postado em 14/05/2010 08:44
Três estilistas de Brasília estão prontos para desembarcar no Fashion Business, no fim do mês, no Rio de Janeiro. Ao escancararem a produção local nas passarelas e nos estandes montados na Marina da Glória, querem mais do que vitrine, fechar negócios com investidores nacionais e internacionais. Estima-se que, a partir do encontro, surjam demandas capazes de movimentar R$ 435 milhões no mercado da moda nacional e US$ 17,1 milhões em exportações. As marcas brasilienses pretendem abocanhar parte desses montantes.A grife mais antiga do trio escolhido para representar a capital do país em um dos eventos de moda mais importantes das Américas tem quatro anos. Stefania Rosa e Raphael Rocha vão encarar a sexta e a terceira participação no evento, respectivamente. Akihito Hira será o estreante. ;São nomes novos, mas que nasceram prontos para colocar o pé fora do Distrito Federal;, comenta o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do DF (Sindiveste-DF), Márcio Franca.
Cerca de 30 visitantes de países como Suíça, Grécia, Portugal, Espanha, França e Alemanha circularão pelos corredores do evento de olho em produtos que tragam inovação tecnológica e criatividade. A coordenadora do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Roberta Lima, não tem dúvida de que as marcas candangas vão se sobressair. ;Elas já possuem estilo próprio, isso conta muito no mercado internacional;, diz.
Akihito Hira, estilista paulista, 31 anos, há 10 instalado em Brasília, está ansioso pela estreia fora da cidade. A marca própria tem dois anos e, logo no início, nos eventos locais, despertou o interesse de investidores canadenses, venezuelanos, espanhóis e bolivianos. ;Na época, não tínhamos estrutura. Agora podemos voltar a conversar;, avisa ele, que apresentará, no Rio, uma coleção inédita inspirada em trabalhadores de salinas. O desfile contará com 14 combinações diferentes. ;É a nossa estreia e vamos sentir o clima. Mas, claro, estaremos abertos aos negócios;, acrescenta.
Veterana no Fashion Business, Stefania Rosa vive a expectativa de mais três minutos de desfile. ;O retorno sempre surpreende. Mesmo que não resulte em negócios, projeta a marca para o país inteiro;, afirma a também paulista, 31 anos, que há sete descobriu o mercado de Brasília. No fim do mês, lançará, no Rio, uma sofisticada coleção para mulheres acima de 30 anos, produzida no Polo de Modas do Guará(1).
As duas participações anteriores no Fashion Business rendeu ao estilista Raphael Rocha, brasiliense, 34 anos, encomendas nacionais e para o Japão. Por não ter, na época, tanta estrutura, ainda se viu obrigado a recusar pedidos de compradores da Grécia e dos Estados Unidos. Pela terceira vez no evento, não recusará negócios com quem se encantar pelas bolsas e outros acessórios feitos com papel de revista e celofane. ;Temos o nosso diferencial;, afirma Rocha.
Para Márcio Franca, do Sindiveste-DF, os três profissionais servirão de exemplo para o setor em Brasília, que prevê um faturamento de R$ 500 milhões este ano. Certo de um bom retorno financeiro, Raphael Rocha dá o tom do que espera do evento: ;Não queremos status, queremos business. O que mantém uma marca são os negócios, não o glamour;.
1 - Ponto de empresas
O Polo de Modas do Guará II reúne pelo menos 200 empresas de confecção, que empregam mais de mil pessoas e injetam cerca de R$ 10 milhões na economia do DF por ano. As obras do projeto elaborado pelo GDF começaram em 2004, mas o lugar só se concretizou dois anos depois.
Os estilistas
;É a nossa estreia e vamos sentir o clima. Mas, claro, estaremos abertos aos negócios;
Akihito Hira
;Não queremos status, queremos business. O que mantém uma marca são os negócios, não o glamour;
Raphael Rocha
;O retorno sempre surpreende. Mesmo que não resulte em negócios, projeta a marca para o país inteiro;
Stefania Rosa
Grifes candangas
Stefania Rosa (moda feminina)
Local do ateliê: Polo de Modas do Guará
Tempo da marca: 4 anos
A mais veterana marca brasiliense no evento vai desfilar e expor 14 looks de uma coleção inspirada em dobraduras de origami e formas orgânicas.
Raphael Rocha (acessórios de moda)
Local do ateliê: Lago Norte
Tempo da marca: 3 anos
Na terceira participação no evento, vai expor bolsas, cintos e outros acessórios com caráter artesanal, feitos, por exemplo, com papel de revista e celofane.
Akihito Hira (alfaiataria masculina)
Local do ateliê: Asa Norte
Tempo da marca: 2 anos
Estreante no evento, vai desfilar e expor uma coleção inspirada nos trabalhadores de salinas. Serão 14 looks, produzidos com material natural ; algodão, linha e seda.
O que elas querem
Conhecer preços e estratégias dos concorrentes nacionais
Divulgar o potencial criativo do mercado de Brasília
Fortalecer a marca no Brasil e no exterior
Aumentar as vendas e o número de clientes
Fechar parcerias para diversificar a produção
Para saber mais
Encontro de negócios
A 16; edição do Fashion Business reunirá representantes do mercado brasileiro da moda no Rio de Janeiro, entre os dias 18 e 21 deste mês. O evento, que desta vez apresentará as tendências da coleção Primavera-Verão 2010/2011, é considerado o maior encontro de negócios do setor nas Américas. Na primeira edição do ano, em janeiro, movimentou R$ 413 milhões em vendas para o mercado nacional e US$ 16 milhões em exportações.
Nos quatro dias de evento, a expectativa é que o volume de vendas internas cresça 5% e o desempenho das exportações tenha um crescimento de 7%. São esperados cerca de 46 mil visitantes, aumento de 10% em relação à edição anterior.
Além das exposições, palestras e desfiles em um espaço de 14 mil metros quadrados montado na Marina da Glória, modelos vão desfilar em pontos históricos da capital fluminense, como o Copacabana Palace, o Jardim Botânico e o Palácio do Itamaraty. O evento recebeu R$ 8,5 milhões de investimento e criou 5 mil empregos diretos e indiretos.