Cidades

Protesto silencioso por ciclistas mortos no trânsito

A primeira edição do Pedal do Silêncio ocorreu em Dallas, no Texas, em 16 de maio de 2003. O movimento surgiu em homenagem ao ciclista de resistência Larry Schwartz, morto em um acidente com um ônibus. O Pedal do Silêncio prevê um passeio silencioso por alguns quilômetros da cidade, em que os ciclistas trajam uma camiseta branca e uma faixa preta em algum dos braços

Adriana Bernardes
postado em 20/05/2010 07:00
Os ciclistas mortos no trânsito serão lembrados nesta quinta-feira, em um passeio ciclístico pelas ruas de Brasília. O movimento batizado como Pedal do Silêncio é uma homenagem às vítimas e um protesto por condições mais seguras para quem faz da bicicleta um meio de transporte ou de lazer. Nos últimos 14 anos, 723 deles perderam a vida nas vias do Distrito Federal, 41 só no ano passado.

A concentração vai ser na Praça das Bicicletas do Museu Nacional, às 19h e a saída, as 19h30. O circuito será Esplanada dos Ministérios. Quem aderir ao passeio deve vestir roupas brancas, levar velas e não pdoerá ultrapassar a velocidade de 20km/h. Os organizadores recomendam o uso de capacetes e de luvas. O Pedal do Silêncio ocorre simultaneamente em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro ,Vitória e Brasília, sendo que na capital federal é a 2; edição.

Um dos organizadores do evento é Renato Zerbinato, da Sociedade das Bicicletas. Ele diz que no DF quem usa a bicicleta para o lazer não tem tantas dificuldades. "Tem o Parque da Cidade e o Eixão aos domingos e feriados. Mas quem trabalha, enfrenta muitos problemas. Faltam ciclovias. Onde tem, o motorista desrespeita e algumas são mal sinalizadas", critica.

Avanços

No papel, o governo do Distrito Federal tem projeto para construir 600km de ciclovia. Na prática, os ciclistas do DF têm apenas 42km de percurso seguro. Inicialmente, a proposta lançada em 2007 tinha como meta entregar as obras até dezembro de 2010. Mas a sete meses do fim do ano, o governo comemora a possibilidade de superar a malha do Rio de Janeiro, que hoje conta com 160km de ciclovias.

Mesmo a possibilidade de entregar apenas 26% do projeto total, Leonardo Firme, gerente de projeto do Pedala DF, da Secretaria de Transportes considera um avanço. "Em 2007 o DF não tinha nenhuma ciclovia e ela tornou-se prioridade. Tivemos que rever as nossas metas em função dos problemas enfrentados pelo governo. Mas se conseguirmos superar a malha do Rio, Brasília terá a maior rede de ciclovias do país e será a capital nacional da bicicleta".

Atualmente, todos os projetos de regularização urbana e construção de novas vias no Distrito Federal têm a previsão de faixas destinadas aos ciclistas. Leonardo Firme ressalta que o projeto contempla além da segurança do ciclista, a integração com todos os meios de transporte coletivo - ônibus, metrô e veículo leve sobre trilho. "Vamos reduzir o número de veículos nas vias, o congestionamento e a poluição. Além disso, uma pessoa ativa tem menos problemas cardíacos e obesidade. Bicicleta não é apenas um meio transporte, é saúde e respeito ao meio ambiente".

Educação

Até o fim de julho, o setor de Educação do Trânsito do Detran vai concluir um levantamento junto às empresas, especialmente da construção civil, para saber quantos funcionários usam a bicicleta como meio de transporte. Assim que esse mapeamento estiver pronto, o órgão começará uma campanha de educativa com foco no ciclista. Para isso, o Detran espera conseguir apoio das empresas que deverão abrias suas portas para que os educadores capacitem os funcionários sobre a maneira segura de conduzir a bicicleta nas vias.

O diretor de Educação de Trânsito, Marcelo Granja pretende começar os cursos com dicas de segurança para os trabalhadores no início do segundo semestre. "Ensinamos a forma segura de conduzir a bicicleta e a importância do uso dos equipamentos de segura como o retrovisor sem haste os adesivos refletivos traseiros e dianteiros. Precisamos de três dias e a palestra é feita na hora do almoço", explica Marcelo Granja.

Motoristas também serão orientados nas abordagens de ruas. Para não colocar o ciclista em risco, o condutor de veículos motorizado precisa respeitar a distância de 1,5mt das bicicletas ao fazer ultrapassagem ou passagem. "Quando passam muito perto, os veículos criam um vácuo que pode derrubar os ciclista. Vamos conscientizar a todos sobre o convívio cidadão e a correta circulação nas vias". As Ongs também serão chamadas para ajudar nos projetos.

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