Cidades

Parentes de um dos meninos assassinados encontram ossada na Fazenda Buracão

O material foi encaminhado pela polícia ao IML para ser analisado. Autoridades goianas desconfiam que a área pode esconder cemitério clandestino

postado em 16/04/2010 08:17
Embaixo de árvores imensas da Fazenda Buracão pode estar escondido um cemitério clandestino de corpos humanos. A desconfiança das autoridades policiais goianas e federais surgiu, ontem, em meio à audiência pública com os membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado Federal. Familiares de um dos seis jovens disseram que encontraram mais ossos no mesmo local onde o pedreiro Ademar de Jesus Silva, 40 anos, apontou os corpos que ele garante ser dos adolescentes.

Presentes na audiência, o diretor do Departamento de Inteligência da Polícia Federal, delegado Marcos Salém, e o chefe do Departamento de Polícia Judiciária de Goiás, Josuemar Vaz de Oliveira, anotaram as informações do local onde parentes de Paulo Victor de Azevedo Lima, 16 anos, acharam um osso parecido com fêmur (osso da coxa) e outro semelhante a uma patela (ou rótula), que compõe o joelho de um ser humano.

As partes do provável esqueleto humano estavam a quatro metros do local onde os policiais encontraram, no domingo, o corpo de um dos seis adolescentes. No total, foram encontradas seis partes de um esqueleto. Eles estão no Instituto Médico Legal (IML) de Luziânia para análise.

O promotor de Justiça do município, Ricardo Rangel, afirma que vai cobrar uma resposta das autoridades policiais e da direção do IML sobre a nova ossada encontrada. ;Amanhã (hoje), enviarei um requerimento para lá (IML), ao presidente do inquérito do desaparecimento dos seis jovens, ao delegado Juracy José Pereira (da 1; Regional de Goiânia), para que expliquem esse novo fato;, disse Rangel.

Em entrevista ao Correio, ontem, Juracy disse que soube da descoberta de outros ossos que estavam enterrados na área da Fazenda Buracão. Para ele, o caso não tem relação com o sumiço dos seis jovens. ;Quem deve investigar é a delegacia responsável pela região;, disse ele, referindo-se ao Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), situado na Vila Guará, bairro de Luziânia.

Pertences

O cunhado de Paulo Victor retornou, ontem, à Fazenda Buracão, que fica a 2km de distância da entrada de Luziânia, e mostrou onde os ossos estavam. O jovem de 24 anos pediu para não se identificar. Ele encontrou mais uma parte do esqueleto que estava enterrado no mesmo local dos demais. O osso de 10cm parecia compor uma mão humana. Essa semana, ocorreram duas varreduras de policiais e bombeiros na região. Nada foi encontrado.

O cunhado de Paulo Victor disse que ele e outros dois parentes da vítima retornaram, na quarta-feira, à Fazenda Buracão para procurar algum pertence do garoto. Para isso, eles tiveram de colocar os pés na lama. Além da ossada, encontraram dois pares de sandália. Um, com tiras verdes, foi reconhecido pela irmã mais velha de Paulo Victor como sendo dele. ;Foi com ela que ele saiu daqui no último dia que nós o vimos (4 de janeiro);, lembra Maria Cristiane de Azevedo Lima, 25.

Segundo o cunhado do adolescente, os ossos estavam enterrados sob uma profundidade de 15cm. Os parentes usaram os pés para retirá-los. E recolheram os restos mortais que seriam de uma pessoa em um saco plástico preto. Em seguida, chamaram a polícia, que levou o material para o IML. A mãe de Paulo Victor, a funcionária pública Sônia Vieira, 45 anos, voltou ao local onde os corpos foram encontrados. Na frente da casa dela, uma faixa expressa a dor dos familiares com os dizeres: ;Estamos de luto;.

Pedido de regressão

No fim da tarde de ontem, a promotora Maria José Miranda protocolou na Vara de Penas e Medidas Alternativas (Vepema) do Tribunal de Justiça do DF um pedido de regressão de regime do pedreiro Ademar de Jesus Silva. ;Essa medida não deve alterar muita coisa no processo, mas é mais uma forma de garantir que ele fique detido;, afirmou a promotora.

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