Cidades

Governador faz mudanças em ritmo lento

Rosso substituiu poucos nomes nas secretarias do Executivo, o que tem deixado alguns distritais ansiosos e impacientes pela partilha do poder

postado em 23/04/2010 08:04
>> Lilian Tahan
>> Luísa Medeiros
>> Ana Maria Campos


Um dos compromissos de Rogério Rosso (PMDB) na breve campanha dirigida aos distritais foi promover mudanças drásticas na administração pública. Mas, por enquanto, ele fez alterações pontuais, substituindo os cargos estratégicos mais ligados à governadoria. O ritmo do novo chefe do Executivo, que calcula cada movimento para se precaver de uma possível intervenção federal no DF, tem causado ansiedade em seu colégio eleitoral. Representantes do grupo que o elegeu e mesmo os deputados contrários à sua vitória cobram a transfiguração do Executivo.

Em três dias de governo, Rosso nomeou sete pessoas para o alto escalão do GDF: na Secretaria de Governo, Planejamento e Gestão, na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, na Companhia de Desenvolvimento Habitacional, na Chefia de Gabinete e na Gerência dos Condomínios. No Diário Oficial do DF publicado no início da noite de ontem, Rosso confirma a indicação do major Leonardo Moraes para a chefia da Casa Militar. Ele era administrador de Ceilândia, época em que assumiu o cargo por indicação de Benício Tavares. Fez várias campanhas para Joaquim Roriz ao lado da mulher, Sílvia Guimarães, líder comunitária na cidade. Já a chefia de Casa Civil foi extinta e suas atribuições migraram para a pasta de Planejamento e Gestão.

O total de indicações ainda é pouco para eleitores que aguardam ainda a confirmação de acertos anteriores à vitória de Rosso na escolha indireta. Importante articulador para o êxito do peemedebista na Câmara, o deputado Alírio Neto (PPS) considera essa ansiedade natural ;para ver concretizadas as mudanças técnicas que foram compromissadas. Tá certo que são só quatro dias com um feriado no meio, mas há que sinalizar que os compromissos serão honrados;. Ele faz menção às alterações técnicas, mas é fato que os deputados também aguardam as substituições de caráter político. ;Os distritais estão apreensivos. Ficam na expectativa do Diário Oficial para saber em que momento os acordos serão honrados e, até agora, muito pouco ou quase nada se cumpriu;, avalia um assessor da Câmara Legislativa com trânsito entre os parlamentares.

A cobrança a Rosso na Câmara tem diferentes matizes partidárias. O PT, que endossou a vitória de Rosso à Câmara Legislativa, já reclama de demora. Para o líder do partido na Casa, Paulo Tadeu, ;o governador até hoje não tomou medidas saneadoras estruturais, fez mudanças pontuais de indicados, uma troca de nomes. Estamos aguardando as medidas reais;, cobrou Tadeu. Ele nega uma aliança formal entre PT e PMDB e condiciona essa parceria à conduta do governador que seu partido ajudou a eleger.

Oposição
Se com menos de uma semana aliados já reclamam, os distritais que
torceram contra o ingresso de Rosso no governo se sentem ainda mais à vontade. Atuando como uma espécie de porta-voz da oposição a Rosso na Câmara Legislativa, o deputado Milton Barbosa (PSDB) subiu à tribuna para dar conselhos, num tom de ironia, a Rogério Rosso, a quem chamou de ;garoto novo;. ;Antes de ele (Rosso) demitir trabalhadores que estão dependendo da alimentação dos seus filhos, deveria adotar medidas saneadoras;, criticou Milton, irmão de Durval Barbosa, que se tornou pivô da Operação Caixa de Pandora ao revelar em vídeos e depoimentos o suposto esquema de corrupção do GDF.

Milton Barbosa chamou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de ;escola de rapinagem, de trapincolagem (hábito de não pagar dívidas), de corrupção;. E fez uma provocação ao dizer que o atual governador conhece muito bem a secretaria. ;Ninguém ou quase ninguém consegue um terreno no Pró-DF sem pagar um preço, e esse preço com certeza não vai para os cofres públicos não, vai para o bolso de alguém;, denunciou o parlamentar Barbosa, que ainda opinou sobre o Banco de Brasília, a CEB, a Caesb e a Codhab.

Polícia Civil
Na Polícia Civil do Distrito Federal, a disputa(1) também é grande. São cotados para comandar a corporação o atual diretor, Pedro Cardoso, e o delegado Antônio Coelho. Ex-titular da 2; Delegacia de Polícia do DF, na Asa Norte, Coelho é muito influente no meio político. Já assessorou o deputado Benício Tavares (PMDB) na Câmara Legislativa e manteve amizade com o ex-senador Luiz Estevão e com o ex-chefe de gabinete do governador Fábio Simão. Em 2007, Coelho, que fez campanha para José Roberto Arruda, era cogitado para assumir a Direção-Geral da Polícia Civil, mas perdeu a indicação para o delegado Cleber Monteiro, hoje aposentado. Quando Monteiro deixou o cargo, Coelho voltou a ter o nome considerado para o posto, mas acabou novamente preterido por Cardoso.

A permanência do atual diretor-geral da Polícia Civil é apoiada pelo deputado Laerte Bessa (PSC), que comandou a instituição entre 1999 e 2006. Bessa disse que o governador Rogério Rosso já lhe garantiu que nada muda na Polícia Civil do DF. ;Gosto do Coelho e ele terá a sua vez, mas em time que está ganhando não se mexe. Essas mudanças causam instabilidade na Polícia Civil;, avalia Bessa, um dos principais aliados do ex-governador Joaquim Roriz (PSC). De acordo com Bessa, Rosso lhe prometeu ainda que o atual corregedor, o delegado Haendel Silva Fonseca, continuará no cargo. Se Coelho não for indicado para o comando da Polícia Civil, ele deverá virar diretor do Departamento de Trânsito (Detran-DF).

1 - Influência negada
Havia uma expectativa de que o deputado distrital Alírio Neto (PPS), por ter sido um dos articuladores da vitória de Rosso, teria influência na área de segurança pública, mas ele disse que não vai indicar nem o diretor-geral da Polícia Civil nem o secretário de Segurança Pública.

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