Cidades

R$ 2 milhões liberados pelo GDF para o Passe Livre devem acabar amanhã

E sem atender toda a demanda

postado em 16/05/2010 08:49
A corrida dos estudantes para recarregar os cartões do Passe Livre começou cedo nos postos da Empresa Fácil Transporte Integrado, gestora do programa. Ontem, em Taguatinga, uma fila quilométrica se formou antes das 8h. Apesar do movimento, o tempo médio de espera foi de 30 minutos. Já as unidades localizadas no centro da capital amanheceram sem filas.

Em Taguatinga, o movimento começou antes das 8h: alunos estavam sem créditos havia mais de uma semanaOntem, 33% ; ou R$ 660 mil ; dos R$ 2 milhões liberados pelo Governo do Distrito Federal (GDF) já tinham sido repassados aos cartões de cerca de 6,9 mil alunos cadastrados. O valor supera a média diária de crédito, algo em torno de R$ 500 mil. Atualmente, o benefício é estendido a 132 mil pessoas. O governo repassou a verba em caráter emergencial à Fácil porque os estudantes estavam sem créditos havia mais de uma semana. Os postos da empresa continuam abertos hoje (leia quadro).

A expectativa do gerente da Fácil, Júlio Antunes, é que o dinheiro seja inteiramente distribuído até amanhã ; e isso não quer dizer que todos os usuários do sistema serão contemplados. Para dar conta da tarefa, a empresa convocou os 96 atendentes para o trabalho neste fim de semana. A dona de casa Elisa Cavalcante de Oliveira, 38 anos, saiu de casa, em Samambaia Sul, preparada para passar o dia todo no posto da Fácil, em Taguatinga. ;Quando soube que o dinheiro tinha sido liberado, corri para carregar os cartões das minhas filhas. A gente vê que sempre dá confusão. Mas até que o atendimento foi rápido;, comemora.

Contudo, também houve quem enfrentasse problemas. Ao chegar ao guichê de atendimento, a dona de casa Maria Lúcia Ferreira da Silva, 40 anos, foi informada que o cartão de um dos seus dois filhos será bloqueado. O benefício será cortado porque o cartão também foi usado para pagar passagens do metrô, o que não é permitido. Ainda assim, o cartão foi recarregado ontem. ;Não sabia que não poderia usar o cartão para os dois tipos de transporte. Quando fiz o cadastro na Fácil, não me passaram essa informação;, acusa.

Do próprio bolso
Segundo ela, como os filhos estudam perto de casa, em Ceilândia, só utilizam o Passe Livre para ir às aulas de inglês no Centro Interescolar de Línguas (CIL), na 908 Sul. ;Por conta do trânsito, é melhor ir de metrô. Ainda assim, ganho R$ 132 de crédito para cada, para irem ao curso duas vezes por semana. Nem utilizo tudo por mês, mas me disseram que o governo não recebe o dinheiro de volta para repassar o benefício para quem precisa.;

Diferentemente de Maria Lúcia, a merendeira Kátia Rita dos Santos, 38 anos, não consegue o custo integral da passagem do transporte para os dois filhos. Ela mora em Arniqueiras e as crianças estudam no Riacho Fundo II. Para chegar à escola, os meninos precisam pegar duas conduções. ;Eles recebem do governo só a passagem do circular, que é R$ 2. A outra, que custa R$ 3, sai do meu próprio bolso;, lamenta. ;Desde o último dia 6, estou eu mesma pagando as passagens. Em abril foi a mesma coisa.;

Ontem, Kátia conseguiu carregar o cartão dos filhos. Sem o Passe Livre, ela gasta R$ 10 por dia com cada criança. ;Fica inviável, mas não tem como deixá-las sem ir à aula. O jeito é pedir ajuda para minha mãe;, contou.

Postos de atendimento
Setor Comercial Sul
Ed. Palácio do Comércio, Q. 2, Bl. B, Térreo, salas 1 e 2

Setor de Diversões Sul
Conic ; SDS Bl. A, Centro Comercial Boulevard, Lj. 1A, 1; subsolo

Gama
Terminal Rodoviário do Setor Central do Gama, Ljs. 22 a 25

Sobradinho
Quadra Central, Bl. K, Ed. Varandas Shopping, Ljs. 18 a 21 (próximo à Feira Modelo)

Taguatinga
C10, Lt. 15, Lj. 1, Taguatinga Centro (em frente à entrada do Colégio EIT)

Hoje, em todos os locais, o horário de serviço é das 8h às 17h.

Entenda o caso
Parceria questionada
Desde que o programa do Passe Livre entrou em vigor, no início do ano letivo, estudantes do Distrito Federal vivem sufoco para poder gozar do benefício. O dinheiro repassado pelo GDF à empresa Fácil, gestora do programa, não tem sido suficiente para atender toda a demanda. Diante do aumento de gastos, o governo enviou na quinta-feira projeto de lei à Câmara Legislativa para limitar o benefício a estudantes com renda familiar de até três salários mínimos (R$ 1.530). No dia seguinte, anunciou o cancelamento de 7 mil cadastros irregulares. Além disso, o governador Rogério Rosso (PMDB) determinou à Corregedoria do DF e ao DFTrans que fizessem uma ampla auditoria nos cadastros, sistemas e processos do programa. O Ministério Público e o Tribunal de Contas discordam da parceria sem licitação feita entre a Fácil e a Secretaria de Transporte. O governo pretende reassumir o controle dos cadastros dos beneficiários e encerrar o convênio com a Fácil ; controlada pelos donos das empresas de ônibus que operam no DF. Entre eles, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Público, Wagner Canhedo Filho.

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