postado em 10/05/2010 08:09
Apesar da indefinição em torno da greve na Universidade de Brasília (UnB), está mantido o calendário para o segundo vestibular de 2010. A partir de hoje, os candidatos podem se inscrever para participar do processo de seleção. A instituição cogitou a possibilidade de adiar as provas, mas decidiu manter o cronograma. As provas serão aplicadas em 19 e 20 de junho.Desta vez, a universidade terá três novas opções de cursos de graduação no câmpus Darcy Ribeiro: turismo (diurno), filosofia (noturno) e gestão do agronegócio (noturno). Serão oferecidas, ao todo, 3.958 vagas, 176 a mais do que no último vestibular. ;Não há chance alguma de o vestibular ser alterado por conta da greve, as provas serão realizadas;, disse o assessor do reitor, Paulo Cesar Marques.
Professores e servidores da universidade cruzaram os braços em 9 de março, no dia seguinte ao início do semestre letivo. Eles protestam contra o corte nos salários, por conta da polêmica que envolve a chamada Unidade de Referência de Preços (leia Entenda o caso). Em assembleia marcada para hoje, os docentes decidirão se continuam ou não a paralisação.
O assessor do reitor quis deixar claro que, ao manter o calendário do vestibular, a universidade não ignora a existência da greve. ;Não é que estamos desrespeitando o movimento. A greve existe, mas tomamos a decisão pensando também no calendário de outras universidade e no do próprio ensino médio nas escolas;, argumentou Marques.
A única ressalva feita pelo assessor do reitor diz respeito ao calendário pós-vestibular. Ele adiantou que, certamente, haverá atraso no registro da matrícula dos aprovados. ;Quem passar precisará de paciência. Com a greve, o semestre pode ser adiado e isso compromete o registro;, comentou. Geralmente, a matrícula ocorre na semana seguinte à divulgação da lista de aprovados.
Novidades
Os candidatos a uma vaga na UnB terão até o dia 30 deste mês para se inscrever no segundo vestibular do ano, somente pelo site do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe/UnB), organizador do processo seletivo. Ao todo, nos quatro câmpus (Plano Piloto, Planaltina, Ceilândia e Gama), há vagas para 92 cursos de graduação.
Além dos três novos cursos, o vestibular terá outras novidades. A nota de corte da prova de redação passará a ser de quatro pontos, e não mais de três, como anteriormente. Também haverá mudanças nos tipos de itens. No segundo processo de seleção do ano, serão inaugurados os itens do tipo C, ou seja, de múltipla escolha, em que apenas uma das alternativas é a correta.
Os itens dos tipos A e B já são cobrados habitualmente na seleção da UnB. Nas questão de tipo A, o candidato precisa assinalar se a afirmação é certa ou errada. Nas questões de tipo B, é apresentada uma situação-problema, em que o vestibulando deve apontar a resposta correta, representada por um número inteiro, que varia entre 000 e 999.
Quem não concluiu o ensino médio poderá fazer as provas como teste. Pagarão uma taxa de R$ 60, R$ 20 a menos que os candidatos tradicionais. As regras são as mesmas nos dois casos. Para os treineiros, no entanto, será fornecido espelho de desempenho individual com a pontuação, mas os resultados obtidos não poderão ser usados para ingresso na universidade.
Os candidatos que têm interesse em cursar arquitetura e urbanismo, artes cênicas (bacharelado/licenciatura), artes plásticas (bacharelado/licenciatura), desenho industrial (bacharelado), educação artística ; música (licenciatura), música (bacharelado) e música (licenciatura) deverão passar por uma certificação de habilidade específica.
Esses vestibulandos podem indicar uma segunda opção de curso, para continuarem no processo mesmo não sendo aprovados na certificação. O edital completo sobre as provas de habilidade específica está disponível no endereço eletrônico www.cespe.unb.br/1he2010.
ENTENDA O CASO
Greve duradoura
A Unidade de Referência de Preços (URP) foi criada por lei em 1987 como forma de ressarcir prejuízos causados pela inflação a professores e funcionários da Universidade de Brasília (UnB). Dois anos depois, uma nova lei suspendeu o pagamento, mas os funcionários da UnB entraram com ações na Justiça do Trabalho para manter o benefício. Em 1991, com base no princípio da autonomia universitária, o reitor à época estendeu a URP a todos os contratados na universidade. O Ministério da Educação (MEC) foi contrário à atitude, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a decisão do reitor. A URP continuou sendo paga a todos os servidores da instituição até que, em 2005, o Tribunal de Contas da União (TCU) deixou de homologar os pedidos de aposentadorias dos professores e servidores que a recebiam. Em setembro de 2009, seguindo nova determinação do TCU, o reitor da universidade, José Geraldo de Sousa Junior, decidiu alterar o cálculo salarial dos funcionários ; ou seja, retirar o benefício de 26,05% dos salários de mais de 4 mil funcionários. O segundo semestre letivo de 2009 foi encerrado em clima de paralisação. E, neste ano, os alunos tiveram dois dias de aula, quando professores e servidores decidiram fazer nova reivindicação contra a diminuição dos salários.