postado em 28/04/2010 08:15
Quem circulou na terça-feira (27/4) pela Rodoviária do Plano Piloto encontrou imundície por todos os lados. Lixeiras transbordavam e o chão ficou coberto de panfletos, guimbas de cigarro e restos de comida. O mau cheiro dos banheiros podia ser sentido à distância. ;Já tive que empilhar muito lixo atrás da minha cabine fotográfica;, afirmou o fotógrafo Raimundo Nonato, 59 anos. A Rodoviária é só um dos vários locais afetados com a greve dos trabalhadores filiados ao Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio, Conservação, Trabalho Temporário, Prestação de Serviços e Serviços Tercerizáveis no DF (Sindiserviços). Na prática, serventes, copeiros, secretários, garçons, porteiros, entre outras categorias, que prestam serviços aos órgãos públicos locais, paralisaram as atividades. A presidente do sindicato, Maria Isabel Caetano dos Reis, estima que 3.600 trabalhadores pararam ontem.;O terceirizado só consegue as coisas quando cruza os braços. A sociedade acha que não fazemos falta;, afirma ela. Os trabalhadores reivindicam aumento de 53% no piso salarial, atualmente em R$ 502, abaixo do salário mínimo nacional, de R$ 510. Também cobram reajuste de R$ 8 para R$ 15 no tíquete-alimentação. Depois de quatro meses de negociação com os patrões, explica ela, não se chegou a nenhum consenso. A categoria decidiu pela paralisação na última segunda-feira, durante assembleia.
Enquanto isso, o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação, Trabalho Temporário e Serviços Terceirizáveis do Distrito Federal (Seac) considera o pedido inviável. O presidente da entidade, Luiz Cláudio La Rocca, acusa o Sindiserviços de não estar mantendo o efetivo mínimo de 30% de funcionários durante a greve, uma exigência da Constituição Federal.
Assembleia
Ontem, durante nova assembleia dos trabalhadores, a presidente do Sindiserviços chegou a comemorar o fato de o Distrito Federal estar com 12 hospitais e todos os ministérios ;parados;, ou seja, sem ninguém da equipe de terceirizados. Ao ser questionada sobre o assunto, ela assegurou que 30% do efetivo estaria atuando. Mesmo assim, diretores dos hospitais de Sobradinho e da Asa Norte (Hran) encaminharam documento às empresas alegando que haveria menos funcionários do que o exigido. A Secretaria de Saúde afirma que o funcionamento dos hospitais não chegou a ser prejudicado pela paralisação. Já a Secretaria de Educação assegurou que, mesmo em situação precária, as escolas funcionarão normalmente. Apenas um colégio em São Sebastião teria decidido não abrir as portas hoje.
A próxima rodada de negociações entre patrões e empregados está marcada para o próximo dia 29, às 16h, no Ministério Público do Trabalho. Enquanto isso, os brasilienses terão de conviver com a sujeira em escolas, hospitais e diversos órgãos públicos do Distrito Federal. O governo local exigiu ontem que as empresas prestem os serviços, sob pena de terem os contratos cancelados.
Em negociação
O que os empregados querem:
Reajuste salarial de 53%, passando de R$ 502 (piso) para R$ 768
Reajuste no tíquete-alimentação, de R$ 8 para R$ 15 (valor diário)
O que os empregadores oferecem:
Reajuste de 4,31%, de acordo com o INPC ; o piso salarial passaria a ser R$ 523,60
Reajuste no tíquete-alimentação de R$ 8 Para R$ 10