postado em 19/04/2010 18:26
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) lançou hoje (19) um livro que reúne estudos e documentos sobre a fundação de Brasília. O livro Veredas de Brasília, que marca o 50; aniversário da capital brasileira, relata, por exemplo, as expedições e os caminhos que levaram à escolha do local da capital do país.O livro revela que a transferência da capital do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste era cogitada desde o período colonial e ganhou força com as constituições de 1946 e 1948. As análises feitas por técnicos e cientistas sobre a situação de possíveis futuras sedes fortaleceram a escolha.
;Em um primeiro momento a ideia era de transferência [da capital] para um ponto central que levaria progresso para os sertões e ampliaria o mapa político do Brasil. E junto com isso, estava o apontamento do Rio de Janeiro como uma cidade insalubre;, lembra uma das autoras da publicação, Nísia Trindade Lima, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Nísia Trindade disse que as primeiras comissões de técnicos revelaram o aspecto paradisíaco dos sertões goianos ou o Coração do Brasil, como era chamada a região do Planalto Central. A autora destaca ainda a polêmica em torno da decisão. Segundo ela, outra comissão, formada por cientistas da Fiocruz, revelou um cenário diferente sobre o Planalto Central, alertando para o problema da doença de Chagas na região. Isso teria aguçado a disputa por outros locais que poderiam sediar a capital, como o Triângulo Mineiro.
Mas o Planalto Central acabou sendo a escolha definitiva, na década de 50, antes mesmo da posse do então presidente Juscelino Kubitschek, pois o que estava em questão era interiorização da capital do país.
O organizador do livro, Nelson Senra, defende que ;enquanto desenvolvimento do interior do país, a escolha foi um acerto. [Brasília] Foi uma cabeça de ponte importante para estimular uma nova população entrando pelo território, novas estradas integrando todas as regiões do país. Nesse sentido a interiorização foi importante;.
O pesquisador, no entanto, questiona a necessidade de se construir uma nova cidade para receber a capital. O fundador do IBGE, Teixeira de Freitas, citado na publicação, dizia que não era necessário e que poderia transferir a capital do país para Belo Horizonte, pensando em uma nova divisão do território nacional.
Mesmo sem unanimidade na resposta a essa questão, os pesquisadores que participaram da edição de Veredas de Brasília concordam que a cidade deu ao país um saldo muito positivo, com a interiorização da população, o povoamento, aumento da ocupação e a integração das regiões.