postado em 06/05/2010 11:06
A cesta básica no Distrito Federal alcançou em abril o maior valor desde o início da pesquisa (1) realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 1985. O preço médio dos 13 itens essenciais na mesa do brasileiro aumentou R$ 1,35, chegando a R$ 237,76, o que representa 50,67% do valor líquido do salário mínimo (R$ 510). Das 17 capitais analisadas, apenas em Goiânia houve redução no preço da cesta (veja ranking nacional). A variação positiva de 0,57% no DF foi a menor entre as demais cidades, que registraram alta no conjunto de produtos básicos.No mês passado, o saco de feijão subiu 8,25%, ficou R$ 1,08 mais caro e se consagrou o principal vilão. Os outros aumentos provocaram impactos menores do que R$ 1 no valor total da cesta, com destaque para a banana (3,02%), o leite (1,33%), o tomate (1,19%) e a carne (0,96%). Entre os itens que apresentaram recuos significativos estão o arroz (-4,46%), a batata (-4,46%), o óleo (-4,17%) e o açúcar (-3,70%).
Para comprar os 13 itens da cesta, o morador do DF remunerado com um salário mínimo precisou dedicar 102 horas e 34 minutos da jornada de abril. Uma família com dois adultos e dois filhos ; considerando que as crianças consomem o equivalente a um adulto ; gastou R$ 713,28 com os itens básicos da alimentação, ou seja, cerca de 1,4 salário mínimo.
Quando se leva em conta a variação no acumulado do ano, a cesta no DF subiu 6,99%. Os maiores aumentos nesse primeiro quadrimestre foram o do tomate (38, 21%), da batata (27,12%) e do açúcar (23,28%). Na outra ponta do ranking desse período, aparecem o óleo e a farinha de trigo, com variações negativas de 10,85% e 10,33%, respectivamente. Os demais produtos variaram abaixo de 10%, para mais ou para menos.
Acima da inflação
Em relação a abril do ano passado, a compra dos itens essenciais custou 7,5% a mais para o morador do DF. Na análise dos preços, nos últimos 12 meses, pesaram no bolso o açúcar (62,5%), a batata (47,06%), o tomate (32,81%) e a banana (20,59%). Apesar de ter sido o vilão de abril, o feijão ajudou a segurar uma alta ainda maior da cesta no último ano: recuou, no período, 18,6%. A farinha de trigo ficou 15,11% mais barata.
A capital federal aparece em nono lugar no ranking da cesta básica mais cara do país em abril. A psicóloga Regina Cohen, 59 anos, se assustou com o preço do feijão, o vilão do mês. ;Em janeiro, não pagava nem R$ 2 pelo saco. Agora o encontro até de R$ 4,50;, comparou ontem, enquanto enchia o carrinho em um sacolão da Asa Sul. ;Tudo está mais caro, estou horrorizada;, comentou ela, que gastou R$ 600 nas compras para duas pessoas.
O supervisor do Dieese em Brasília, Clóvis Scherer, lembra que depois de uma trajetória de estabilidade, em 2009, o preço da cesta saltou nos últimos dois meses no DF. Em março, a alta ficou em 9%. ;Há uma tendência generalizada de aumento nos preços da alimentação, por conta, principalmente, das variações climáticas;, observou. Com a chegada do inverno, não se espera queda no custo total dos itens essenciais.
A maior alta desde o início da séria histórica do Dieese não preocupa Scherer. Ele sustenta que o valor absoluto deve ser analisado levando em conta que a renda familiar e o salário mínimo também tiveram aumento nesse período. ;O problema é que a inflação dos alimentos castiga muito as camadas mais populares, que consomem a maior parte do orçamento com esses itens;, ponderou.
1 - Estudo
O Dieese acompanha a evolução dos preços dos 13 itens da cesta básica em 17 capitais. Os resultados são divulgados mensalmente, com base em dados coletados em supermercados, feiras, açougues e padarias. A análise é feita com as marcas com maior oferta.