Liana Sabo
postado em 03/05/2010 08:10
Por algumas horas, a edição 2010 da ExpoVinis, maior feira de vinhos da América Latina, realizada semana passada no Expo Center Norte, em São Paulo, se transferiu no sábado para Brasília. O ar poluído da capital paulista deu lugar a um céu azul e à temperatura típica do cerrado, que fica menos quente quando sopra o vento que agita as águas do lago. Foi lá, à beira do Paranoá, que a turma do vinho se reuniu para participar do 1; Del Maipo Tasting, degustação de dezenas de amostras trazidas por 22 vinícolas do Velho e do Novo Mundo ; algumas representadas pelo próprio dono, outras pelo enólogo e ainda outras por diretores da área comercial.A ideia foi dos dirigentes da Del Maipo, maior importadora brasiliense de bebidas e uma das 10 mais importantes do Brasil. ;Quando soube que diversos produtores europeus queriam vir a Brasília, depois da feira em São Paulo, falei para o Álvaro (Torres, dono da empresa): ;Vamos fazer um evento aqui também;;, contou o empresário Cyro Torres Júnior, eufórico com o sucesso da degustação, que durou mais de seis horas (das 14h às 20h) e reuniu cerca de 400 pessoas no I Maestri Lounge, balsa ancorada no píer do Golden Tulip Brasília Alvorada Hotel.
Um dos melhores goles foi o do champanhe Gardet, que estreia no Brasil com nove rótulos ; entre eles, Brut Tradition e Brut Rosé, ambos com 90 pontos conferidos pelo Wine Spectator. ;A safra é coisa muito séria;, repetia o chef-restaurateur Francisco Ansiliero, impressionado com a Charles Gardet 2000. Ele destacou ainda um fino e complexo riesling e o surpreendente pinot poir(1), produzidos em Baden-Würtemberg (Alemanha) e trazidos pelo diretor da vinícola, Michael Dilewski, que esteve um ano atrás em Brasília comandando degustação na embaixada alemã. Este ano, a boa notícia é que os preços estão menores. Outro destaque foi o rosé Saint-Sidoine, da Provence (França), que chega no fim do mês.
Destaques
Entre os tintos, havia algumas preciosidades, como o La Mula, elaborado a partir de vinhedos com mais de 100 anos. O potencial de guarda desse vinho ;100 % tinta de Toro, que é como se chama a uva tempranillo na região de Doro ; pode chegar a mais de 20 anos. Produzido pela Quinta de La Quietud, o vinho sai por R$ 590.
Já na Ribera del Duero, a uva tempranillo se chama tinta del país e é com ela que é preparada a Avan, uma linha de três vinhos. O Terruño del Valdehernando obteve o terceiro lugar na lista Top Ten da ExpoVinis. Marcante com taninos vivos é o Gran Calzadilla, cuja safra 2004 mereceu 92 pontos de Robert Parker. A bodega Calzadilla, que começou em 1980 com uma pequena plantação nas terras de Castilla y Leon, produz na garrafa magnum o vinho Fernando Alonso, a pedido do bicampeão espanhol de Fórmula 1, um amante de tintos. ;Todos os espanhóis arrebentaram;, comentava Antonio Matoso, professor de vinho da ABS (Associação Brasileira de Sommeliers de Brasília)
Em meio a tanto vinho, o artigo mais solicitado era a boa e pura água servida fresca por uma equipe de garçons, cuja atuação mereceu destaque ao lado das criações do chef Rodrigo Sanchez, que desenvolveu uma série de tapas (petiscos de origem espanhola) com produtos importados pela casa: azeitonas, queijos, pimentões e presuntos.
1 - Uvas preciosas
A riesling é uma casta de uva originária da região compreendida por Alsácia, França, Alemanha e Áustria. É conhecida por sua elevada acidez. Já a pinot noir é uma uva tinta originária da Borgonha, sudoeste da França, com a qual são produzidos vinhos nobres como o Romenée-Conti, o Volnay e o Clos de Vougeot.