postado em 04/05/2010 08:37
Ele chegou cerca de uma hora mais cedo, da mesma forma que fez em 3 de maio de 1957, quando assistiu à primeira missa realizada no pedaço do cerrado que viria a abrigar Brasília. Na noite de ontem, o destino do pioneiro Adirson Vasconcelos, 73 anos, foi o mesmo: a cerimônia que relembrou o ato religioso realizado nas imediações do Memorial JK, durante a inauguração do início da ocupação do Planalto Central. ;São 50 anos da cidade que, naquele dia da primeira missa, ainda era apenas um descampado presenteado com um lindo céu azul;, recorda o pioneiro.Na época, Adirson foi para a missa ; celebrada às 10h da manhã ; de carona em um pequeno caminhão. Na bagagem, uma máquina fotográfica, um gravador e a caderneta para fazer a cobertura jornalística do grande evento. ;Naquele dia, eu perdi a minha bolsa e nunca mais achei. Em compensação, encontrei nessa cidade grandes e boas amizades;, brinca o pioneiro, que no mesmo ano se mudaria para o que viria a ser a nova capital da República. ;No sermão, lembro que o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Carlos Carmelo, que celebrou a missa, disse que o Brasil tinha três grandes momentos: o descobrimento, a independência e aquele dia, quando iniciava-se a ocupação do Planalto Central;.
Adirson foi uma das cerca de cinco mil pessoas que acompanharam a missa celebrada ontem pelo núncio apostólico dom Lorenzo Baldisseri como parte das festividades do Jubileu de Ouro de Brasília ; que comemora os 50 anos da capital e também o cinquentenário da Arquidiocese da cidade. O evento reuniu cerca de 400 bispos, presbíteros, embaixadores e fiéis de todo o país. Também pioneiro da cidade, o coronel Geraldo Silva, 82 anos, foi à missa acompanhado da esposa e da filha. Ele não esteve presente à celebração em 1953, mas compareceu à cerimônia religiosa de inauguração da capital, em 21 de abril de 1960. ;Eu gosto de acompanhar esses momentos e relembrar quando tudo começou. Eu vi essa cidade ser abençoada pelo papa João XXIII e essa bênção tem que ser constante;, considera.
Dando continuidade às celebrações festivas ao ano de jubileu, começa hoje no DF a 48; Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. Já entre 13 e 16 deste mês, a capital federal receberá o XVI Congresso Eucarístico Nacional (CEN), cujo tema será Eucaristia, pão da unidade dos discípulos missionários. A expectativa é receber 300 mil pessoas que buscam aprofundar a doutrina e a espiritualidade. As principais missas serão realizadas na Esplanada dos Ministérios, em um altar montado especialmente para os quatro dias de evento. Já as programações culturais terão como palco o Ginásio Nilson Nelson. A participação no evento é livre.
MEMÓRIA
Gesto ritual
A primeira missa de Brasília foi realizada em 3 de maio de 1957, no local onde hoje fica a Praça do Cruzeiro, atrás do Memorial JK (Eixo Monumental). A data foi escolhida pelo então presidente Juscelino Kubitschek por estar próxima do primeiro ritual católico, celebrado por frei Henrique de Coimbra em terras brasileiras, em 26 de abril de 1500, na Terra de Vera Cruz, primeiro nome que Pedro Álvares Cabral deu ao Brasil ; hoje, Santa Cruz de Cabrália, na Bahia. A praça que deu lugar à cerimônia fica no ponto mais alto da região, a 1172 metros acima do nível do mar. Um toldo de lona armado sobre um palco de madeira abrigou os fiéis que participaram do momento histórico. As bandeiras do Brasil e do Vaticano foram hasteadas em frente ao templo.
Flores holandesas
A Embaixada da Holanda presenteou Brasília com um canteiro de flores em comemoração ao cinquentenário da capital. Além de duas mil mudas de flores vermelhas, o presente também conta com três miniaturas de moinhos, que foram instalados na área verde em frente ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O presente foi entregue pelo embaixador da Holanda, Kees Rade, à primeira-dama do Distrito Federal, Karina Curi. ;Estamos muito felizes com o carinho. Brasília agradece o bom gosto da Holanda, um país que é amigo do Brasil e pelo qual temos muito respeito. É um presente para a cidade que será muito bem preservado e que sem dúvida se transformará em um ponto turístico da capital;, afirmou a primeira-dama. Para o embaixador holandês, a construção do canteiro é uma forma de homenagear o Brasil por meio de sua capital. ;Esses 50 anos são um momento muito especial, Brasília foi uma cidade construída do zero. Na Holanda, prezamos muito pela natureza. Por isso a homenagem;, destacou Rade. (Noelle Oliveira)