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Identificação por meio de DNA pode levar até 10 dias

Exame genético para mostrar de quem são os seis corpos resgatados em mata será realizado caso necessário

postado em 12/04/2010 08:18
A polícia diz não ter dúvida que os seis corpos encontrados ontem na área rural de Luziânia são dos seis jovens desaparecidos no município goiano do Entorno. Mas nenhum deles havia sido identificado pelo Instituto Médico Legal (IML) da cidade até o fim do dia. Caso seja necessário fazer exame genético, os resultados podem demorar até 10 dias.

O terreno íngreme dificultou o trabalho de policiais e bombeiros: os seis jovens foram enterrados em covas rasas próximas umas das outrasO assassino confesso, Admar de Jesus Santos, 40 anos, apontou o local onde estavam os cadáveres, um vale de aproximadamente 100m de profundidade, na área da fazenda Buracão, localizada a 1,7 mil metros da entrada de Luziânia. Segundo agentes da polícia que acompanharam a operação, as seis valas são distantes de 10 a 30m umas das outras, circunscritas em um raio de 300m.

A densidade da mata nativa e os declives do terreno dificultaram a entrada no terreno. Bombeiros precisaram serrar algumas árvores para facilitar o acesso dos 30 policiais civis ; sendo cinco peritos tecnico-científicos ; 15 federais e 15 bombeiros goianos que participaram do resgate.

Segundo os peritos, a profundidade do local onde as vítimas foram enterradas, classificada como mais fria e úmida, pode ter favorecido a conservação dos corpos. Conforme relataram agentes e bombeiros, as valas eram rasas e facilitaram os trabalhos. O provável homicida saiu da cena do crime por volta de 10h30, quando deparou-se com um grupo de jornalistas que acompanhava a operação. A aparição, muito aguardada pela imprensa, foi breve e causou tumulto. Logo em seguida, o camburão que transportava Admar saiu da fazenda em direção a Goiânia, onde ele passou a noite e seria interrogado na manhã de hoje.

Reconhecimento
Um pouco após a saída do pedreiro, parentes e amigos dos jovens mortos chegaram ao local. Muitos familiares de Márcio Luiz de Souza Lopes, 19 anos, o último dos jovens a desaparecer em 29 de janeiro, estiveram na fazenda enquanto eram retirados os corpos. ;De agora em diante, fica faltando um pedaço da vida da gente;, lamentou Marcelo Luíz de Sousa, irmão mais velho do jovem. ;Abril era aniversário do Márcio, da minha mãe, do meu pai, do meu filho. Era o mês mais aguardado do ano, mais que o Natal. Agora, no mesmo abril, descubro que meu irmão está morto;, disse, emocionada Lúcia Maria de Sousa Lopes. A mãe de Diego Alves Rodrigues. Aldenira Alves de Souza também acompanhou o trabalho da polícia.

Por volta de 11h, os corpos dos seis adolescentes já haviam sido desenterrados, mas, por falta de material para cobrir os cadáveres, a conclusão da operação acabou estendendo-se. Os restos mortais foram colocados em macas de alumínio ; cada uma carregada por seis homens ; e levados para o IML de Luziânia, onde, depois de identificados, passarão por necrópsia. O trabalho será feito pelos policiais técnico-científicos da Polícia Civil de Goiás, sob supervisão de legistas da Polícia Federal.

À tarde, familiares das vítimas foram chamados para reconhecer os corpos. Marcelo Luiz de Sousa, irmão de Márcio, esteve no local e afirmou que o caçula estava vestido com a mesma roupa do dia em que desapareceu.

Os parentes dos outros cinco jovens não compareceram ao IML para fazer o reconhecimento, mas foram questionadas sobre possíveis marcas que podem ajudar na identificação dos filhos, como tatuagens, cicatrizes, fraturas antigas e características da arcada dentária. Se identificados por esse método, os corpos podem ser liberados até amanhã.

Esforço conjunto
A operação de resgate dos corpos contou com a participação de 60 profissionais. Eram bombeiros, médicos legistas, peritos técnico-científicos e policiais civis e federais. Os encarregados pela investigação conjunta da Polícia Civil, delegado-chefe da Polícia Judiciária de Goiás, Josuemar de Oliveira; e da PF, delegado Regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Wesley Almeida; acompanharam o trabalho até o fim.

Ambos lamentaram o desfecho trágico do caso, mas ressaltaram a qualidade do trabalho desenvolvido pela cooperação. ;Não era o fim que queríamos, mas agora as famílias têm uma resposta;, disse Oliveira. O assassino confesso dos garotos Diego Alves Rodrigues, 13 anos, Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16; George Rabelo dos Santos, 17; Divino Luiz Lopes da Silva, 16; Flávio Augusto Fernandes dos Santos, 14; e Márcio Luiz de Souza Lopes, 19, acompanhou os trabalhos para apontar onde havia enterrado as vítimas. Cães farejadores também inspecionavam a área.

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