Ana Maria Campos
postado em 11/04/2010 08:35
O governador em exercício, Wilson Lima (PR), chega forte na semana que antecede a eleição indireta como qualquer chefe do Executivo que disputa a reeleição. E com uma vantagem: a confirmação de sua permanência no mandato-tampão abre novo espaço de poder que seduz justamente o seu colégio eleitoral. O comando da Câmara Legislativa, sob a gestão temporária do petista Cabo Patrício desde que Lima deixou a presidência para assumir o Palácio do Buriti, está na mesa de negociação. Se Lima virar governador de fato, os deputados distritais deverão eleger um novo presidente e um novo vice para a Casa.
[SAIBAMAIS]Os aliados de Wilson Lima têm prometido reciprocidade aos aliados de sua candidatura, ou seja, o futuro presidente da Câmara seria um dos eleitores do governador em exercício. Com tantos trunfos, Lima mantém o favoritismo, alimentado ainda pelo apoio do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), candidato que lidera as pesquisas de opinião para a outra eleição, a de 3 de outubro. Roriz admitiu ontem que apoia Wilson na corrida ao GDF. "Convidei o deputado Jofran Frejat (PR) para ser meu vice e ele aceitou. Na medida em que ele precisa que o partido lhe dê o aval, Wilson Lima é meu candidato. Não tinha outro caminho a não ser apoiá-lo", disse Roriz ao Correio. Com a promessa de voto de pelo menos oito distritais, os partidários da candidatura de Lima acreditam numa vitória no primeiro turno.
Mas os adversários apostam que o cenário pode mudar se a disputa passar para a segunda rodada. Para se eleger governador no próximo dia 17, o candidato terá de conquistar maioria absoluta dos votos, ou seja, o primeiro número após a metade. O quorum mínimo para haver a sessão é de 13 deputados. Se ninguém alcançar maioria, a eleição será levada para um segundo turno, no mesmo dia. O intervalo de discussão entre uma rodada e a outra pode mudar o quadro. Os deputados-eleitores poderão mudar de posição durante a nova negociação ao perceber a força de outras candidaturas.
Impugnação
Hoje, três concorrentes têm condições de se sobressair: o ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Ibañez (PT), o advogado Luiz Filipe Coelho (PTB) e o ex-presidente da Codeplan Rogério Rosso (PMDB). O petebista, no entanto, ainda tem um obstáculo: conseguir confirmar a sua participação no páreo. A Mesa-Diretora da Câmara deve impugnar amanhã o registro de sua candidatura porque ele tem menos de um ano de filiação partidária.
Advogado da carreira da Procuradoria-Geral do DF, Coelho tem pareceres de juristas e integrantes do Ministério Público a seu favor e pretende entrar na Justiça com mandado de segurança para disputar a eleição. Mesmo que consiga aval jurídico, ele terá dificuldades políticas para se eleger porque os deputados distritais preferem não escolher um concorrente que estará na disputa amparado numa liminar. Com o problema do petebista, dois nomes têm trabalhado para alcançar o segundo posto no ranking. Ibañez sai na frente com quatro votos da bancada petista. Mas não poderá contar com o apoio de José Antônio Reguffe (PDT) que em geral vota com o PT. O distrital pedetista decidiu não participar da eleição indireta por discordar do processo eleitoral.
Rosso sai com três votos peemedebistas. O presidente do PMDB, deputado Tadeu Filippelli, trabalha para costurar alianças. O líder do PT na Câmara Legislativa, Paulo Tadeu, disse que a bancada vai se abster no segundo turno, caso o candidato do partido fique fora. "Nossa decisão no diretório regional foi não apoiar nenhum dos candidatos colocados", explicou.