Cidades

Moradores são retirados das ruas em Ceilândia

Juliana Boechat
postado em 20/04/2010 09:23
A Administração Regional de Ceilândia iniciou, na manhã de ontem, uma operação para retirar moradores de rua de alguns pontos da cidade. Equipes da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), da Polícia Militar, da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest) e do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) passaram em oito lugares. A ação continuará nas próximas semanas em mais de 30 endereços, durante o dia e à noite. Ontem, foram apreendidas 20 pessoas, além de roupas, facas e cachimbos ; utilizados por usuários de crack. Parte das intervenções aconteceram em lugares onde moram famílias que passam a semana nas ruas em busca de dinheiro. Mas a maioria das pessoas revistadas era de consumidores de drogas.

As primeiras abordagens ocorreram no viaduto do metrô, na QNN 26. De lá, a equipe seguiu para a QNN 40, na Avenida Elmo Serejo. Algumas famílias avistaram a operação e fugiram. Deixaram para trás pertences e lixo. Maria*, 13 anos, esperava o retorno da mãe, que havia saído em busca de frete para levar os materiais para casa. Mas, durante toda a manhã, a mulher não apareceu. Maria, então, resistiu. ;Tem que esperar minha mãe. Ninguém aqui vai levar nada do que é meu;, gritava. Ela chorou, segurou as sacolas com força e enfrentou os policiais. Sem a presença do responsável de Maria, a administração solicitou apoio do Conselho Tutelar, que, depois de muita conversa, convenceu a menina a ir para casa em um carro do governo.

Em frente à Feira Permanente da Guariroba, ao Estádio Abadião e ao Supermercado Tatico, a situação se repete. Mas, nesses casos, a maioria das pessoas encontradas utilizavam os barracos para consumir drogas. Em frente ao Abadião, três homens ; de 21, 24 e 33 anos ; foram flagrados mantendo relações sexuais em uma cabana improvisada. Dois portavam isqueiros e cachimbos para utilizar drogas. Perto dali, cerca de 15 pessoas se escondiam em uma barraca de papelão. Todos foram revistados, mas acabaram fugindo. ;Todos aqui consomem drogas há algum tempo. Não usamos no meio da rua para ninguém se expor. Por isso a gente se esconde;, disse um homem que se identificou como José, 44 anos.

Segundo o tenente Giuliando Enok, um dos responsáveis pela operação, alguns pontos são difíceis de serem alcançados, principalmente aqueles próximos ao metrô. ;Quando nos veem chegando, jogam a droga nos trilhos do trem;, disse. O administrador de Ceilândia, Renato Santana, disse que repetirá a operação. Os moradores de rua são levados à delegacia e, então, encaminhados aos Centros de Referência em Assistência Social (Creas).

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