postado em 19/04/2010 08:26
Rogério Rosso, o governador do Distrito Federal eleito por meio do voto indireto no último sábado, tomará posse no cargo às 10h de hoje, na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Com as circunstâncias impostas pela crise da Caixa de Pandora, o ingresso para a galeria de governadores vai custar um preço político alto para o novo chefe do Executivo, que assume em condição temporária, eleito pelo voto indireto e sob os olhares atentos de um Poder Judiciário ainda em fase de análise sobre a hipótese de intervenção federal no DF.Alguns desafios comuns à nova administração se impõem como uma questão de sobrevivência ao quarto governador do DF em um espaço de tempo pouco superior a dois meses. Rogério Rosso e Ivelise Longhi terão, a princípio, apenas oito meses para retomar a normalidade administrativa do DF, em um ano abalado pelas denúncias e naturalmente agitado em função das eleições de outubro.
E há uma lista extensa de assuntos pendentes. Finalização de centenas de obras, falta de remédios, dificuldade de atendimentos nos hospitais, surto de dengue, engarrafamentos, falhas no metrô, superlotação dos ônibus, falta de vagas para a frota, que chega a 1,1 milhão de carros, violência urbana. Problemas considerados crônicos. Além daqueles que precisam ser solucionados em caráter emergencial, como o caso da festa dos 50 anos do aniversário de Brasília, marcada para depois de amanhã. Há ameaça de que a festa pública ocorra em condições precárias ou que até mesmo deixe se ser realizada.
A chapa do PMDB dependia mais de uma costura política do que de um conjunto de propostas para se tornar vitoriosa no último sábado. Os compromissos firmados podem não ter sido os mais observados para a escolha dos 13 deputados. Mas serão avaliados no dia a dia pela população. Em sua plataforma de governo, concentrada em apenas oito meses, Rosso se comprometeu, por exemplo, a dar continuidade às obras, aos serviços e aos programas sociais, com o cuidado de checar a regularidade dos contratos e sem gastar mais do que comportam os cofres do GDF.
O candidato escolhido na eleição indireta também se comprometeu a reduzir cargos comissionados e repassar o dinheiro economizado com folha de pagamento para as áreas de interesse comum, como saúde e educação. Ele prometeu ainda agir em parceria com os órgãos de controle que estão de olho nos gastos do GDF.
Discurso
Rosso deve repetir esses compromissos no discurso que fará no plenário da Câmara Legislativa. Será ouvido pela família, por deputados, senadores, imprensa e eleitores, que poderão acompanhar a sessão pelo canal 9 da TV por assinatura NET, que transmitirá a sessão. Em um período recorde, Rosso tem a chance de começar hoje a reconstruir a reputação de uma cidade descarrilada em função dos escândalos políticos ou entrar no rol dos governos que colocaram o DF na mais profunda crise já ocorrida desde sua fundação, há 50 anos.
O número
10 horas
Horário marcado para a posse do governador-tampão do Distrito Federal, Rogério Rosso
O que esperar
Cenário
Conheça os principais desafios a serem enfrentadas pelo novo governador-tampão do DF
Tempo
O governador-tampão terá apenas oito meses para chegar, se adaptar, organizar equipe, resolver problemas e implementar os projetos de governo. Tudo isso em ano de eleição, quando os políticos ficam dispersos em função da campanha.
Auditorias
A exposição pública de denúncias de corrupção no DF voltaram os olhares dos órgãos de controle para a situação local. Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), por exemplo, sugeriu a suspensão do repasse de recursos para a capital. O governo que entra precisará de habilidade para manter projetos importantes para a população sem descumprir orientações do TCU e do Tribunal de Contas do DF.
Obras
Uma das marcas do governo implodido com as investigações da Caixa de Pandora era a realização de obras. Um volume de mais de duas mil foram iniciadas, mas a maioria está inacabada. A crise diminuiu o ritmo das construções. Sem condições de cumprir o cronograma inicial, o governo que entra terá de retomar a agenda das obras, elegendo as prioridades para a população.
Serviços essenciais
Duas áreas em especial, a saúde e o sistema de transporte público, se apresentaram como os principais problemas da gestão Arruda, que cumpriu pouco mais de três anos de mandato. As dificuldades de acesso aos hospitais públicos, os congestionamentos e a falta de um transporte de qualidade estão no topo das reclamações da população. Essas questões serão vistas como termômetro na gestão provisória.