Naira Trindade
postado em 21/04/2010 08:29
O inquérito policial que vai investigar o desaparecimento de Eric dos Santos, 15 anos, foi aberto ontem, exatamente um mês após o sumiço do adolescente do município goiano. A demora, além de desrespeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina investigação imediata nesses casos, repete o caso dos seis adolescentes que desapareceram da cidade entre 30 de dezembro de 2009 e 22 de janeiro deste ano. Levantamento do Ministério Público de Luziânia revela que os familiares dos jovens tiveram que esperar por semanas até que os inquéritos de seus filhos desaparecidos fossem instaurados.Dezesseis dias se arrastaram até que a Polícia Civil de Goiás abrisse a investigação do desaparecimento de Diego Alves, um garoto de apenas 13 anos que vivia tranquilamente com a família em Luziânia e nunca havia demostrado interesse em sair de casa. Durante esse período, outros quatro desapareceram, mas sequer foram incluídos no mesmo processo. Isso ocorreu em 25 de janeiro, segundo levantamento do MP.
Titular da 5; Delegacia Regional de Polícia de Luziânia, José Luiz Martins, justifica a demora dos inquéritos com a ausência de crimes em desaparecimentos. ;Não se instaura inquéritos para investigações de desaparecidos, pois não são considerados crimes. A polícia instaura inquéritos apenas em casos em que há alguma relação com crimes;, pontua. ;No caso do Eric, vamos apurar o desaparecimento para dar tranquilidade aos familiares. Mas é imaturo afirmar ou desprezar a relação do desaparecimento dele com os outros seis adolescentes;, ressaltou.
As mães dos seis adolescentes estiveram na 5; Delegacia Regional de Luziânia ontem para tentar reconhecer roupas, acessórios e objetos pessoais dos filhos retirados do quarto do pedreiro Ademar de Jesus Silva, 40 anos, quando de sua prisão, no último dia 11. A mãe de Márcio Luiz Lopes Souza, a dona de casa Maria Lúcia Lopes Souza identificou a bicicleta que o filho usava no dia do sumiço. Ela estava pintada de vermelho, mas ainda tinha um adesivo do Batmam.
A funcionária pública Sônia Vieira de Azevedo Lima, 45, mãe de Paulo Victor de Azevedo Lima, 16, identificou o celular e o MP5 que o filho havia comprado 15 dias antes de sumir. ;Eu consegui me conter porque não tinha nenhum apego com os objetos que vi, mas se tivesse visto alguma roupa dele, não sei se aguentaria segurar o choro;, disse. A contadora Valdirene Cunha, mãe do Flávio, também reconheceu a bicicleta azul que o filho havia levado à oficina para consertar antes de desaparecer. As outras mães não identificaram nenhum objeto ou roupas como sendo dos filhos.
Em Goiânia, segue a investigação da morte do pedreiro Ademar de Jesus Silva, no domingo. Peritos da capital goiana confirmaram que ele se suicidou no último domingo, usando uma trança de pano. Na manhã de ontem, nenhum familiar de Ademar esteve no IML de Goiânia, onde está o corpo do assassino confesso de seis adolescentes. Agentes e presos da Delegacia de Repressão a Narcóticos (Denarc), onde Ademar estava sozinho em uma cela, prestaram depoimento ontem.
Colaboraram Ary Filgueira e Diego Amorim