Jornal Correio Braziliense

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Paranormal será ouvida para investigação do crime da 113 Sul

Policiais que investigam o assassinato do casal Villela vão colher o depoimento de Rosa Maria Jaques, que colaborou com a delegada Martha Vargas - hoje afastada do caso e da 1ª DP - em outubro de 2009

Uma importante testemunha é esperada entre hoje e amanhã para prestar depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal sobre o crime da 113 Sul. A mulher misteriosa é a paranormal Rosa Maria Jaques, muito conhecida pelos trabalhos de clarividência, que já foi alvo inclusive de tese de doutorado na Universidade de Brasília (UnB) e participa de alguns estudos na instituição. Ela não mora em Brasília e vem de Porto Alegre convocada pela polícia, que enviou as passagens aéreas de ida e volta. A participação de Rosa nas investigações das mortes dos advogados José Guilherme Villela e Maria Carvalho Mendes Villela, além da empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva, começou em outubro passado, quando ela mesma se apresentou de forma voluntária como colaboradora.

Não é a primeira vez que Rosa Maria Jaques participa de investigações policiais. Já colaborou em casos de outros estados. Em Brasília, ela foi levada ao apartamento do casal Villela, assassinado a facadas, onde disse ter tido visões. Ela também teria guiado a polícia até a casa em Vicente Pires onde foram presos os três homens que chegaram a ser acusados do crime. A existência de uma paranormal no caso, revelada pela delegada Martha Vargas ; que esteve à frente das investigações nos três primeiros meses após o crime ;, chegou a ser questionada. O Correio localizou a paranormal. Por meio de um intermediário, ela confirmou que participou das investigações como colaboradora. Mas que estaria impedida, por orientação dos advogados, de falar com a imprensa. E que daria as devidas informações à polícia ainda nesta semana.

Rosa Maria, 60 anos, mãe de três filhos e avó de três netos, faz consultas individuais em que avalia e escolhe quem quer atender. Seu trabalho é reconhecido nacionalmente. Em alguns casos, diz sentir um chamado, uma missão a ser cumprida. É nessas situações em que ela mesma se apresenta às pessoas. A paranormalidade é focada de forma profissional. Ela também trabalha como consultora de empresas.

Rosa diz receber mensagens de pessoas mortas e enviar os recados. Chamou atenção de pesquisadores da UnB, no início da década de 1990. Fez previsões para 20 pessoas, que seriam acompanhadas por um período de tempo. Foram comprovadas as previsões feitas para 19 delas, com margem de 90% de acerto. Os pesquisadores perderam contato com a vigésima e não tiveram como saber o resultado. O estudo virou tesde de doutorado na UnB.

Foi em um sábado à tarde, no fim de outubro, que Rosa chegou à 1; DP (Asa Sul). Nesse período, ela estava em Brasília para participar de novos estudos na UnB. Foi quando diz ter sentido que deveria se apresentar à polícia de Brasília e oferecer ajuda. Nos Estados Unidos, a atuação da paranormais em investigações policiais não é incomum. Vários chegam a prestar serviço remunerado à polícia, fazendo parte de um quadro fixo de servidores. No Brasil ainda há polêmica sobre a atividade. Rosa Maria participou da primeira etapa das investigações conduzidas pela delegada Martha Vargas. O caso está hoje sob a responsabilidade da Coordenação de Crimes contra a Vida (Corvida), divisão da Polícia Civil especializada em homicídios.

Cláudio reafirma ter apanhado
Preso em novembro por suposto envolvimento no crime da 113 Sul e solto duas semanas depois, por falta de provas, o desempregado Cláudio José de Azevedo Brandão, 38 anos, voltou a prestar depoimento ontem, na Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida), encarregada do caso. Novamente, Cláudio acusou a equipe chefiada pela delegada Martha Vargas de torturá-lo para confessar a culpa, conforme havia dito em entrevista publicada pelo Correio.

O depoimento de Cláudio durou uma hora e meia. Ele chegou acompanhado de um advogado e da mulher Gláucia Souza, 37. O morador de Vicente Pires não conversou com a imprensa. ;Ela (a delegada Mabel de Faria) colocou tudo o que meu marido falou no papel;, disse Gláucia. A Corregedoria da Polícia Civil também deve apurar a denúncia de tortura. Além de Cláudio, Alex Peterson Soares, outro suspeito detido durante as investigações da 1; DP, afirmou ter apanhado para assumir o envolvimento nos assassinatos dos Villela e da empregada deles.