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Casos de dengue cresceram 2.593% no DF em 2010

Moradora do Paranoá e homem que vivia na Asa Norte engrossam as estatísticas da

postado em 19/05/2010 07:52

A Secretaria de Saúde confirmou, ontem, mais dois casos de morte em decorrência da dengue no DF. No boletim epidemiológico, divulgado pelo órgão sempre às terças-feiras, foram incluídos os nomes de Daisi Ferreira Figueiredo, 32 anos, moradora do Paranoá, e de Carlos Lindberg Tolentino, 56 anos, que vivia na Asa Norte. Os dois casos foram divulgados pelo Correio, quando ainda não havia confirmação da causa das mortes. Agora, já são cinco mortes provocadas pelo mosquito Aedes aegypti este ano. Três casos suspeitos ainda estão sendo investigados.

No Lago Sul, Raimundo Albuquerque de Pinho e a neta Luana foram contaminados,mas, agora, passam bemDaisi Ferreira Figueiredo, cujo caso foi classificado como síndrome do choque da dengue, um quadro mais grave que a forma hemorrágica, foi internada em 12 de maio no Hospital Planalto, localizado na 914 Sul. Dias antes, ela teve febre e sentiu dores nos rins, mas os sintomas não chegaram a alarmá-la. Na quarta-feira em que foi internada, ela foi à faculdade, mas, como não estava conseguindo suportar a dor, tomou um ônibus em direção ao Setor Hospitalar Sul. No ponto de ônibus, sentiu-se mal e quase não conseguiu andar até o hospital. As dores nos rins e na cabeça, além da febre, se intensificaram. Após ser atendida, ela foi levada diretamente à Unidade de Tratamento intensivo (UTI).

O plano de saúde da jovem, no entanto, cobre apenas os primeiros-socorros e a família de Daisi precisaria pagar pela internação. O quadro era considerado instável pelos médicos, que descartaram a hipótese de uma transferência. O pai de Daisi, Pedro Ferreira, 68 anos, foi chamado ao hospital para assinar uma nota promissória e garantir o atendimento. ;O médico disse que ia encaminhar os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS), que não ia deixá-la morrer à míngua;, explica. Mas o cuidado não foi suficiente para evitar a tragédia. A jovem morreu por volta de 23h30 do mesmo dia. Duas horas depois, saiu o resultado do exame que revelou a causa: dengue hemorrágica. Numa visita posterior ao hospital, o pai foi avisado de que deveria arcar com a internação, orçada em R$ 4.354, 20. ;As despesas não seriam encaminhadas para o SUS? Todas as economias da família já se esgotaram nos gastos com o cemitério e com o funeral;, relata o noivo de Daisi, o empresário Jean Carlos Santos, 33 anos.

A administração do Hospital Planalto revela que as unidades privadas de saúde não podem aceitar pacientes sem convênio e depois encaminhar a conta para o sistema público. Algumas clínicas particulares oferecem serviços específicos que podem ser estendidos a usuários do sistema público, mas esse não era o caso de Daisi. Pacientes sem plano de saúde que precisam de leitos em instituições particulares devem apresentar o laudo médico à Defensoria Pública do Distrito Federal. O caso, em seguida, é analisado pelo Centro de Regulação de Leitos da Secretaria de Saúde.

Complicação
Já Carlos Lindberg Tolentino foi citado no relatório como vítima de dengue com complicação. A Secretaria de Saúde, no entanto, não informou qual doença agravou a saúde do homem ou se a enfermidade foi agravada pelas manifestações da dengue. Ele morreu em 1; de maio, no Hospital Prontonorte. Três dias antes, Tolentino procurou a unidade reclamando ter os sintomas clássicos da doença: fraqueza nas pernas e dificuldade para respirar. Foi medicado e liberado, mas como o mal-estar persistiu, ele foi internado no dia seguinte, mas não resistiu.

Na QI 25 do Lago Sul, nenhum caso mais grave da doença foi registrado, mas os moradores não estão livres da dengue. ;São 20 casas na rua e, desde abril, ficamos sabendo de 16 novos casos;, revela a servidora pública Fernanda Cury, 28 anos. Na casa dela, todos os cinco moradores manifestaram os sintomas. Segundo a servidora, a vigilância ambiental chegou a fazer o controle da doença e aplicou fumacê em duas ocasiões, mas, passados alguns dias, as ocorrências de contaminação pelo mosquito voltaram a surgir.

Algumas casas à frente da residência de Fernanda, o aposentado Raimundo Albuquerque de Pinho, 79 anos, ainda se recupera da doença. Dezenove dias depois dos primeiros sinas, ele afirma que a febre e a dor de cabeça passaram, mas a sensação de fraqueza persiste. Raimundo também não foi o único a precisar de medicamentos e de repouso: duas filhas, uma nora, a empregada da casa e até mesmo a neta de oito anos, Luana Albuquerque, também contraíram a dengue. ;Ela chorava, reclamava muito dos sintomas;, revela o avô. A suspeita é que a série de contaminações tenha começado em um restaurante arborizado da Asa Norte. ;Quando soube que a Vila Planalto enfrentava a uma epidemia grave, deixei de frequentar os restaurantes de lá;, comenta.

Segundo o diretor de Vigilância Ambiental, Laurício Monteiro Cruz, todos os locais suspeitos de serem focos devem ser vistoriados pelo órgão. ;Atuamos em, no máximo, 72 horas, mas nosso objetivo é vistoriar o local em até 24 horas;, explica. Para solicitar uma vistoria, é preciso ligar para 3341-1682.

De janeiro a maio, o DF teve 7.564 casos confirmados de dengue. No mesmo período do ano passado, foram 266, número 2.593% menor do que o atual. Na última semana, 44 novos casos foram constatados. A cidade de Planaltina(1) continua sendo a que mais preocupa as autoridades, com 2.625 casos. ;Além de a cidade ser muito grande, a população tem hábitos que permitem a proliferação do mosquito, como o armazenamento de água da chuva em recipientes destampados;, explica Monteiro Cruz.

1 - Convênio renovado
A Diretoria de Vigilância Ambiental pretende privilegiar a cidade nas ações de combate à dengue. O convênio entre o GDF e o Ministério da Defesa foi renovado e 150 militares continuarão atuando no controle da doença até a segunda quinzena de julho. Nas duas próximas semanas, 100 militares estarão em Planaltina, 25 no Lago Norte e Asa Norte e mais 25 no Riacho Fundo. Vinte e cinco bombeiros foram treinados e atuarão no Gama, em Ceilândia e em Taguatinga.

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