postado em 21/04/2010 07:59
Na tentativa de reavivar a trajetória dos deputados e senadores que, há 50 anos, foram trazidos do Rio de Janeiro para a nova capital, os deputados federais promoveram uma programação especial na manhã de ontem.A celebração começou com uma visita ao Bosque dos Constituintes(1), atrás da Praça dos Três Poderes. Em um ato simbólico, o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, o ex-deputado federal Carlos Murilo e o diretor-geral da Casa à época da vinda para cá, Luciano Brandão, semearam mudas de baobá-do-cerrado.
Murilo é mineiro, sobrinho de JK e veio como parlamentar para Brasília na inauguração do Congresso. Era também membro da Comissão Permanente do DF, criada pela Câmara dos Deputados para tornar realidade a transferência do parlamento para a nova capital. ;Quando cheguei aqui, no início da construção, era só mato;, relatou. ;Lembro-me de JK no meio de onde seria a Praça dos Três Poderes apontando onde o Congresso ia ficar, a própria praça, o Palácio do Planalto e o da Justiça. Ninguém acreditava na cidade, achavam que seria um cemitério de tão vazia.;
Arte
Durante o plantio, Temer apresentou um protótipo da calçada desenhada por Athos Bulcão, que será construída no eixo central do bosque ; o local deve se tornar um parque estruturado em até três anos. A Câmara tem um projeto em andamento para incentivar a visitação. A calçada, a única desenhada pelo artista, terá 700 metros de extensão e 3 metros de largura.
Em seguida, eles seguiram para mais perto do Congresso Nacional e inauguraram, para orientar a população, a placa do Fórum de Palmeiras Imperiais. Muita gente não sabe, mas aquelas árvores altas plantadas na entrada da Praça dos Três Poderes foram o primeiro conjunto paisagístico de Brasília. Está registrado no Relatório do Plano Piloto, de Lucio Costa. O urbanista faz referências no texto ao arquiteto francês Le Corbusier, que havia proposto esse fórum em um encontro entre eles, em 1963, durante o desenvolvimento do projeto do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, onde não havia espaço para a vegetação.
No fim da manhã, no plenário da Câmara dos Deputados, pioneiros, embaixadores e a população participaram de uma solenidade. O público foi recepcionado por atores caracterizados como JK e dona Sarah, entre outras personalidades históricas. Os parlamentares discursaram em homenagem à cidade e ressaltaram a importância do Congresso Nacional. ;Brasília é muito maior que seus problemas;, resumiu Michel Temer.
1 - Exaltação ecológica
O local é repleto de árvores plantadas pelos parlamentares integrantes da Assembleia Nacional Constituinte em 4 de outubro de 1988, véspera da promulgação da Constituição cidadã. Nela, pela primeira vez na história das constituições brasileiras, havia um artigo que tratava exclusivamente da proteção ao meio ambiente.
São Paulo comemora
>> Ullisses Campbell
São Paulo ; A maior cidade do país vai se render hoje ao cinquentenário de Brasília. Na noite de hoje, quando a capital federal estiver soprando as velinhas, a fachada do Conjunto Nacional, prédio histórico localizado na parte mais movimentada da Avenida Paulista, servirá de tela gigante para a projeção de um vídeo com 78 imagens da construção da capital federal. Todas as fotografias são do francês Marcel Gautherot. Ele foi escolhido por Oscar Niemeyer para registrar em fotos o levantamento da obra faraônica para a época.
A exposição das imagens será organizada pelo Instituto Moreira Salles (IMS) e pela Prefeitura de São Paulo, que vão homenagear o meio século de Brasília também com o lançamento do livro Brasília, contendo as imagens projetadas no imenso telão de 6m de altura por 35m de comprimento. ;Não existe registro mais rigoroso, eficaz e abrangente de Brasília do que o feito por Gautherot;, diz o realizador da exposição, Sergio Burgi.
A escolha pela famosa Avenida Paulista bem na esquina da Rua Augusta para fazer a projeção não ocorreu á toa. Segundo os organizadores, é o pedacinho de São Paulo que mais se parece com Brasília, uma vez que o Conjunto Nacional paulista lembra o prédio homônimo brasiliense. ;Não tem como traçar um paralelo entre uma cidade planejada, com um forte viés arquitetônico, e uma metrópole que cresceu desordenadamente como São Paulo;, justifica Burgi.
As fotos que serão projetadas foram feitas entre 1958 e meados dos anos 70. Pelo menos 35% delas são inéditas.