postado em 27/04/2010 08:10
A Polícia Civil de Goiás promoteu intensificar as investigações sobre o desaparecimento de Hellen Uchôa Barroso, que sumiu, aos 11 anos, em 15 de maio de 2005, depois de sair para visitar um irmão no hospital da cidade. Desde então, a família não teve mais notícias da garota. A história de Hellen foi contada pelo Correio na edição de ontem. O chefe do Departamento de Polícia Judiciária de Goiás, delegado Josuemar Vaz de Oliveira, disse que pretende analisar o caso e informou que buscou mais detalhes da ocorrência.A comunicação do sumiço da criança foi feita na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), em Brasília, pois, à época, a polícia goiana estava em greve. No entanto, a ocorrência foi encaminhada para a Delegacia Regional de Luziânia em 2 de junho do mesmo ano. ;Vamos procurar saber o que aconteceu;, resumiu ontem o delegado, após anotar o nome da criança e da mãe.
A reposta do delegado encheu de esperança a dona de casa Raimunda Uchôa Bezerra, 42 anos. Resignada, a mãe da menina diz preferir saber a verdade por pior que seja do que carregar a dúvida pelo resto da vida. ;Se minha filha tiver morta, é melhor eu saber logo. Vai ser muito doído ter de enterrar minha menina, mas pelo menos não vou dormir pensando que ela pode estar sofrendo, passando fome;, disse, emocionada.
Ontem, Raimunda foi ao Instituto Médico Legal (IML) de Luziânia para cobrar pressa na análise da ossada encontrada em 18 de abril na Fazenda Buracão. Os restos mortais foram desenterrados em uma área próxima ao local onde foram encontrados os corpos dos seis garotos desaparecidos na cidade e, supostamente, mortos pelo maníaco Ademar de Jesus Silva(1), que confessou ter assassinado as vítimas. Por tudo o que ocorreu na região, ela acredita que Hellen possa ter caído nas garras do pedreiro, que, em 2005, morava a 900 metros de sua casa.
Apesar dos apelos para que seja agilizada a análise da ossada, a mãe da garota não obteve uma resposta convincente. ;É sempre assim. Venho saber notícias da minha filha e eles me tratam com descaso. Ninguém se preocupa com o nosso sofrimento porque não aconteceu com os filhos deles;, reclamou.
Resultados
Esta semana será decisiva para as mães dos seis adolescentes que desapareceram de 30 de dezembro de 2009 a 22 de janeiro deste ano, já que está prevista a finalização e a divulgação do resultado do exame de DNA realizado nas seis ossadas encontradas na Fazenda Buracão, que podem ser dos jovens Flávio Augusto Fernandes, 14 anos; Paulo Vitor de Azevedo Lima, 16; Márcio Luiz Souza Lopes, 19; Diego Alves Rodrigues, 13; Divino Luiz Lopes, 16, e George Rabelo dos Santos, 17 anos. Ontem, funcionários do Centro de Referência Especializada de Assistência Social de Luziânia procuraram as mães dos jovens para orientá-las a como proceder após a liberação dos corpos.
Os detalhes dos funerais também foram discutidos. O funeral ; que será coletivo ; deve ocorrer assim que o IML de Luziânia liberar os corpos. ;Temos um grupo, formado por assistente social, psicólogo, psicanalista, pedagoga e advogada, que está ajudando essas mães. Algumas não têm todos os documentos e nós as ajudamos a tirar. A parte psicológica também está sendo tratada como prioridade. Umas estão reagindo melhor ao trauma da perda do filho, outras estão se isolando. Tentamos contribuir para que elas superem bem esse momento de dor;, explicou a gestora do Creas Pilar Magno Rodrigues.
1 - Suícidio na prisão
O pedreiro Ademar de Jesus da Silva, 40 anos, assassino confesso dos seis jovens desaparecidos de Luziânia (GO), foi encontrado morto dentro de uma cela da polícia goiana oito dias após ser detido. O IML de Goiânia informou, por meio de um laudo preliminar divulgado na última quinta-feira, que ele havia se suicidado, mas o Ministério Público de Goiás pediu que fossem feitos novos exames antes de o corpo ser liberado para o enterro.
"Temos um grupo que está ajudando essas mães. Umas estão reagindo melhor ao trauma da perda do filho, outras estão se isolando"
Pilar Magno, gestora do Centro de Referência Especializada de Assistência Social de Luziânia
Pilar Magno, gestora do Centro de Referência Especializada de Assistência Social de Luziânia