Ana Maria Campos
postado em 09/05/2010 10:09
Depois de confirmar a aliança com Jofran Frejat (PR) como vice na chapa ao Governo do Distrito Federal, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) trabalha agora para definir quais serão os dois políticos que apoiará na corrida ao Senado. A prioridade de Roriz é uma composição com o PSDB, que abra espaço para a candidatura da tucana Maria de Lourdes Abadia. Mas há outras possibilidades. O DEM, agora sem José Roberto Arruda e Paulo Octávio, tem sido cortejado, assim como o PP. Também há uma negociação em curso com o senador Gim Argello, presidente regional do PTB, que permitiria ao herdeiro do mandato de Roriz tentar renovar a permanência no Senado quatro anos antes do previsto.O mandato de Gim Argello termina apenas em fevereiro de 2015, quando tomará posse um candidato a ser eleito em outubro de 2014, numa disputa bem mais acirrada do que agora, quando haverá renovação de dois terços das cadeiras. Roriz e Gim têm conversado sobre o assunto. Se o petebista for eleito agora, o segundo suplente da chapa eleita em 2006, Marcos Almeida (PMDB), tesoureiro das campanhas de Roriz, assumiria o gabinete pelos próximos quatro anos. Mas o ex-governador tem dificuldades para fechar a composição dos sonhos de Gim e transformá-lo na prioridade ao Senado. Em um partido nanico, o PSC, Roriz precisa construir um arco de alianças para assegurar à candidatura tempo de televisão . Dessa forma, ele tenta atrair para o seu lado uma legenda com grande representação no Congresso.
Um emissário de Roriz esteve com o deputado Alberto Fraga e com o senador Adelmir Santana, ambos do DEM, para lhes oferecer uma parceria. Presidente regional do DEM, escolhido na intervenção nacional, Adelmir sempre trabalhou para se tornar candidato à reeleição. Mas Fraga também tem se articulado nacionalmente para disputar um cargo majoritário. Na conversa, Fraga disse ao interlocutor que sua prioridade é concorrer ao GDF em outubro, mas não está fechado a negociações. ;Não estou dizendo nem que sim nem que não. Não posso fechar as portas. Mas a minha intenção é o governo;, disse Fraga.
Expurgo no DEM
A chapa dos sonhos de Roriz para o Senado teria um candidato do DEM e outro do PSDB. Para ter o DEM como parceiro, o grupo rorizista até preparou o discurso. Dirá que a parte da legenda contaminada pela Operação Caixa de Pandora já foi expurgada. A desvinculação das denúncias feitas por Durval Barbosa é uma das estratégias da campanha rorizista, que está umbilicalmente ligada à gênese da formação do suposto esquema montado no governo de José Roberto Arruda. Num cenário em que o DEM lance candidato ao Senado, dificilmente a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia aceitaria concorrer. Depois da derrota de 2006, para José Roberto Arruda, ela se recolheu e tem se mantido longe da corrida eleitoral. Por isso, segundo quem tem conversado com a tucana, Abadia teme entrar agora em uma disputa majoritária. Ela tem dito que prefere se candidatar a deputada federal, quadro mais realista no entendimento dela.
Roriz tem conversado com o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), e com o secretário-geral do partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira. Mas ainda não há uma aliança formalizada com a legenda, que terá o ex-governador de São Paulo José Serra como candidato à Presidência da República.
O deputado federal Robson Rodovalho (PP) é uma das opções de Roriz. Bispo da Igreja Sara Nossa Terra, Rodovalho puxaria os votos de evangélicos, uma parcela do eleitorado que o ex-governador considera fundamental para vencer a eleição. Roriz já tem interlocutores nesse segmento, como o Pastor Vilarindo, da Igreja Batista. Mesmo assim, ele tem conversado com o presidente regional do PP, deputado distrital Benedito Domingos. Nas últimas semanas, rorizistas não têm descartado, nem mesmo, uma nova parceria com o PMDB, caso o PT decida não aceitar o deputado Tadeu
Filippelli, presidente regional do partido, como candidato a vice na chapa encabeçada pelo petista Agnelo Queiroz.
Propaganda eleitoral
De acordo com a legislação eleitoral, o tempo de televisão
a que um candidato tem direito na campanha é parcialmente calculado com base no tamanho da representação
do apoio dele na Câmara dos Deputados. As duas maiores bancadas são: PMDB e PT. PSDB e DEM vêm em seguida. Dois terços do tempo são calculados com esse critério.
O restante é dividido pelas legendas que concorrem à eleição
PSB e PDT com Agnelo
Se depender da direção nacional do PT e da coordenação de campanha da candidata à Presidência da República Dilma Rousseff, a chapa encabeçada por Agnelo Queiroz (PT) na disputa ao Governo do Distrito Federal apostará no senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e no deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) para a corrida ao Senado. Os arranjos para essa aliança agradam Agnelo e também facilitam os entendimentos nacionais com PDT e PSB, aliados importantes de Dilma. A candidatura de Rollemberg ganhou força com o recuo do PSB no lançamento de Ciro Gomes (PSB-SP) como concorrente à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na semana passada, as direções nacionais do PT e PSB voltaram a tratar do assunto, depois do sepultamento das pretensões de Ciro. A fatura foi colocada na mesa. O discurso foi de que o PT precisa dar demonstrações de companheirismo nos estados como retribuição ao gesto da direção nacional do PSB, articulado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A candidatura de Rollemberg, líder do PSB na Câmara, é uma das apostas nacionais do partido. Da mesma forma, o PDT tem crédito. Na avaliação de pedetistas, uma possível candidatura do distrital José Antônio Reguffe (PDT) ao GDF tiraria votos de Agnelo Queiroz. A corrida solo chegou a ser ensaiada, mas foi abortada pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que comanda o PDT nacionalmente.
Lupi é o avalista do acordo que levou à aliança em torno do projeto de reeleição do senador Cristovam Buarque, com o apoio dos petistas. O problema é o diretório regional do PT, que ainda precisa confirmar os planos nacionais. Não há na legenda uma definição sobre esse assunto, que deverá ser tratado nos encontros regionais nas próximas semanas. Algumas tendências não abrem mão de lançar um candidato do PT ao Senado. Nesse caso, o nome mais forte para a disputa é o deputado Geraldo Magela. (AMC)
Na disputa
Adelmir Santana (DEM)
Presidente do DEM, Adelmir, que herdou o mandato de Paulo Octávio em 2007, trabalha com o apoio da direção nacional do partido para se candidatar a um novo mandato de senador
Maria de Lourdes Abadia (PSDB)
É o nome preferido de Joaquim Roriz, tem o apoio da direção nacional do PSDB, mas resiste em entrar em nova disputa majoritária. Em 2006, ela perdeu as eleições para o governo do DF e passou quatro anos fora da política
Robson Rodovalho (PP)
Bispo da Igreja Sara Nossa Terra, Rodovalho saiu do DEM com a pretensão de buscar uma aliança que lhe garantisse a candidatura ao Senado. Tem agora uma oportunidade, ao lado de Roriz
Gim Argello (PTB)
Suplente de Joaquim Roriz, que renunciou em 2007, Gim tem mandato até 2015, mas quer se eleger com voto popular em 2010, em que há duas vagas, e garantir mais oito anos no Senado
Alberto Fraga (DEM)
Antes da crise da Caixa de Pandora, Fraga tinha como meta concorrer ao Senado. Com a derrocada do grupo arrudista, ele passou a buscar candidatura ao GDF. Mas poderá retornar ao plano original.
Rodrigo Rollemberg (PSB)
É um dos nomes cotados para a chapa de Agnelo Queiroz. Ele acredita que a esquerda do DF tem condições de eleger dois senadores. Conta com o apoio das direções nacionais do PT e do PSB
Cristovam Buarque (PDT)
Um acordo avalizado pelo comando nacional do PDT sacramentou a aliança com o PT. Cristovam está em primeiro lugar nas pesquisas. Defende uma dobradinha com Rollemberg ao Senado e não com um petista
Geraldo Magela (PT)
O diretório regional precisa decidir se entregará aos aliados as duas candidaturas ao Senado.
Se o PT, por maioria, resolver manter uma das vagas, Magela será o candidato