada de deputados distritais, tendo como preferências Alírio Neto e o presidente regional da legenda, Cláudio Abrantes.

Roriz dá pontapé inicial na campanha

Com o pretexto de reinaugurar o escritório político no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) dará a largada hoje na campanha eleitoral de 3 de outubro. Em um ato político, Roriz fará discurso ao lado do deputado federal Jofran Frejat (PR), convidado para integrar a chapa como candidato a vice-governador. Ex-secretário de Saúde, Frejat também deverá fazer um pronunciamento.

Aliados, simpatizantes e curiosos deverão acompanhar a solenidade, marcado para começar às 14h. Para evitar problemas com a Justiça Eleitoral, já que atos oficiais de campanha só estão liberados a partir de 3 de julho, três meses antes do pleito, Roriz tentará medir as palavras. Mas passará o recado: quer ser candidato ao quinto mandato de governador do Distrito Federal.

O importante na inauguração é retomar as caminhadas pelas ruas do DF, interrompidas em novembro do ano passado, quando a Operação Caixa de Pandora foi deflagrada. Desde então, Roriz tem evitado aparecer em eventos públicos. De lá para cá, gravou um programa eleitorial do PSC e se encontrou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em São Paulo.

Nas últimas semanas, ele começou a retomar a agenda, mas ainda em ritmo lento. A intenção dos rorizistas é demonstrar a disposição do ex-governador, que lidera as pesquisas de opinião, de se candidatar novamente. Ele já venceu três eleições ao Executivo, mas seus dois últimos governos têm sido bombardeados como a origem do escândalo que resultou na derrocada de José Roberto Arruda.

Durval Barbosa, o colaborador das investigações do Ministério Público e da Polícia Federal (PF), responde a ações relacionadas a atos de corrupção praticadas no governo Roriz. Barbosa foi presidente da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan) durante as duas últimas gestões de Joaquim Roriz à frente do Buriti. A partir de 2007, após a eleição de Arruda, Durval Barbosa virou secretário de Relações Institucionais do GDF. (AMC)

Quem é quem

Agnelo Queiroz (PT)
Depois de disputar com o deputado federal Geraldo Magela e vencer as prévias do PT para a escolha do candidato do partido ao GDF, Agnelo tornou-se oficialmente o representante petista na disputa ao Executivo. Ex-deputado distrital e federal, foi ministro do Esporte no primeiro mandato do presidente Lula. Em 2006, deixou o cargo para concorrer a mandato de senador. Perdeu a eleição para Joaquim Roriz e se transferiu do PCdoB para o PT. Até o início de abril, Agnelo foi diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Cristovam Buarque (PDT)
Governador do Distrito Federal pelo PT entre 1995 e 1998, Cristovam tornou-se conhecido na cidade depois de ser reitor da Universidade de Brasília (UnB), entre 1985 e 1989. Perdeu a reeleição para Joaquim Roriz, em 1998, e montou a ONG Missão Criança. Eleito senador em 2002, ele foi no primeiro mandato de Lula, ministro da Educação. Depois do escândalo do mensalão, mudou do PT para o PDT, partido pelo qual concorreu em 2006 à Presidência da República.

Rodrigo Rollemberg (PSB)
Ex-deputado distrital, Rollemberg está no primeiro mandato como deputado federal. Neste ano, foi reconduzido pelo segundo ano consecutivo à função de líder do PSB na Câmara. No governo Cristovam Buarque, foi secretário de Turismo. Também exerceu cargo na esfera federal, como secretário de Inclusão Digital do Ministério da Ciência e Tecnologia. Já foi presidente do PSB-DF e mantém grande influência regional na legenda.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação